sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Federação de trabalhadores se alia a empresa escravagista

Empresas que exploram mão-de-obra em condições de escravidão, ou análogas, ainda são uma triste realidade no Brasil. Isso acontece em todo o país, mas com maior contundência em rincões afastados dos centros urbanos, onde, muitas vezes, a lei da bala e da corrupção são as únicas em vigor.
O Ministério do Trabalho mantém um Grupo Móvel para tentar fiscalizar essas empresas e fazendas e tem feito um trabalho elogiável, libertando trabalhadores que vivem presos a contratos maliciosos, enganados pelo canto de sereia de aliciadores, os gatos, e que acabam trabalhando praticamente por comida e alojamento, sem carteira assinada e sem condições mínimas de segurança e higiene.
Em julho, o Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo encontrou 1.064 pessoas trabalhando em condições degradantes em uma fazenda em Ulianópolis, no Pará, de propriedade da Pagrisa - Pará Pastoril e Agrícola S.A. Maior produtora de álcool da região, a empresa negou as acusações e lançou em sua página na internet uma versão que dá a impressão de os trabalhadores estarem em uma colônia de férias na Suécia.
Entre a versão da Pagrisa e os fatos, no entanto, há um fosso coberto de histórias mal contadas. De acordo com o relatório da fiscalização foram encontrados alojamentos superlotados, esgoto a céu aberto, banheiros sem descarga, bebedouros que não funcionavam e indícios de que os empregados não utilizavam equipamentos de proteção durante o corte de cana-de-açúcar. Constatou também a exposição de trabalhadores a jornadas de 14 horas e transporte inadequado, com ônibus sem cadeiras entre outros diversos problemas. O Relatório sintético, de 43 páginas, aponta uma série de irregularidades, algumas inclusive atestadas pela própria empresa. “A respeito da qualidade das refeições, que teriam provocado infecções intestinais, a empresa informa que no mês de junho o ambulatório médico registrou 38 casos de sintomas de diarréia que poderiam estar relacionados à alimentação”, afirma texto da Pagrisa reproduzido pelo relatório.
Entre as repercussões, a BR Distribuidora, da Petrobrás, anunciou em julho o cancelamento das compras da Pagrisa como parte de sua política de não financiar empresas que exploram mão-de-obra análoga à condição de escravo.
O caso chegou ao Senado e foi alvo de gritaria de parlamentares do DEM e do PSDB, que acusaram os fiscais de extrapolar suas funções. Até aí, nada a estranhar, muitos senadores têm estreitas ligações com empresários da região, como é o caso do tucano Flexa Ribeiro, investigado pelo Tribunal Superior Federal por suspeitas de beneficiar empresas em licitações públicas. A reação dos senadores obrigou o Grupo Móvel a suspender suas atividades.

Apoio suspeito
O maior trunfo que a empresa utiliza a seu favor, no entanto, é um documento da Federação dos Trabalhadores Rurais do Pará, Fetagri, que afirma não ter conhecimento de trabalho escravo na propriedade da Pagrisa e que mantém boas relações com a empresa. “Queremos destacar que no município de Ulianópolis existe o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais que é filiado a esta Federação e mantém uma relação política estável e que o mesmo, até então, não havia recebido nenhuma denúncia a cerca [sic] de trabalho escravo, ou análogo”, afirma o documento da Federação.
Se o sindicato não tem conhecimento de nenhuma denúncia, deveria prestar mais atenção. Em agosto de 2006, uma blitz da Delegacia Regional do Trabalho do Pará, encontrou 118 trabalhadores vivendo em condições análogas à escravidão, nas fazendas São Marcos, Espírito Santo e São Romualdo, todas na região de Ulianópolis.
Antes disso, o jornal Folha de S.Paulo, de 13 de dezembro de 2001, noticiava inspeção feita pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara em sete carvoarias do Pará, onde foram encontrados 33 crianças e 160 adultos trabalhando em condições degradantes. As carvoarias se encontravam em Rondon do Pará, Dom Eliseu, Ulianópolis e Paragominas. E o sindicato nada sabia.
A afirmação da Federação também é contestada pelo senador José Nery (Psol-PA), presidente da Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo do Senado, que apresentou relatório na subcomissão mostrando que em 13 fiscalizações ocorridas na Pagrisa nos últimos oito anos, 11 constataram graves irregularidades.
Contra a Fetagri pesa, também, o fato de seu ex-presidente o atual deputado federal José Roberto de Oliveira Faro (PT-PA) ter sido preso pela Polícia Federal enquanto ocupava a presidência do Incra no Pará. Faro, e outros oito funcionários do Instituto, foram acusados de integrar uma quadrilha de grilagem de terras. Segundo a PF, o grupo teria facilitado a liberação de documentos para a concessão de 500 mil hectares de terras da União - área quase igual à do Distrito Federal. Procurado pela reportagem na tarde da sexta-feira, 28, ninguém atendeu telefone em seu gabinete em Brasília.
Segundo fontes no Senado, uma das razões para a postura da Fetagri e de alguns senadores seria o compromisso da Pagrisa com financiamento para candidatos nas eleições municipais do próximo ano. É esperar para conferir.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Fundacentro promove debate sobre nanociência e saúde dos trabalhadores

Nos dias 3 e 4 de outubro, a Fundacentro promove seminário que aborda os impactos da utilização da escala nanométrica sobre o ambiente e o trabalhador. O evento acontece no auditório da Fundação.
Capacidade potencial de manipular cada átomo e molécula no lugar desejado, compactar processadores de dados, criar competência para estruturar uma engenharia molecular são algumas definições que apresentam um pouco sobre nanotecnologia, ciência que especialistas afirmam ser o limiar de uma nova revolução industrial. No entanto ainda existem poucos estudos científicos sobre o assunto, em especial com relação à saúde da população e dos trabalhadores que maniputam com a tecnologia.
Serviço
O seminário “Nanotecnologia, saúde dos trabalhadores, alimentos e impactos à sociedade e ao meio ambiente”
Dias 3 e 4 de outubro, a partir das 8 horas
Auditório Edson Hatem da Fundacentro – rua Capote Valente nº 710, em Pinheiros, São Paulo.

Baixe livros gratuitamente

A Fundação Perseu Abramo (www.fpa.org.br) está disponibilizando para download 43 títulos de seu acervo. A Fundação tem se destacado por publicar livros que reflitam sobre a realidade brasileira e internacional sob a ótica do socialismo e das lutas populares.
Entre os livros que podem ser baixados encontram-se O Brasil Privatizado, de Aloysio Biondi, Economia Socialista, de Paul Singer e João Machado, Patriotas e Traidores, de Mark Twain, entre outros.
Para ver a lista completa, acesse o sítio da Fundação.

Cinema, sindicalismo e história

O Centro Sérgio Buarque de Holanda, da Fundação Perseu Abramo, promove nesta quinta-feira, dia 27, às 18h, o debate História, cinema e sindicalismo, abordando o protagonismo do movimento sindical, especialmente do chamado "ABC paulista", na cena política brasileira a partir dos últimos anos da década de 1970 e a sua influência sobre a vida intelectual do país.
Os lugares são limitados, por isso a FPA pede para os interessados se inscreverem com antecedência pelo telefone 5571-4299, ramal 152, das 9 às 17 horas.
Os debatedores serão:
Hélio da Costa - Mestre em História Social pela Unicamp e Coordenador Pedagógico da Escola Sindical São Paulo-CUT.
João Batista de Andrade - Cineasta, escritor e ex-secretário da Cultura do Estado de SP.
Renata Fortes - Mestre em História, Estética e Domínios de Aplicação do Cinema Documentário e da Fotografia.

O evento acontece na Rua Francisco Cruz, 234 - Vila Mariana.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Nota da CUT sobre CPMF

Leia a nota que a CUT emitiu sobre a CPMF após reunião de sua diretoria executiva, ocorrida dias 19 e 20.
A Direção Executiva Nacional da CUT, reunida na cidade de São Paulo nos dias 19 e 20 de setembro de 2007, presta homenagens a nossa companheira Maria Ednalva Bezerra de Lima, falecida no dia 10 de setembro de 2007, que dedicou sua vida à luta pela melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, pela construção de um mundo melhor onde as mulheres e os homens tenham os mesmos direitos, as mesmas condições. Maria Ednalva estará sempre em nossos corações e em nossa luta, como a nossa secretária nacional da mulher trabalhadora.
A reunião da Executiva Nacional da CUT ocorre no momento em que foi aprovado, em primeira votação na Câmara Federal, o texto-base da PEC que prorroga a CPMF até 2011 e mantém a alíquota de 0,38%.
Neste debate da manutenção da CPMF, como também da reforma tributária, novamente a grande mídia, atuando como um verdadeiro partido político, busca pautar o debate, manipulando-o a partir da agenda que foi derrotada na eleição presidencial de 2006.
O debate em torno desta Emenda é importante tendo em vista o peso atual desta contribuição para o Orçamento da União, para o orçamento da seguridade social e para a fiscalização das contas públicas e privadas. Trata-se também de um tema de grande relevância para o conjunto dos/as trabalhadores/as brasileiros/as em face do significativo peso da carga tributária sobre os rendimentos do trabalho.
A Direção da CUT entende que o debate da CPMF exige uma visão ampla, não fragmentada, considerando-se os diversos aspectos envolvidos na questão.
Assim, cabe considerar que, praticamente desde a sua criação, o expressivo volume de recursos obtidos com a CPMF não tem sido repassado na íntegra para a área da saúde pública, conforme era o objetivo quando foi instituída em 1996. Dos R$ 36,0 bilhões que deverão ser arrecadados em 2007, cerca de R$ 13,2 bilhões serão canalizados diretamente para o Tesouro, sem necessariamente ser aplicados na seguridade. Acrescente-se que recursos antes destinados à saúde têm sido reduzidos com a justificativa de que a CPMF já atenderia o setor. O que era para ser um fundo adicional inteiramente destinado à saúde pública, há muito deixou de sê-lo.
É evidente o crescimento da carga tributária de 1994 para cá: de 28% do PIB em 1994, a carga pulou para 36% em 2006. Vários estudos mostram que a classe trabalhadora é a mais atingida pela elevada carga. Por exemplo, trabalho do economista Amir Khair mostra que trabalhadores que recebem até 2 salários mínimos pagam 48% de impostos, enquanto aqueles que recebem acima de 30 salários mínimos pagam 26,3%.
A arrecadação expressiva dos impostos e contribuições tem sido destinado à rolagem financeira da dívida pública. Em 2005, nada menos que 6,5% do PIB (cerca de R$ 126 bilhões) foram gastos apenas a título de pagamento dos juros da dívida pública. Vale notar que, enquanto todos os assalariados e setores produtivos pagam hoje a CPMF em suas movimentações bancárias, os especuladores financeiros, capitaneados pelos grandes bancos, vêm se beneficiando da isenção da CPMF em suas aplicações.
A preocupação da Central e dos seus sindicatos filiados com o crescimento dos impostos é ilustrado pelo fato de que uma das importantes lutas sindicais travadas pelo sindicalismo brasileiro nos últimos anos tem sido a atualização e proposição de uma nova estrutura da tabela do imposto de renda.
Não obstante estas considerações preliminares, em que nossa entidade reconhece a realidade da alta carga tributária brasileira, a Direção da CUT considera que o debate atual em torno da CPMF tem sido, uma vez mais, marcado pela hipocrisia de setores conservadores da sociedade brasileira. Neste sentido, a CUT não se alinhará com aqueles segmentos que, por meio da bandeira da mera redução de impostos, objetivam, isto sim, a redução do tamanho e do papel do Estado na economia e, com isso, inviabilizar a implementação dos programas sociais de combate à pobreza e de inclusão social, atualmente desenvolvidos pelo Governo Lula.
Este não alinhamento com os segmentos conservadores fica claro quando a CUT, ao mesmo tempo em que defende a redução gradual da carga tributária, por meio da redução de alíquotas, sem prejuízo da arrecadação, na medida em que isto permitirá o crescimento da produção, do emprego e consequentemente da arrecadação, a Central também vem defendendo a aprovação do Imposto sobre as Grandes Fortunas (IGF), como forma de constituição de um fundo para a política de valorização do salário mínimo, bem como o fim da guerra fiscal que é utilizada pelo setor empresarial para reforçar a exploração do capital sobre o trabalho. É claro que o IGF é rejeitado de pronto por estes segmentos conservadores.
Diante destas ponderações, a CUT explicita sua posição em relação à CPMF, considerando-se que, na data de 19/9/2007, a Câmara de Deputados já aprovou, em primeiro turno, a prorrogação dessa contribuição e que o Congresso passará a discutir emendas a essa decisão. Assim, defendemos:

1. Que a CPMF seja destinada em sua totalidade para a Seguridade Social, o que significa o fim da desvinculação de 20% das receitas da União (DRU) aplicada sobre a arrecadação daquela contribuição;
2. Que ocorra a desoneração da CPMF da conta-salário;
3. Que seja regulamentada a Emenda Constitucional nº 29, que estabelece o volume de recursos a ser destinado para a Saúde nos Orçamentos Públicos.

E a Executiva Nacional delibera pelo lançamento, no segundo semestre deste ano de 2007, de uma campanha nacional por uma Reforma Tributária com a diretriz de uma estrutura tributária socialmente justa.

domingo, 23 de setembro de 2007

Polícia reprime manifestação de pescadores em Mar del Plata

Uma manifestação ocorrida dia 19/9, em Mar del Plata (Uruguai), foi duramente reprimida pela polícia, que utilizou gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar os cerca de 400 trabalhadores que protestavam diante da empresa Giorno. Dezenas ficaram feridos, mas não há registro de morte.
Os protestos foram contra a contração de pescadores sem registro (a nossa carteira assinada) e contra intermediários, os famosos "gatos". "Somos explorados e escravizados", disse um dos manifestantes.
Segundo dirigentes do sindicato local, a empresa ameaçou os pescadores que não aceitassem as condições impostas pela companhia de jamais voltar a trabalhar. Cerca de 7 mil trabalhadores se encontram nessa situação, informou o sindicato.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sindicato de jornalistas iraquiano lança movimento contra violência

Será lançado neste sábado,22, no parlamento iraquiano, em Bagdá, o Grupo de Mídia Segura, organização criada a partir de dois sindicatos de jornalistas iraquianos e organizações de mídia como a Al Iraqiya Satellite TV, Al Sumariya Satellite TV, Al Diyaar Satellite TV, Al Fourat Satellite TV, Al Baghdadiya Satellite TV. Segundo organizações internacionais, mais de 200 trabalhadores em jornais e TV (incluindo jornalistas) perderam a vida desde a invasão do Iraque pelos EUA, em 2003.
O lançamento desta organização é um importante passo na luta pela melhoria da segurança no Iraque, afirmou Aidan White, secretário geral da Federação Internacional dos Jornalistas.

Limiar na Bienal do livro do RJ


A Limiar está participando da Bienal do livro do Rio de Janeiro com seus dois novos lançamentos: Hambre del Alma, de Carla Cristina, e Brasil, cem sentidos, de Eliana de Freitas.
Eliana autografou seu livro na quinta-feira, dia 20, no espaço independente.
As imagens e outras informações sobre o evento podem ser acessadas pelo sítio www.conectabrasil.art.br

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Wagner Gomes, dos metroviários: Aliança com PSTU e Psol atrapalhou o sindicato


O vice-presidente da CUT nacional, Wagner Gomes, foi eleito presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, com 53,38% dos votos. Nesta conversa ele fala sobre os desafios de sua gestão e do debate que a Corrente Sindical Classista trava sobre sair da CUT e fundar uma central própria. Confira.

Norian Segatto – Você foi eleito com pouco mais de 50% dos votos da categoria, como você avalia esse resultado?
Wagner Gomes - Fizemos a eleição em um período complicado, depois de uma campanha para conquistar a participação dos resultados em que fomos derrotados, não conseguimos nenhum valor e tivemos 60 demitidos, isso teve influência direta no percentual da eleição. A oposição se aproveitou dessa situação de dificuldade e fez toda a campanha baseada nisso. Mas avalio que foi um resultado importante porque há tempos tínhamos uma composição com o pessoal do PSTU e do Psol e isso acabou travando a diretoria. Tínhamos cinco correntes no interior da diretoria, inclusive o Psol e o Conlutas e isso trouxe dificuldades para encaminhar uma série de questões. Com esse resultado vamos ter uma composição mais homogênea, da Corrente Sindical Classista, a Articulação Sindical e alguns companheiros do PSD. Minha avaliação é que teremos com essa direção melhores condições de tocar as questões da categoria.

O secretário de Transporte de São Paulo, Mauro Arce, o deputado federal Ricardo Izar (PTB) entre outros, declararam que as últimas greves dos metroviários tiveram motivação eleitoral.
Há uns seis anos o Metrô vem promovendo enxugamento e terceirização de pessoal. O metrô vem em um processo de retirar direitos da categoria o tempo todo, assim, muitas de nossas greves são de resistência, não têm nada a ver com a questão eleitoral. Essa é a razão central da greve, o resto é subterfúgio do secretário para tentar passar uma imagem falsa sobre qual foi a motivação da greve.

Como está a questão dos 60 demitidos?
Dez já retornaram, eram companheiros que tinham estabilidade por serem da Cipa ou dirigentes sindicais. Alguns têm estabilidade pré-aposentadoria, então a Justiça deve determinar também a volta deles; os demais vamos tentar reintegrar através de negociação. Estamos tentando marcar uma conversa com o governador para resolver esse quadro. Quando o Tribunal julgou a greve ilegal, voltamos no mesmo dia e não estava previsto a demissão, portanto, estamos tomando medidas jurídicas e políticas para tentar reverter as demissões.

E como está o relacionamento político do sindicato com o governo Serra?
Estamos tendo dificuldade em negociar, achávamos que poderia ser diferente, melhor do que na administração Alckmin, mas não, piorou. O metrô tem ignorado acordos feitos com o Sindicato, alguns escritos, outros não, têm descumprido seguidamente esses acordos. Para nós o governo Serra piorou muito o relacionamento com o Sindicato.

A sua corrente (CSC) está discutindo sair da CUT e fundar uma central própria. Qual é a sua opinião sobre isso?
Vamos fazer um encontro no final de setembro na Bahia para definir esse quadro. Eu não emito opinião pessoal porque faço parte da direção da corrente e da CUT. A opinião que a maioria da direção vai defender em Salvador é que a CSC deve montar uma nova central sindical. Dentro da corrente tem gente que é contra isso, tem quem é a favor. Se for aprovada a criação de uma nova central, ela deve acontecer até dezembro.

O que se comenta no movimento sindical é que a principal motivação da CSC para sair da CUT é a questão econômica, para pegar uma parte dos recursos que serão destinados às entidades com a legalização das centrais. É essa a motivação principal?
Não, o que nos leva a discutir a possibilidade de construir outra central é o seguinte: antes, o movimento sindical era polarizado pela Força Sindical de um lado e a CUT de outro. Nesse quadro, evidentemente a CUT era a central reconhecida como de luta e de esquerda, portanto, não tivemos dúvida entre essas duas centrais. Hoje o movimento sindical se pulverizou, temos 14 centrais registradas e cinco que atuam com alguma representatividade. Nós temos uma grande representatividade, mas não conseguimos expressá-la. Essa falta de visibilidade das nossas posições políticas é a principal razão de pensarmos em formar outra central. Seríamos, seguramente, a terceira maior central sindical depois da CUT e da Força.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Bancários de Brasília em estado de greve

Após mais uma rodada de negociações sem avanços, realizada na terça-feira, 17/9, os bancários de Brasília aprovaram estado de greve. Nova assembléia será marcada para o dia 27 e estão programadas diversas paralisações parciais ao longo da semana e na próxima segunda-feira. Nova negociação entre bancários e banqueiros acontece nesta quinta, dia 20.
Mais informações com a assessoria de comunicação do Sindicato (61) 3346-2210 / (61) 3346-9090.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

144 sindicalistas foram assassinados em 2006, segundo relatório da CSI

A atividade sindical está longe de ser segura. No ano de 2006, 144 sindicalistas foram mortos por defenderem direitos dos trabalhadores, enquanto outros mais de 800 sofreram agressão ou tortura, conclui o Relatório Anual sobre Violação dos Direitos Sindicais, divulgado nesta terça-feira, 18/9, pela Confederação Sindical Internacional, entidade que conta com 168 milhões de membros espalhados pelos quatro cantos do planeta.
Com 379 páginas, o documento relata detalhes de aproximadamente 5.000 prisões e mais de 8 mil demissões de trabalhadores que exerciam atividades sindicais. Também estão documentados 484 novos casos de sindicalistas presos por governos.
A Colômbia continua sendo o lugar mais perigoso do mundo para as atividades sindicais, país onde foram registrados 78 assassinatos, a maioria cometido por esquadrões da morte paramilitares que permanecem na impunidade. De 1165 assassinatos cometidos por esses esquadrões, de 1994 a 2006, apenas 56 pessoas foram julgadas e 14 condenadas.
Outro dado apontado pelo Relatório é em relação a Filipinas, onde 33 líderes sindicais foram assassinados sob a complacência, ou conivência, da polícia e dos militares. Na China, mais de 100 trabalhadores estavam presos em 2006, submetidos a trabalhos forçados. O governo do Zimbábue é citado como um contumaz repressor dos movimentos populares. De 265 participantes presos em um protesto, 15 foram brutalmente torturados, entre eles os principais dirigentes da central sindical Congress of Trade Unions.
O Relatório da CSI também aponta a crescente hostilidade com que governos de países desenvolvidos têm tratado o movimento sindical. Citando a Austrália, o Relatório afirma que uma lei conhecida como “alternativa dos trabalhadores” retirou diversos direitos da classe trabalhadora e criou maiores empecilhos para as atividades sindicais. Nos Estados Unidos, uma diretriz da Junta Nacional de Relações de Trabalho privou milhares pessoas do direito de se sindicalizarem.
As atividades antisindicais de uma série de empresas multinacionais também merecem atenção do Relatório. Entre essas empresas são citadas a Coca-Cola, Wal-Mart, Goodyear e Nestlé. No caso brasileiro pode-se incluir a multinacional Seara-Cargil, uma campeã de desrespeito aos mais elementares direitos trabalhistas.
Se a situação é ruim para os trabalhadores em geral, é ainda pior para as trabalhadoras, em especial as das regiões industrializadas da Ásia, África e América Latina. Em Marrocos, trabalhadoras do setor têxtil foram presas por terem iniciado uma greve. Em diversos países são registrados abusos que se cometem contra empregadas domésticas, segmento dos mais explorados entre os 90 milhões de trabalhadores imigrantes no mundo.
O Relatório prossegue em suas mais de 379 páginas apontando casos de ataques a dirigentes sindicais, à livre organização dos trabalhadores e repressão aos trabalhadores, como no caso da Bielo-Rússia. A União Européia ameaçou retirar as vantagens comerciais que o país tem devido aos constantes desrespeitos a normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
A íntegra do relatório, em inglês ou espanhol, pode ser lida no sítio da CSI www.ituc-csi.org.

Centrais vão a Brasília ou à Brasília?

Matéria idêntica sobre a 4ª Marcha a Brasília foi publicada nas páginas da CUT e da Força Sindical. Uma única diferença, na da Força o título "Centrais farão marcha à (sic) Brasília em dezembro" contém uma indevida crase. Literalmente falando, os companheiros da Força estão dizendo que irão para um veículo marca Brasília em dezembro.
Se forem de Brasília amarela para Brasília, correm o risco de não chegarem a tempo.

solidariedade sindical



Por mais de 30 dias, desde 7 de agosto, operários da Sigma Engenharia, que presta serviços para a Petrobrás em Espírito Santo, estavam em greve. Foi necessária a intervenção da FUP (Federação dos Petroleiros) para ajudar a resolver o impasse do pessoal da construção civil. Esse ato de solidariedade foi registrado em carta pelo presidente do Sindicato da Construção Civil de ES, Paulo César Borba Peres, o Carioca. Leia a íntegra da carta:
"Companheiros petroleiros, muito obrigado pela intervenção de vocês junto à Petrobrás para nos ajudar a resolver esse problema que durou 36 dias de paralisação dos companheiros desta obra aqui no ES.
A atitude de vocês mostrou que a solidariedade da classe trabalhadora é fundamental neste mundo capitalista e cruel que vivemos; também nos fez refletir duas coisas muito importantes: uma é o marco da agressão sofrida pelo movimento sindical na época de FHC quando os companheiros petroleiros sofreram com um acordo rasgado e para tentar recuperar fizeram uma greve que resultou em cassação e multa. Infelizmente, o movimento sindical, principalmente nós da CUT, não compramos a briga como se a gente não tivesse nada com isso, foi uma pena.
A segunda questão é que neste momento no qual alguns sindicatos querem se desfiliar da CUT para ir atrás do dinheiro das centrais, vocês estão mostrando, não só para nós trabalhadores da construção no ES, mas para toda a classe trabalhadora, que a CUT pode e deve ser isso que vocês fizeram para nós: afinal colocar como ponto de pauta em uma negociação nacional resolver os problemas de um punhadinho de peões da construção como prioridade ainda não tinha visto.
Parabéns e muito obrigado.
A nossa luta continua mais firme e mais forte.
Carioca"

Teste para as centrais


As principais centrais sindicais (CUT, CGTB, UGT e Força Sindical) se reuniram na segunda, 17, na sede da CUT nacional para discutir a organização da 4ª Marcha a Brasília, que será realizada dia 5 de desembro.

A principal bandeira da Marcha deste ano será a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário.

Nas marchas anteriores, o grande motivador era o aumento do salário mínimo, que foi negociado no final do ano passado entre governo e as centrais (ficou estabelecido que o rejuste para os próximos anos será a variação do INPC, mais o PIB).

Alguns dirigentes da CUT ouvidos pelo blog acreditam que este ano, sem a bandeira do salário mínimo, será o verdadeiro teste para as centrais provarem que ainda têm poder de mobilização.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Austrália nega visto a jornalista que entrevistou Bin Laden

13 set (Agência EFE).- O diretor do jornal Al Qods Al Arabi, o palestino Abdel Bari Atwan, que entrevistou Osama bin Laden em 1996, cancelou sua participação no Festival de Escritores de Brisbane porque não recebeu o visto de entrada na Austrália, informou hoje a imprensa australiana.
Autor do livro "A história secreta da Al Qaeda", no qual detalha seu encontro com Bin Laden, Atwan acusou o governo australiano de retardar a aprovação de seu visto, que solicitou há um mês, segundo o jornal The Australian. O diretor do Festival de Escritores de Brisbane, Michael Campbell, disse que os vistos dos outros convidados estrangeiros tinham sido aprovados em questão de dias.
Uma porta-voz do ministro de Imigração comentou que a entrevista de Bin Laden a Atwan tinha chamado a atenção das agências de segurança. "Isso é ridículo. Não sou um terrorista, não sou um traficante de drogas, trabalho com palavras e com idéias", disse Atwan ao "Australian".

(fonte:
http://www.comunique-se.com.br/)

Movimento Sem Mídia

Confira no blog Conversa Afiada desta segunda-feira, 17/9, vídeo sobre a manifestação dos sem midia em frente à sede do jornal Folha de S.Paulo.

http://conversa-afiada.ig.com.br/

Sindicalista à moda antiga

Enquanto no PT, nos partidos aliados e nas organizações que apoiaram a campanha de Lula, como a CUT, muitos corriam e articulavam para conseguir um cargo para si ou uma vaga para algum apadrinhado, o petroleiro Antonio Carlos Spis dava exemplo de como é se manter fiel aos melhores princípios sindicais e de esquerda.
No final de 2002, após a vitória eleitoral, diversos fóruns de discussão se instalaram pelo país para subsidiar a equipe de transição. Em um deles, promovido pela Federação dos Petroleiros (FUP), um grupo começou a articular para que Spis fosse nomeado presidente da Transpetro – empresa do grupo Petrobrás atualmente presidida por Gabriel Machado, indicado de Renan Calheiros.
Ao ser procurado para ser informado da "boa notícia", Spis respondeu: “Se me escolherem serei o presidente mais rápido que uma empresa já teve, em 10 minutos mando dissolver a Transpetro e reincorporar à Petrobrás, de onde nunca deveria ter saído”.
A partir daí, em vez de correr para encontrar um nome para a presidência da empresa, o movimento sindical passou centrar na luta pela reincorporação da Transpetro à Petrobrás. Quem conta essa história é Gildásio Ribeiro, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia: “Para mim foi uma lição que nunca vou esquecer”.

domingo, 16 de setembro de 2007

Agradecimentos

Agradeço aos colegas que enviaram mensagens cumprimentando pelo lançamento do blog e pela cobertura positiva de alguns sítios, como o da CUT Nacional, da FUP, da Fetec e outros. Valeu!

Chavez se aposenta


Linda Chavez-Thompson, vice-presidente da AFL-CIO´s, central sindical estado-unidense, anunciou no dia 12 de setembro sua aposentadoria, após 12 anos à frente de uma das maiores centrais do mundo. Aos 63 anos, ela disse que pretende cuidar do jardim de sua casa e de sua família. “Não fiz nada de normal por 30 anos, porque estive cuidando de manifestações, negociações e greves, coisas que um dirigente sindical faz”, comentou ao entregar sua carta de renúncia a John Sweeney, presidente da central.
Chavez foi a primeira latino americana a assumir um alto posto na hierarquia da AFL-CIO.


(fonte: Express-News Washington Bureau)

sábado, 15 de setembro de 2007

Informe do Comando Nacional de Negociação dos Correios


14/09/2007

"Prezados Companheiros, hoje em reunião com o presidente da ECT, Sr. Carlos Henrique Custódio, houve avanços em relação a algumas cláusulas sociais e manutenção de outras, onde a empresa fazia sérios ataques aos direitos dos trabalhadores. Não foi possível ainda chegar a uma proposta econômica que realmente venha contemplar o anseio dos trabalhadores, haja vista que a principal expectativa da categoria é que haja avanço na parte econômica e não mantenha o ataque à Assistência-Médica. O alto escalão da empresa continua trabalhando contra quem verdadeiramente sustenta a ECT, que é o setor operacional, impedindo com suas artimanhas o avanço das negociações. A greve nacional continua em crescimento, diante disso, orientamos aos companheiros que continuem com força na greve, para que possamos chegar ao nosso objetivo que é de recebermos uma proposta por parte da ECT, que atenda as reivindicações dos trabalhadores."

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Central uruguaia não quer trabalhadores europeus

O dirigente Marcelo Abdala, do PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores), central sindical uruguaia, exigiu que se capacite os trabalhadores de seu país em vez de importarem mão-de-obra européia para a construção da fábrica de celulose que a empresa finlandesa Botnia está construindo na cidade de Fray Bentos, segundo informou, dia 13/9, o Diario Gremial.
Segundo o executivo da Botnia, Hannu Ketola, que pretende importar cerca de mil trabalhadores finlandeses, a mão-de-obra uruguaia não tem capacitação tecnológica.

Chapa 1 vence eleição dos metalúrgicos de Limeira

Post do Renato Simões.
Acabou hoje (14/9) pela manhã a apuração das eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira. Apesar de todas as dificuldades impostas por uma oposição encomendada pelos patrões e pelos pelegos da cidade e da violência de seus bate-paus, o quórum de 2/3 de votantes foi atingido, as urnas abertas e uma grande vitória da Chapa 1 assegurada por larga margem de votos.

Chapa 1 - 3.690
Chapa 2 - 791
brancos - 102
nulos - 69
impugnados - 129

A apuração teve que ser realizada no quartel do 36o. Batalhão da PM de Limeira, dado o acúmulo de ocorrências policiais violentas patrocinadas pela Chapa 2 (invasão da sede e da casa do administrador do Sindicato com depredação, roubo de urnas a mão armada, espancamentos e forte mobilização de bandidos sindicais de todo o estado nos dias do pleito).

A Chapa 2 se retirou da apuração, deve contestar o resultado na Justiça para manter viva a deslegitimação da atual direção do Sindicato, mas a categoria metalúrgica de Limeira votou maciçamente na continuidade do projeto classista e democrático que desde a vitória da Oposição Sindical nos anos 80 se instalou naquele Sindicato.

Agradeço a todos/as os/as militantes que se deslocaram de suas cidades e estados para apoiar a Chapa 1 e aos parlamentares que se envolveram na busca de garantias para o pleito (entre eles, o senador Suplicy e os dep. estaduais Antonio Mentor, José Cândido, Roberto Felício, Simão Pedro, Ênio Tatto e Raul Marcelo).

Outro 11 de setembro


A mídia de praticamente todo o planeta dedica o 11 de setembro a relembrar os ataques às torres do World Trade Center, em Nova Iorque, que culminaram com a morte de 2.600 pessoas e serviram de pretexto para que o presidente dos EUA, George W. Bush, desencadeasse uma onda de ataques a outros países causando milhares de mortes e mutilações.

No entanto, outro 11 de setembro, mais antigo e que teve como personagem também os EUA, segue como um fantasma a fustigar a consciência norte-americana: o de 1973, quando forças militares chilenas, com apoio explícito da CIA e do governo norte-americano, destituíram o regime democraticamente eleito do médico socialista Salvador Allende.

Cenário para o golpe
Deputado, senador e ministro da Saúde, Allende foi eleito em 1970 após ter concorrido à presidência e perdido seis anos antes. Eleito com apenas 36% dos votos pela coalizão Unidade Popular, seu programa de governo propunha transformações socialistas e levava militares e ideólogos norte-americanos a arrepiarem os pêlos da nuca vislumbrando a concretização da tese do efeito dominó. Após sua eleição foi criada uma comissão especial sob tutela “a paisana” do Departamento de Estado dos EUA para acompanhar a evolução dos “problemas” latino-americanos. Entre os membros da Comissão estava o então chanceler Henry Kissinger, que, ironicamente, receberia o prêmio Nobel da Paz em 1973, mesmo ano do golpe. “Não vejo por que temos de esperar e olhar um país se tornar comunista devido à irresponsabilidade de seu povo", declarou o pacífico Kissinger logo após a vitória de Allende.

A partir dessa Comissão o golpe de estado contra um presidente democraticamente eleito começou a sair do campo do desejo da direita norte-americana e chilena e a adentrar no minado campo da política conspiratória internacional.

O mundo, naquele final de anos 1960, vivia uma realidade muito particularizada em todo o século XX. A revolução de Fidel Castro, em Cuba, completava sua primeira década, sofrendo com o bloqueio econômico determinado pelos EUA, mas mantendo firme a chama da construção de um mundo livre da tirania ianque. Na França, e em diversos outros países, os movimentos estudantis e populares transformaram 1968 no ano símbolo do sonho de uma nova era. Na Tchecoslováquia, a repressão à Primavera de Praga levou os movimentos de esquerda a aprofundar a reflexão sobre o socialismo, seus caminhos práticos e sua base teórica; no Vietnã, a guerra de ocupação protagonizada pelos EUA enfrentava fortes resistências e prenunciava a mais desmoralizante derrota para os exércitos do Tio Sam. Na Europa, América Latina e África, os movimentos populares emergiam contra governos despóticos e ditaduras corruptas.

O planeta era um barril de pólvora apontado contra os EUA, e o Chile tinha de servir de exemplo de como o império trata seus desafetos. Uma das primeiras medidas do então presidente Richard Nixon, logo após a posse de Allende, foi autorizar o ex-diretor da CIA, Richard Helms, a minar o governo chileno. Na guerra econômica, os EUA lançaram no mercado internacional suas reservas de cobre (à época, o principal produto de exportação do Chile), fazendo com que o preço do minério despencasse juntamente com a economia chilena. Começava o contínuo estrangulamento econômico do Chile, ao mesmo tempo em que se planejava, pelos corredores de Washington, os passos para financiar o golpe contra o governo de Allende.

Fé cega, faca amolada
Sob boicote político e econômico, os três anos de Salvador Allende foram de crise, milimetricamente planejada para colocar a população contra o governo. O dia 11 de setembro de 1973 encontrou um presidente isolado, protegido praticamente apenas pela Guarda presidencial, formada por cerca de 60 jovens soldados com idade média de 20 anos. Setores militares exigiam a renúncia de Allende, mas o presidente organizou a resistência em La Moneda (residência oficial) e ainda acreditava na lealdade do chefe das forças armadas, o recém-nomeado Augusto Pinochet.

Tanques e aviões bombardearam o palácio presidencial; 20 mísseis foram disparados pelos caças. Com o prédio em chamas, Allende cumpriu sua palavra de só sair do La Moneda morto. Ao tombar, o presidente tinha a seu lado o revólver que lhe havia sido dado por Fidel Castro.

Pinochet havia assumido o comando do Exército duas semanas antes do golpe, no lugar de Carlos Prats, deslocado para o Ministério do Interior. Indicado pelo próprio Prats, a maior credencial de Pinochet era, supostamente, não fazer parte do grupo que conspirava contra o governo. "Eu acreditava que este general compartilhava com sinceridade de minha profunda convicção de que a caótica situação chilena deveria ser resolvida politicamente, sem golpe militar, já que esta seria a pior solução", escreveu Prats em suas memórias.

Jogue-o no mar
O cientista político Patrício Navia acredita que Pinochet "era o candidato de consenso [para a vaga de chefe do exército] porque não brilhava. Acreditava-se que ele seria leal ao governo porque não tinha grandes idéias nem iniciativas". Allende confiava em Pinochet a ponto de, na manhã daquela terça-feira, 11 de setembro, ter incumbido o então ministro da Economia, José Cademártori, de convocar Pinochet para protegê-lo. "Chamem o Augusto, que é um dos nossos", pediu Allende.

A quilômetros dali, em um quartel situado na zona leste da capital Santiago, aquele que viria a ser um dos mais sanguinários ditadores da América Latina, respondia ao apelo do presidente enviando por emissário a exigência da rendição de Allende e oferecendo um avião rumo ao exílio. No entanto, em transmissão via rádio para outros oficiais golpistas, Pinochet detalhava seu plano. "... E, no caminho, os jogaremos de lá". A transmissão foi captada por um radioamador e publicada no livro "Interferência Secreta", da jornalista Patricia Verdugo, em 1997.

Golpe com sotaque ianque
A partir de 1999 os arquivos da CIA, do Pentágono e do FBI sobre as operações secretas no Chile começaram a vir a público após forte pressão sobre o então governo de Bill Clinton – à época, Pinochet estava preso em Londres a pedido da justiça espanhola. Em 19 de setembro do ano seguinte, a CIA enviou ao Congresso norte-americano um relatório no qual se comprova que o chefe da polícia secreta de Pinochet (Dina), Manuel Contreras, foi empregado da Agência em 1975. "A CIA apoiou ativamente a junta militar após a derrubada de Allende", indicou o comunicado apresentado ao Congresso. "Muitos oficiais de Pinochet estavam envolvidos em abusos sistemáticos dos direitos humanos ... alguns eram informantes ou agentes da CIA ou das forças armadas americanas", acrescentou o documento.

Contreras era funcionário da CIA em 1976 quando agentes da Dina assassinaram, em Washington, Orlando Letellier, que havia sido ministro das Relações Exteriores de Allende. A caçada continuava. O informe também revelou que a CIA pagou US$ 35 mil a um grupo de militares chilenos pelo assassinato, em 1970, do general René Schneider, comandante-em-chefe do Exército fiel a Allende, durante fracassado golpe de estado planejado por Washington. Os assassinatos de Letellier, Schneider e diversos outros políticos chilenos fizeram parte do chamado Plano Condor, coordenado também pela agência de inteligência dos EUA.

Caravana da morte
O que se assistiu no Chile após a queda de Allende foi um verdadeiro extermínio levado a cabo pelo exército com a complacência do governo norte-americano. Não são poucos os relatos das atrocidades cometidas pelos golpistas, não somente as ocorridas no estádio nacional de futebol de Santiago, local que se transformou em campo de concentração para milhares de pessoas. Foi para lá que o jovem compositor Victor Jara (alguém como um Chico Buarque no Brasil) foi levado, teve as mãos decepadas porque se recusou a parar de tocar seu violão; seus gritos de dor se misturaram a versos de protestos, que só foram silenciados com um tiro em sua cabeça.

Em outro caso relatado pela jornalista Patrícia Verdugo, o advogado Mario Silva Iriarte, de 37 anos, casado, cinco filhos, ouviu, logo após o golpe, seu nome pelo rádio como procurado pela junta militar. Foi até os militares para se entregar, porque “não tinha nada a ocultar”, como disse para sua mulher. Foi torturado por mais de um mês antes de ser executado.

Outros relatos dão conta da existência de pelotões militares de execução sumária, que se dirigiam ao interior do país para caçar opositores ao novo regime: eram as chamadas caravanas da morte. Um mês após o golpe, o general Arellano Stark muniu-se de credencial assinada pelo próprio Pinochet e saiu matando a granel. Baixava em guarnições, pedia listas de prisioneiros e decretava sentenças capitais, cumpridas com requintes de crueldade, eficientemente aprendidas na escola da base naval do Panamá, ministradas por oficiais norte-americanos e agentes da CIA.

Ao todo se estima que mais de 15 mil pessoas foram assassinadas por motivos políticos nos 17 anos de ditadura de Pinochet, mais de 30 mil foram presas e torturadas e centenas continuam desaparecidas. Esse é o saldo da intervenção norte-americana em 11 de setembro de 1973.

(texto publicado originalmente no sítio da cut - www.cut.org.br).

Governo de El Salvador prende 8 enfermeiras

Oito membros do sindicato dos trabalhadores em enfermagem de El Salvador foram presos no dia 4 de setembro por ordem do Ministério da Saúde daquele país, tendo como base uma draconiana lei anti-terrorista.

As prisões decorreram das ações dos membros do sindicato em apoio à greve dos funcionários do Hospital Nacional de Santa Gertrudes, na província de São Vicente. Entre outros motivos, a paralisação tenta barrar a privatização do hospital.

Os sindicalistas presos são Ana Luz Ordoñez Castro, Mirian Ruth Castro Lemus, Elsa Yanira Paniagua, Noemí Barrientos de Pérez, Ana Graciela de Carranza, Jorge Emilio Pérez, Manuel Trejo Artero, e Anemias Armando Cantadeiro.
(informações so sítio www.worl-psi.org)

Investindo em comunicação

Entre os petroleiros, os aposentados e pensionistas representam atualmente cerca de 50% da categoria. Para se comunicar melhor com esse segmento, o Departamento de Aposentados do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Unificado-SP) resolveu lançar um boletim mensal específico. O primeiro número deve sair ainda em setembro.

Novo sítio
O Unificado-SP também está reformulando o visual e o conteúdo da sua página na internet, que deverá ter uma cara mais de portal. É sempre positivo ver o movimento sindical investindo em comunicação.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Mais e melhores empregos


Pesquisa divulgada no dia 4 de setembro pela Organização Internacional do Trabalho (OIT – http://www.oit.org.br/) revela que dos 106 milhões de jovens entre 15 e 24 anos na América Latina, 10 milhões estão desempregados e 22 milhões não estudam ou trabalham regularmente. É como se praticamente todos os moradores do Chile (16 milhões de habitantes) e do Equador (14 milhões) estivessem desempregados.

Some-se a mais um dado alarmante da pesquisa da OIT, que aponta outros 31 milhões de jovens trabalhando na informalidade, e tem-se o quadro da precariedade com que a AL enfrentará ao longo do século 21. “Em todo o mundo homens e mulheres jovens, quando têm oportunidade, realizam importantes contribuições como trabalhadores produtivos, empresários, consumidores, membros da sociedade civil e agentes de mudanças”, declarou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, que advertiu: “Condenados ao desemprego, a empregos informais ou a condições de emprego precárias, os jovens costumam encontrar-se em meio a um círculo vicioso de pobreza que afeta a auto-estima, gera desalento e limita suas esperanças”.

Os problemas com a falta de emprego refletem também na qualidade de vida e até no sistema imunológico. Pesquisa publicada na revista Psychosomatic Medicine (nº 69, de 2007) observou 200 trabalhadores (100 deles desempregados) com idade entre 29 e 45 anos durante quatro meses. Aqueles que permaneceram constantemente desempregados apresentaram valores do sistema de defesa mais baixos do que os empregados. Entretanto, quando algum desses participantes alcançou o emprego, esses níveis tornaram-se significativamente maiores, demonstrando uma substancial recuperação da função do sistema imunológico (de 44% antes do emprego, para 72%, com a sua aquisição).

Alternativas
Uma das campanhas da OIT encampadas pelo movimento sindical é em relação à criação de empregos decentes, isto é, com remuneração justa, respeito às leis trabalhistas do país e ao meio ambiente. Para isso, é necessário, segundo a OIT, uma articulação de fatores que passa pelo incentivo à educação de qualidade, aumento da produtividade, incentivos governamentais como menores alíquotas de Previdência Social para quem está ingressando no mercado de trabalho entre outros.

Em relação ao Brasil, o relatório aponta o Prouni como uma das iniciativas positivas no combate às desigualdades sociais e à capacitação de jovens para o mercado de trabalho. O estudo segmentado do Brasil ainda não está
concluído pela OIT. “Os jovens que procuram emprego são conscientes das exclusões que sofrem por motivos de gênero, procedência geográfica, raça, aparência, origem étnica, idade e até políticos. Para se obter um posto de trabalho ou progredir na empresa, fazem–se diferenças entre trabalhadores com rendimento semelhante e aplicam–se procedimentos discriminatórios que classificam as pessoas por critérios não relacionados ao desempenho profissional”, conclui o estudo. Aliás, discriminação de trabalhadores é algo que
as empresas brasileiras conhecem bem.