terça-feira, 18 de setembro de 2007

144 sindicalistas foram assassinados em 2006, segundo relatório da CSI

A atividade sindical está longe de ser segura. No ano de 2006, 144 sindicalistas foram mortos por defenderem direitos dos trabalhadores, enquanto outros mais de 800 sofreram agressão ou tortura, conclui o Relatório Anual sobre Violação dos Direitos Sindicais, divulgado nesta terça-feira, 18/9, pela Confederação Sindical Internacional, entidade que conta com 168 milhões de membros espalhados pelos quatro cantos do planeta.
Com 379 páginas, o documento relata detalhes de aproximadamente 5.000 prisões e mais de 8 mil demissões de trabalhadores que exerciam atividades sindicais. Também estão documentados 484 novos casos de sindicalistas presos por governos.
A Colômbia continua sendo o lugar mais perigoso do mundo para as atividades sindicais, país onde foram registrados 78 assassinatos, a maioria cometido por esquadrões da morte paramilitares que permanecem na impunidade. De 1165 assassinatos cometidos por esses esquadrões, de 1994 a 2006, apenas 56 pessoas foram julgadas e 14 condenadas.
Outro dado apontado pelo Relatório é em relação a Filipinas, onde 33 líderes sindicais foram assassinados sob a complacência, ou conivência, da polícia e dos militares. Na China, mais de 100 trabalhadores estavam presos em 2006, submetidos a trabalhos forçados. O governo do Zimbábue é citado como um contumaz repressor dos movimentos populares. De 265 participantes presos em um protesto, 15 foram brutalmente torturados, entre eles os principais dirigentes da central sindical Congress of Trade Unions.
O Relatório da CSI também aponta a crescente hostilidade com que governos de países desenvolvidos têm tratado o movimento sindical. Citando a Austrália, o Relatório afirma que uma lei conhecida como “alternativa dos trabalhadores” retirou diversos direitos da classe trabalhadora e criou maiores empecilhos para as atividades sindicais. Nos Estados Unidos, uma diretriz da Junta Nacional de Relações de Trabalho privou milhares pessoas do direito de se sindicalizarem.
As atividades antisindicais de uma série de empresas multinacionais também merecem atenção do Relatório. Entre essas empresas são citadas a Coca-Cola, Wal-Mart, Goodyear e Nestlé. No caso brasileiro pode-se incluir a multinacional Seara-Cargil, uma campeã de desrespeito aos mais elementares direitos trabalhistas.
Se a situação é ruim para os trabalhadores em geral, é ainda pior para as trabalhadoras, em especial as das regiões industrializadas da Ásia, África e América Latina. Em Marrocos, trabalhadoras do setor têxtil foram presas por terem iniciado uma greve. Em diversos países são registrados abusos que se cometem contra empregadas domésticas, segmento dos mais explorados entre os 90 milhões de trabalhadores imigrantes no mundo.
O Relatório prossegue em suas mais de 379 páginas apontando casos de ataques a dirigentes sindicais, à livre organização dos trabalhadores e repressão aos trabalhadores, como no caso da Bielo-Rússia. A União Européia ameaçou retirar as vantagens comerciais que o país tem devido aos constantes desrespeitos a normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
A íntegra do relatório, em inglês ou espanhol, pode ser lida no sítio da CSI www.ituc-csi.org.

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