quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Wagner Gomes, dos metroviários: Aliança com PSTU e Psol atrapalhou o sindicato


O vice-presidente da CUT nacional, Wagner Gomes, foi eleito presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, com 53,38% dos votos. Nesta conversa ele fala sobre os desafios de sua gestão e do debate que a Corrente Sindical Classista trava sobre sair da CUT e fundar uma central própria. Confira.

Norian Segatto – Você foi eleito com pouco mais de 50% dos votos da categoria, como você avalia esse resultado?
Wagner Gomes - Fizemos a eleição em um período complicado, depois de uma campanha para conquistar a participação dos resultados em que fomos derrotados, não conseguimos nenhum valor e tivemos 60 demitidos, isso teve influência direta no percentual da eleição. A oposição se aproveitou dessa situação de dificuldade e fez toda a campanha baseada nisso. Mas avalio que foi um resultado importante porque há tempos tínhamos uma composição com o pessoal do PSTU e do Psol e isso acabou travando a diretoria. Tínhamos cinco correntes no interior da diretoria, inclusive o Psol e o Conlutas e isso trouxe dificuldades para encaminhar uma série de questões. Com esse resultado vamos ter uma composição mais homogênea, da Corrente Sindical Classista, a Articulação Sindical e alguns companheiros do PSD. Minha avaliação é que teremos com essa direção melhores condições de tocar as questões da categoria.

O secretário de Transporte de São Paulo, Mauro Arce, o deputado federal Ricardo Izar (PTB) entre outros, declararam que as últimas greves dos metroviários tiveram motivação eleitoral.
Há uns seis anos o Metrô vem promovendo enxugamento e terceirização de pessoal. O metrô vem em um processo de retirar direitos da categoria o tempo todo, assim, muitas de nossas greves são de resistência, não têm nada a ver com a questão eleitoral. Essa é a razão central da greve, o resto é subterfúgio do secretário para tentar passar uma imagem falsa sobre qual foi a motivação da greve.

Como está a questão dos 60 demitidos?
Dez já retornaram, eram companheiros que tinham estabilidade por serem da Cipa ou dirigentes sindicais. Alguns têm estabilidade pré-aposentadoria, então a Justiça deve determinar também a volta deles; os demais vamos tentar reintegrar através de negociação. Estamos tentando marcar uma conversa com o governador para resolver esse quadro. Quando o Tribunal julgou a greve ilegal, voltamos no mesmo dia e não estava previsto a demissão, portanto, estamos tomando medidas jurídicas e políticas para tentar reverter as demissões.

E como está o relacionamento político do sindicato com o governo Serra?
Estamos tendo dificuldade em negociar, achávamos que poderia ser diferente, melhor do que na administração Alckmin, mas não, piorou. O metrô tem ignorado acordos feitos com o Sindicato, alguns escritos, outros não, têm descumprido seguidamente esses acordos. Para nós o governo Serra piorou muito o relacionamento com o Sindicato.

A sua corrente (CSC) está discutindo sair da CUT e fundar uma central própria. Qual é a sua opinião sobre isso?
Vamos fazer um encontro no final de setembro na Bahia para definir esse quadro. Eu não emito opinião pessoal porque faço parte da direção da corrente e da CUT. A opinião que a maioria da direção vai defender em Salvador é que a CSC deve montar uma nova central sindical. Dentro da corrente tem gente que é contra isso, tem quem é a favor. Se for aprovada a criação de uma nova central, ela deve acontecer até dezembro.

O que se comenta no movimento sindical é que a principal motivação da CSC para sair da CUT é a questão econômica, para pegar uma parte dos recursos que serão destinados às entidades com a legalização das centrais. É essa a motivação principal?
Não, o que nos leva a discutir a possibilidade de construir outra central é o seguinte: antes, o movimento sindical era polarizado pela Força Sindical de um lado e a CUT de outro. Nesse quadro, evidentemente a CUT era a central reconhecida como de luta e de esquerda, portanto, não tivemos dúvida entre essas duas centrais. Hoje o movimento sindical se pulverizou, temos 14 centrais registradas e cinco que atuam com alguma representatividade. Nós temos uma grande representatividade, mas não conseguimos expressá-la. Essa falta de visibilidade das nossas posições políticas é a principal razão de pensarmos em formar outra central. Seríamos, seguramente, a terceira maior central sindical depois da CUT e da Força.

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