terça-feira, 31 de outubro de 2017

RESPEITA AS MINA




Fui assistir ao jogo do Palmeiras x Cruzeiro (30.out.2017) em um bar nas imediações do Allianz Parque (que continuo a chamar de Parque Antártica). É sempre uma experiência divertida e interessante quando não acaba em confusão (coisa que nunca presenciei ali).

Jogo nervoso, Cruzeiro à frente desde o início da partida por conta de um gol contra de Juninho, tensão na torcida que assistia pelo telão do bar. Xingamentos, muitos xingamentos, a cada passe mal dado, a cada roubada de bola do adversário, a cada lance. 

Xingava-se juiz, jogadores do time adversário, do próprio time, técnicos, até que do meio da pequena multidão que ocupava uma faixa da rua veio o grito - endereçado a um jogador do Cruzeiro, que obviamente não ouviria: "Eu já comi a vagabunda da sua irmã". Ao mesmo tempo, outra voz anônima, masculina, retrucou: "Respeita as mina". 

Por uma fração de segundo se fez silêncio. O "comedor" de irmãs de cruzeirense nada disse, ninguém vaiou, ninguém saiu em sua defesa, os olhos continuaram fixos na tela até explodir de alegria com o gol de empate do palestra verde.

Até o final da partida muitos outros palavrões foram ouvidos, muitos "tomar no cu", "caralho", "lixo", mas nenhum mais diretamente ofensivo à condição feminina.

Xingar pode, mas respeita as mina.  

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

RELATÓRIO DA CPI AFIRMA QUE NÃO HÁ DÉFICIT NA PREVIDÊNCIA



Senadores Hélio José (PROS-DF) e Paulo Paim (PT-RS), relator e presidente
a CPI da Previdência  
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência aprovou na quarta-feira, 25, o relatório do senador Hélio José (PROS-DF), que mostra que a Previdência não é deficitária, mas sofre um problema de gestão. “São absolutamente imprecisos, inconsistentes e alarmistas os argumentos reunidos pelo governo federal sobre a contabilidade da Previdência Social, cujo objetivo é a aprovação da PEC 287” (reforma da Previdência), afirmou o senador no dia 23, ao apresentar o resultado de seu relatório. O relatório foi aprovado por unanimidade na CPI, após um acordo para a retirada do pedido de indiciamento dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil). “Esta é a casa do bom acordo”, definiu o senador Hélio José.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A VOZ DO EMPRESARIADO


REFORMA TRABALHISTA: PROJETO PARA AUMENTAR O LUCRO DO CAPITAL


Há dez anos, em 2007, durante o Fórum Social Mundial realizado em Nairóbi (Quênia) um dos principais temas da pauta das entidades trabalhistas era a discussão sobre "trabalho decente". Europa e Estados Unidos começavam a dar sinais de chegada de uma grande crise cuja corda, como de costume na história do capitalismo, tenderia a arrebentar do lado dos assalariados.
O colapso norte americano em 2008, levando consigo grandes economia mundiais, atingiu pouco o Brasil na época, por conta da política de crescimento interno desenvolvida pelo governo, utilizando empresas e políticas públicas como "colchão" contra a crise que afetada boa parte do mundo.
O Brasil passou por essa fase da crise sem grandes sustos, mantendo a estabilidade econômica e o quase pleno emprego.

Modelo espanhol
Desde o início do século, a população da Espanha convive com o drama de elevadas taxas de desemprego no país (acima de 20% da mão de obra ativa), fruto, entre outros fatores, do conturbado processo de construção da União Europeia.
Em fevereiro de 2012, o país aprovou um projeto de reforma trabalhista cujo propósito explícito era reduzir a contratação de mão de obra temporária (trabalho precarizado) e diminuir taxas de desemprego, via redução salarial e de jornada e enfraquecer a representação sindical.
Logo após a entrada em vigor da reforma trabalhista espanhola o desemprego deu um salto estratosférico, chegando a quase 27% da população (principalmente, jovens). Analistas da economia espanhola identificam que isso ocorreu como forma de "reciclagem" salarial, ou seja, demissões em massa para recontratar com salários e direitos menores.  Dados oficiais do governo ibérico apontam para um redução constante da massa salarial. Entre 2011 e 2015, a renda média dos assalariados caiu 800 euros (cerca de 2.700 reais) por ano.
A desregulamentação laboral na Espanha foi uma das principais bases para o modelo brasileiro aprovado pelo governo golpista.

Desemprego a jato
A partir de 2004, as taxas de desemprego no país caíram constantemente, de 12,3% em 2003 para 5% em 2014. O início da operação Lava Jato, o cerco midiático contra a Petrobrás (responsável, então, por 13% do PIB brasileiro) e erros na condução da política econômica romperam esse círculo virtuoso.



Segundo matéria da revista Carta Capital, de março deste ano, a Operação Lava Jato é responsável por 3 a 4 milhões de desempregos no país nos últimos dois anos.  Em abril deste ano, a taxa de desemprego atingiu o índice recorde de 13,7% da PEA.
Assim, empresários, políticos conservadores, judiciário e mídia abriram a caixa de Pandora da crise para derrubar o governo Dilma, causando para isso a paralisia do país. Dado o golpe, utilizam a crise que gestaram para aprovar leis, como a reforma trabalhista e da terceirização, que visam, principalmente, reduzir o custo do trabalho ou, em bom português, aumentar os lucros já bilionários do empresariado.


Está é a lógica da nova regulamentação do trabalho, que entra em vigor em novembro e irá afetar a todos os assalariados.

Enfraquecer a representação
Assim como o modelo espanhol, a lei brasileira, além de diminuir o custo da mão de obra, enfraquece a representação sindical, que é o escudo dos trabalhadores contra a completa precarização do trabalho.
"Diante deste quadro temos de resistir e iremos para a greve se for necessário. No contexto do país, isso só começará a ser revertido quando elegermos um Congresso progressista e tirarmos os golpistas dos assentos que ocuparam por meio desta grande conspiração corrupta", afirma o coordenador do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, Juliano Deptula.


terça-feira, 17 de outubro de 2017


Enquanto aumenta o valor do gás, governo abre mão de R$ 1 trilhão em incentivos fiscais






O governo anunciou no dia 10.out.2017 novo aumento do valor do gás de cozinha. É a quarta alta em dois meses, o que fez o valor do botijão atingir uma alta acumulada de 44,8% (em dois meses!).

Enquanto as panelas que batiam em protesto ao governo anterior vão ao forno com esse expressivo aumento, está para ser votado no Congresso a Medida Provisória 795/2017, editada em setembro e que garante incentivos fiscais para a exploração do petróleo – uma renúncia fiscal calculada em R$ 1 trilhão de reais conforme estudos da Consultoria Legislativa da Câmara.

A MP 795 seguiu tramitação em tempo recorde em uma Comissão Mista presidida por José Serra, conhecido defensor dos interesses das petrolíferas estrangeiras. Após a rápida tramitação, Serra renunciou à presidência da Comissão no início de outubro. O relator é o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ). A intenção do governo é aprovar a MP até o dia 27 deste mês, quando a ANP (Agência Nacional de Petróleo) realizará a segunda rodada de leilões nas áreas do pré-sal. 

Pelas regras da medida provisória, a participação do Brasil em cada barril – na prática, a porcentagem que o país recebe de cada um deles – passará de 59,7% para 40%, uma das mais baixas do mundo.

O estudo da Consultoria Legislativa compara a participação estatal em vários países (veja reprodução ao lado) mostrando a posição do Brasil como uma das mais baixas do mundo, atrás da Líbia, Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Canadá e Venezuela, entre outros.    

O Congresso abriu consulta pública sobre a MP. Para participar acesse o link http://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/130444.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O PIOR CHÊ DE TODOS OS TEMPOS


Dia 9 de outubro completou 50 anos da morte do revolucionário Ernesto Chê Guevara. Argentino de nascimento, cidadão do mundo, comandante da revolução cubana, Chê foi assassinado na Bolívia quando tentava organizar a guerrilha naquele país.

Seu nome, seus ideais e sua estampa se tornaram símbolos mundiais de gerações que lutam por liberdade e utopia.

Entretanto, em 1969, dois anos após a sua morte, eis que Hollywood decide produzir um filme sobre a “vida” de Chê Guevara. Por “Hollywood” entenda-se a CIA. A revolução cubana completava dez anos, se fortalecia apesar de todo o boicote mundial (exceto da União Soviética e aliados), e representava uma ameaça direta aos projetos de controle dos EUA sobre o restante das Américas.

Ao mesmo tempo, a morte de Chê Guevara o elevara à condição de mito e herói mais do tivera em vida. Morto o homem, o império precisava matar o mito e tentou fazê-lo da forma que havia aprendido com Joseph Goebbels, ideólogo do nazismo que “ensinou” que uma mentira repetida mil vezes vira verdade.

O maior erro da carreira de Omar Sharif. Segundo ele próprio
Um vigoroso orçamento (para a época) de US$ 3 milhões, um elenco com atores de primeira, como o egípcio Omar Sharif (Chê) e Jack Palance (Fidel), e direção de Richard Fleischer, veterano diretor que um ano antes havia dirigido The Boston Strangler (O homem que odiava as mulheres), foram convocados para produzir a película “Chê!” (que no Brasil ainda ganhou o péssimo complemento de “a causa perdida”).

Jack Palance é um Fidel patético
Para tentar dar maior veracidade ao enredo, a narrativa mescla a forma de documentário com ficção. Na película, um patético Fidel Castro, eternamente de charuto na boca, que não sabe bem o que está fazendo no filme, na revolução e na vida, e um Chê Guevara frio e assassino, que coloca seu sadismo e descaso pela humanidade a serviço de seus interesses revolucionários. Não faltam mortes desnecessárias (para a revolução), hordas de “simples cubanos” sendo enviados para o paredão (fuzilamento) por ordem de Chê (enquanto Fidel, sempre de charuto na boca, está embriagado pelo poder), estupros e “depoimentos verídicos” de cubanos que afirmam odiar Chê e todo seu legado.   

E assim se desenrola o filme criando uma caricatura do comande Chê até culminar na grotesca última cena em que ele é capturado e antes de ser executado recebe a visita de um camponês boliviano, que diz que a vida só piorou depois que o comandante quis exportar sua revolução para o continente. Abatido, Chê aceita sua sentença como prova de seu fracasso mundial. Nada mais ridículo.
Cena em que Chê assina autorizações para fuzilamento
em massa sob olhares consternados da igreja e populares

Antes de o filme estrear, em 1969, Omar Sharif concedeu várias entrevistas afirmando que admirava Ernesto Guevara (sem concordar, necessariamente com seus métodos). Uma delas pode ser acessada aqui (em inlgês).

A recepção do público, no entanto, fez Sharif ter a exata dimensão da roubada em que havia embarcado. Em Paris, uma sala de cinema chegou a ser depredada e incendiada após a exibição do filme.


Em 2007, Omar Sharif admitiu publicamente que aquele foi o pior filme de sua vida e que toda a história e o roteiro foram manipulados pela agência estadunidense de inteligência. "Eu exigi fazer um filme que não tivesse um tom fascista", lembra Sharif, em entrevista à Agência Efe. A CIA estava por trás, queria fazer um filme que agradasse aos cubanos de Miami e eu só me dei conta disso no final", afirmou que ator que classificou o filme como um “produto fascista”. 

sábado, 7 de outubro de 2017

PRESIDENTE DA PETROBRÁS OFERECE ATÉ BEIJO PARA PRIVATISTAS



O jornal britânico Financial Times publicou reportagem na sexta-feira, 6 sobre as negociações da Petrobras para privatizar a BR Distribuidora.  Segundo a matéria, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, afirmou: "Temos de estar sempre preparados para que, se o mercado sorrir para nós, podemos ir até lá e dar um beijo".
O periódico britânico, tido como portavoz do grande empresariado internacional, é francamente privatista e traça um cenário que aponta as vantagens dos investimentos estrangeiros na Petrobrás e suas subsidiárias – a BR Distribuidora está com valor estimado entre R$ 30bi e R$ 40bi, uma pechincha que já levou grupos nacionais, como o Itaúsa e a rede Lojas Americanas e se interessarem pelo negócio privatista.
Por que uma rede de lojas teria interesse em distribuição de gasolina? Além do lucro garantido da operação, pense nas milhares de lojas de conveniência dos postos de gasolina e terá uma boa ideia por andam passam os interesses do mercado privado e de seus lacaios entreguistas, que estão em postos de comando de empresas estratégicas, como é o caso de Pedro "Prada" Parente.
A matéria completa do Financial Times pode ser acessada pelo link https://www.ft.com/content/4a7b66f2-a377-11e7-b797-b61809486fe2?mhq5j=e5 (em inglês). O site Brasil 247 publicou uma versão resumida da matéria em português (https://www.brasil247.com/pt/247/economia/321155/Financial-Times-Parente-corre-para-vender-BR-Distribuidora.htm)     
Pedro Parente e o Conselho de Administração seguem firmes em seu intento de desmontar a maior companhia do país. Os gringos agradecem, mas declinam do beijo.