Senadores Hélio José (PROS-DF) e Paulo Paim (PT-RS), relator e presidente a CPI da Previdência |
Reforma de FHC
O relatório da CPI parte de uma análise histórica da seguridade
no país e atribui a gênese dos problemas à reforma imposta no governo Fernando
Henrique (1995-2002). As pesquisadoras Rosa
Maria Marques, Mariana Batich e Áquilas Mendes analisam em sua tese sobre a
Previdência que
“Embora o poder Executivo tivesse colocado em discussão a reforma da previdência já nos primeiros anos de 1990, mal tinham sido decretadas as leis 8.212 e 8.213, que regulamentavam o custeio e os benefícios previdenciários, segundo as determinações da Constituição de 1988, somente em 1995 tomou as providências para mudar os dispositivos constitucionais que permitiriam as mudanças que considerava necessárias. Assim em março de 1995, [FHC] apresentou ao Congresso Nacional a proposta de emenda constitucional conhecida como PEC 33. As discussões a respeito ficaram em pauta até julho de 1996. Devido às repercussões negativas que suscitou em relação alguns aspectos da proposta, sofreu reformulações, sendo reapresentada em 1997. No dia 15 de dezembro de 1998, finalmente foi aprovada a Emenda Constitucional n º 20”.
Para
o relator da CPI, o governo FHC “atingiu de morte a visão sistêmica e integrada
da seguridade” ao retirar a compensação financeira entre a Saúde, a
Previdência e a Assistência Social (três campos que compõem o sistema de
seguridade no país). “Tal autonomia provocou o desmembramento das áreas em
detrimento de uma ação coordenada e sistêmica”, afirma o relatório.
A
criação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), também no governo FHC, é
apontada pelo relatório como mais um fator de desestabilização da Previdência
Social. “Uma parcela significativa dos recursos destinados ao financiamento da
Previdência foi redirecionada. Segundo cálculos da Associação Nacional dos
Auditores Fiscais (Anfip), entre 2005 e 2014 um montante da ordem de R$ 500
bilhões foi retirado da Previdência via DRU”, diz o relatório.
Instalada no final de abril, a CPI realizou 26 audiências públicas, ouviu mais de 140 pessoas e teve como
presidente o senador Paulo Paim (PT-RS). A assessoria do senador informou que deseja
acelerar a tramitação do relatório nas comissões e no plenário do Senado para
que ele seja apreciado antes que a Câmara analise a proposta de reforma da
Previdência proposta pelo governo, cujo objetivo final é transferir recursos da
Previdência pública para os sistemas privados de seguridade oferecidos por
instituições financeiras.
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