sexta-feira, 13 de junho de 2008

Mais um trabalhador acidentado na Petrobrás

Na madrugada do dia 11/06 houve um vazamento de cloro durante uma troca de cilindro na estação de tratamento de água (ETA), provocando a intoxicação do técnico de operação Gabriel Silva Patriarca.
O trabalhador foi encaminhado para o ambulatório e, de lá, para a Santa Casa de Limeira, onde permanecia internado, em estado grave, até a noite da sexta-feira, 13. “Novamente, a Petrobrás negligenciou aspectos de segurança, o que acabou vitimando mais um trabalhador, não podemos aceitar isso como um efeito natural do processo de trabalho, isso é um crime contra pessoas que trabalham, têm família e têm o direito de ir trabalhar e voltar com segurança”, afirmou o coordenador do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo, Itamar Sanches.
Outro problema que ficou evidente após esse acidente é a falta de estrutura nos departamentos médicos. “Como trabalhador da Replan, fico preocupado ao perceber que o número de técnicos de enfermagem pode ser suficiente para o dia-a-dia, mas quando ocorre um acidente como esse, em que o profissional da área de saúde precisa acompanhar o trabalhador até o hospital, os demais companheiros da Refinaria ficam descobertos, é necessário aumentar o número de efetivos”, avalia o diretor do Unificado, Jefferson de Paula.
Subnotificação – A Federação dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos têm cobrado providências da Petrobrás para coibir sistematicamente a subnotificação de acidentes. Apesar do acordo feito em 2006 com o Ministério Público do Trabalho, no qual a empresa se compromete a emitir as CATs sem omissão de informações, não tem sido esta a conduta das gerências da Petrobrás. A subnotificação tem se tornado um mal crônico na gestão da empresa, a ponto dos próprios setores de saúde ocupacional referendarem ações que mascaram os índices de afastamento.
Uma das práticas mais comuns é a gerência abonar os dias que o trabalhador precisa ficar afastado em função do acidente sofrido. Na Repar, por exemplo, ocorreu recentemente um fato absurdo: um médico da refinaria deu alta para um trabalhador acidentado, informando, por escrito, que ele estava apto ao retorno, mas “com restrição absoluta de atividades”.
“Quando um gerente ou diretor for preso por crime contra um trabalhador, aí vamos começar a mudar essa realidade na Petrobrás, e estamos nos esforçando para que esse dia chegue logo”, afirma Antonio Carlos Spis, diretor do Unificado e da executiva nacional da CUT.

Sindicato dos Petroleiros lança livro


O Sindicato Unificado dos Petroleiros reuniu em um livro as principais matérias publicadas no jornal Petroleir@s durante o ano de 2007. O objetivo não foi fazer uma retrospectiva do ano de 2007, mas, por meio de matérias atemporais, refletir sobre temas importantes da conjuntura nacional e internacional, de saúde e segurança, entre outros, e deixar registrada a opinião da diretoria do Sindicato e de colaboradores. O livro reúne textos de diversos autores, como o cientista político Emir Sader, o jurista Fábio Konder Comparato e o jornalista Paulo Henrique Amorim. organização e edição ficaram sob responsabilidade do jornalista Norian Segatto, que também assina a maioria dos textos. “É importante deixar registrada a memória sindical, apesar de as matérias já terem sido veiculadas em jornal, tenho certeza que muitas pessoas acabam não lendo todas as matérias, e mesmo quando lêem não se recordam depois de algum tempo, porque jornal é uma mídia imediata. O registro em livro de temas gerais dá a oportunidade de se ler com mais atenção, comparar o que se dizia em determinada época com os acontecimentos que ocorreram posteriormente, acho que outras entidades sindicais deveriam adotar práticas semelhantes, com a publicação, a diretoria do Sindicato cumpre seu papel de fomentar o debate de idéias e a reflexão política sob a ótica classista”, avalia Norian.
O livro está sendo distribuído gratuitamente para a categoria petroleira.

Pitta condenado

O ex-prefeito Celso Pitta (PTB), o secretário de Comunicação de sua gestão, Antenor Braido, e o publicitário Duda Mendonça foram condenados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a devolverem R$ 1,294 milhão à Prefeitura. O valor se refere a gastos com a divulgação do “quarto turno” do Programa de Saúde (PAS), feito de forma irregular em período eleitoral. A ação civil pública foi impetrada pelos médicos Célio Levyman e Tito Nery e pelo radialista João Carlos Roxo. “Foi uma ação demorada, mas fico feliz que tenha chegado ao final e os cofres públicos possam ser ressarcidos”, afirmou Dr. Tito

Ética de Demo

A executiva do Partido Democrata (DEM, ex-PFL) se reuniu na semana passada para decidir qual punição aplicará ao vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó. O “crime” do vice-governador foi denunciar um esquema de corrupção envolvendo o chefe da Casa Civil do estado, César Busatto. As denúncias provocaram uma séria crise no governo tucano de Yeda Crucis, que corre o risco de impeachment. De fato, lugar de pessoas que denunciam atos corruptos não é no ex-PFL.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Doutor, vá à merda!


A história e o texto são antigos, o processo é de 2005, envolvendo um advogado de Niterói que processou o condomínio em que morava, exigindo que os porteiros tratassem o dito cujo por "doutor" e "senhor". Apesar de ser caso antigo vale a pena ler o parecer do juiz sobre o caso, este é mais um exemplo de como é pobre de espírito boa parte de "nossa" (sua, cara pálida, não minha) burguesia.


PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO COMARCA DE NITERÓI - NONA VARA CÍVELProcesso n° 2005.002.003424-4S E N T E N Ç ACuidam-se os autos de ação de obrigação de fazer manejada por ANTONIOMARREIROS DA SILVA MELO NETO contra o CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LUÍZA VILLAGE eJEANETTE GRANATO, alegando o autor fatos precedentes ocorridos no interior do prédio que o levaram a pedir que fosse tratado formalmente de 'senhor'. Disse o requerente que sofreu danos, e que esperava a procedência do pedido inicial para dar a ele autor e suas visitas o tratamento de 'Doutor', senhor' 'Doutora', 'senhora', sob pena de multa diária a ser fixadajudicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários mínimos.(...)DECIDO. 'O problema do fundamento de um direito apresenta-se diferentemente conforme se trate de buscar o fundamento de um direito que se tem ou de um direito que se gostaria de ter.' (Noberto Bobbio, in 'A Era dos Direitos', Editora Campus, pg. 15). Trata-se o autor de Juiz digno, merecendo todo o respeito deste sentenciante e de todas as demais pessoas da sociedade, não se justificando tamanha publicidade que tomou este processo. Agiu o requerente como jurisdicionado, na crença de seu direito. Plausível sua conduta, na medidaem que atribuiu ao Estado a solução do conflito. Não deseja o ilustre Juiz tola bajulice, nem esta ação pode ter conotação de incompreensível futilidade. O cerne do inconformismo é de cunho eminentemente subjetivo, e ninguém, a não ser o próprio autor, sente tal dor, e este sentenciante bem compreende o que tanto incomoda o probo Requerente. Está claro que não quer, nem nunca quis o autor, impor medo de autoridade, ou que lhe dediquem cumprimento laudatório, posto que é homem de notada grandeza e virtude. Entretanto, entendo que não lhe assiste razão jurídica na pretensão deduzida. 'Doutor' não é forma de tratamento, e sim títuloacadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julga merecedora de um doutoramento. Emprega-se apenas às pessoas que tenham tal grau, e mesmo assim no meio universitário. Constitui-se mera tradição referir-se a outras pessoas de 'doutor', sem o ser, e fora do meio acadêmico. Daí a expressão doutor honoris causa - para a honra -, que setrata de título conferido por uma universidade à guisa de homenagem a determinada pessoa, sem submetê-la a exame. Por outro lado, vale lembrar que 'professor' e 'mestre' são títulos exclusivos dos que se dedicam ao magistério, após concluído o curso de mestrado.Embora a expressão 'senhor' confira a desejada formalidade às comunicações - não é pronome -, e possa até o autor aspirar distanciamento em relação a qualquer pessoa, afastando intimidades, não existe regra legal que imponha obrigação ao empregado do condomínio a ele assim se referir.O empregado que se refere ao autor por 'você', pode estar sendo cortês, posto que 'você' não é pronome depreciativo. Isso é formalidade, decorrente do estilo de fala, sem quebra de hierarquia ou incidência de insubordinação. Fala-se segundo sua classe social. O brasileiro tem tendência na variedade coloquial relaxada, em especial a classe 'semi-culta', que sequer se importa com isso. Na verdade 'você' é variante - contração da alocução - do tratamentorespeitoso 'Vossa Mercê'. A professora de linguística Eliana Pitombo Teixeira ensina que os textos literários que apresentam altas freqüências do pronome 'você', devem ser classificados como formais. Em qualquer lugar desse país, é usual as pessoas serem chamadas de 'seu' ou 'dona', e isso é tratamento formal. Em recente pesquisa universitária, constatou-se que o simples uso do nome da pessoa substitui o senhor/ a senhora e você quando usados como prenome, isso porque soa como pejorativo tratamento diferente. Na edição promovida por Jorge Amado 'Crônica de Viver Baiano Seiscentista', nos poemas de Gregório de Matos, destacou o escritor que Miércio Táti anotara que 'você' é tratamento cerimonioso. (Rio de Janeiro/São Paulo, Record, 1999). Urge ressaltar que tratamento cerimonioso é reservado a círculos fechados da diplomacia, clero, governo, judiciário e meio acadêmico, como já se disse. A própria Presidência da República fez publicar Manual de Redação instituindo o protocolo interno entre os demais Poderes. Mas na relação social não há ritual litúrgico a ser obedecido. Por isso que se diz que a alternância de 'você' e 'senhor' traduz-se numa questão sociolingüística, de difícil equação num país como o Brasil de várias influências regionais.Ao Judiciário não compete decidir sobre a relação de educação, etiqueta, cortesia ou coisas do gênero, a ser estabelecida entre o empregado do condomínio e o condômino, posto que isso é tema interna corpore daquela própria comunidade.Isto posto, por estar convicto de que inexiste direito a ser agasalhado, mesmo que lamentando o incômodo pessoal experimentado pelo ilustre autor, julgo improcedente o pedido inicial, condenando o postulante no pagamento de custas e honorários de 10% sobre o valor da causa. P.R.I.
Niterói, 2 de maio de 2005.

ALEXANDRE EDUARDO SCISINIO

Juiz de Direito

Fundacentro promove seminário sobre silicose

Nos dias 1 e 2 de julho de 2008, a Fundacentro, em parceria com a Prefeitura de São Paulo, o Ministério Público do Trabalho, o Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos de São Paulo e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mármores e Granitos realiza o seminário nacional "Prevenção e Controle da Exposição aos agentes Ambientais em Marmorarias: da pesquisa à prática".
O evento terá como finalidade apresentar os resultados das pesquisas desenvolvidas pela Fundacentro e instituições parceiras e divulgar as ações e recomendações para a redução dos riscos de doenças ocupacionais e de acidentes do trabalho em marmorarias.
O Seminário acontece no Conselho Regional de Química, à rua Oscar Freire, 2.039. Mais informações pelo telefone (11) 3066.6116, Divisão de Eventos da Fundacentro.
Outras informações sobre o evento poderão ser adquiridas no endereço eletrônico http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/eventos_detalhes.asp?E=785.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

As duas faces de Denise


A mídia cria anjos e demônios de acordo com as conveniências da disputa política
Logo após o acidente com o avião da TAM, no aeroporto de Congonhas, a imprensa correu para colocar a culpa no governo, em particular na ANAC (Agência Nacional de Aviação Comercial). Para reforçar na população a idéia de vilões, a mídia publicou à exaustão a imagem da ex-diretora da Agência, Denise Abreu, fumando um charuto, em uma festa, fora de seu horário de trabalho. Ela foi retratada como a pior vilã da novela das 8. O avião da TAM caiu por falta de manutenção, mas a culpa foi do governo, tentou colar a imprensa neoliberal. Não colou.


Agora, a mesma Denise volta à cena, atacando a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. E, pasmem, desta vez a mesma "ex-diabólica" Denise aparece nas foto como um anjo de candura. A Folha de S.Paulo chegou a publicar sua foto com as mãos entrelaçadas, como que fazendo uma oração. Quanto mimo. A imprensa é assim mesmo, meus caros, anjos ou demônios são eleitos ao sabor dos ventos das disputas políticas. Como Dilma é forte candidata à sucessão do presidente Lula, os ataques a ela só se intensificarão até as eleições presidenciais. Podem esperar muita baixaria e pouca informação da mídia neoliberal.

domingo, 1 de junho de 2008

Fernando, me perdoa, o mais novo lançamento da Limiar


Conto é como corrida de cem metros rasos, tem que ter pegada, não pode perder o fôlego, mas atenta tirar o ar da garganta do leitor. A complexidade dessa aritimética gramatical parece tornar-se simples nas linhas dos contos de Ricardo Lahud.
Desde a epígrafe de cada conto não esconde – ao contrário, escancara – suas preferências. Navega preciso por autores como Kafka, Charles Dickens, Drummond e Nelson Rodrigues; do regionalismo de Simões Lopes Neto ao universo de Clarice Lispector, e, claro, de Pessoa, o Fernando do título. Apesar das díspares referências, os contos selecionados para este livro guardam entre si um fio de Ariadne, invísivel, mas sempre presente, conduzindo o leitor a um universo que mescla o fantástico ao cotidiano, o insólito ao prosaico.
Cada conto vem precedido de epígrafe de um autor cuja obra Ricardo Lahud flerta, às vezes pelo estilo, como em “Amantes”, com epígrafe de Nelson Rodrigues, outras com a gênese da temática, como no conto que dá título ao livro.
Como o poeta, Lahud é um fingidor, finge ser simples escrever sobre a complexidade do cotidiano e transforma palavras em um jogo de mostrar e esconder, instgando o leitor a encontrar outras referências. Como diz Moacyr Scliar no prefácio deste livro, Ricardo Lahud surpreende o leitor: o final de cada conto é um convite para o próximo. Se você não acredita, lanço aqui um desafio: escolha aleato-riamente um conto, leia e veja se consegue parar de ler os demais até esgotar a última linha e ainda ficar com o gosto de quero mais.

Ricardo Lahud é um jovem escritor paulistano que vem construindo uma carreira literária sólida. Nos oito primeiros anos deste século já ganhou uma centena de prêmios literários com contos, poesias e crônicas.
Além de Fernando, me perdoa, é autor de Noite de Colheita (2007, Via Lettera) e O gordinho e o poeta (2007, Ofício das Palavras), todos premiados pelo PAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Foi o único autor com dois projetos literários selecionados nos PACs de 2006 e 2007.