sábado, 26 de abril de 2008

1º de Maio, muito mais de que um dia de festa

A tarde era nublada e o vento anunciava que a noite seria fria. A praça estava lotada, olhos atentos e preocupados de homens e mulheres se mesclavam a gestos de inocentes crianças, que brincavam sem saber que eram coadjuvantes de um momento importante da história do país. No palco improvisado sobre um caminhão de som, Lula e Jair Meneguelli comandavam o ato de 1º de maio de 1982.
Na tarde nublada em São Bernardo do Campo os corações estavam quentes. Em campanha salarial, a categoria dos metalúrgicos – tal qual o símbolo do sindicato, o personagem “João Ferrador” – não estava para festa.
Os dirigentes sindicais terminaram seus discursos solicitando que todos voltassem para suas casas com calma, sem aceitar a provocação da penca de policiais que cercava a praça. Por motivos de segurança foi pedido para que os pais e mães com crianças saíssem primeiro. Não era dia de festa, era de protesto.
O que se viu na seqüência foi quase uma guerra campal entre trabalhadores e a tropa de choque da polícia do estado. Fardados em seus cavalos e camburões, PMs não poupavam seus cassetetes e eram revidados com paus e pedras. Das janelas dos apartamentos, a população jogava objetos contra os policiais, em solidariedade àqueles trabalhadores que, mesmo sem saber, escreviam e mudavam a história do país.
Havia muita fumaça de gás lacrimogêneo, gritaria, corre-corre; lojas abrigavam operários e estudantes que fugiam da repressão. Uma máquina de escrever arremessada de uma janela estourou a poucos metros de um camburão, assustando os policiais. Também me assustei com a cena, mas ri em seguida vendo os PMs pulando feito pipoca para descobrir de onde partira aquele artefato tornado bélico.
A tarde fria terminou quente, com várias prisões.
Os tempos são outros, aquele líder sindical hoje comanda uma das maiores economias do mundo e muito do que se reivindicava na época foi obtido, com luta, suor, prisão e umas borrachadas nas costas.
Hoje, o 1º de Maio é um dia de festa, com artistas de renome. E é bom que assim seja também. Quem muito lutou, como o trabalhador brasileiro faz todo dia, merece um dia de festa para descontrair. Lutamos muito, não conquistamos tudo, mas avançamos, e temos o direito de comemorar.

Petroleiros da Bahia: Chapa da CUT vence com 76% dos votos

Terminou na madrugada do sábado, 26 a apuração da eleição do Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia. A Chapa 1, Unidade e Luta, apoiada pela CUT e FUP obteve 5.211 votos, o que correspondeu a 76,2% dos votos válidos.
A base da Bahia, principal sindicato do Norte e Nordeste, conta com aproximadamente 13 mil sindicalizados.
A vitória da chapa da FUP, como já ocorreu recentemente em Minas Gerais e no Espírito Santo, demonstra que a defesa da unidade da categoria em nível nacional tem prevalecido sobre o discurso derrotista dos que nada fazem.
"Quem investe na divisão da categoria neste momento está traindo os petroleiros e petroleiras e tentando fazer o movimento sindical andar para trás. Levamos muitos anos para recuperar o que o governo FHC nos tirou, e agora alguns setores que não têm propostas querem jogar no lixo anos de história e luta", comenta o diretor do Unificado João Antonio Moraes que acompanhou as eleições na Bahia juntamente com os companheiros Danilo e Edson.
A vitória da Chapa 1 também foi consagrada entre os aposentados num total de mais de 7 mil votantes. Este resultado comprova que a categoria petroleira acredita que a unidade nacional em torno da FUP e da CUT é fundamental nas lutas e conquistas dos trabalhadores.
Vitória se repete em outros estados
No Sindipetro-MG, que encerrou a eleição no dia 18, a Chapa 1, apoiada pela FUP e CUT obteve 65% dos votos, frustrando a tentativa de divisão da categoria. A defesa da unidade nacional da categoria tem sido a tônica nas eleições sindicais. No Espírito Santo, os petroleiros sequer aceitaram a formação de uma chapa de oposição, cuja intenção era atacar a FUP e a CUT. A chapa do Sindipetro-ES foi referendada por 96% dos eleitores.
Também no Sindipetro PR/SC a eleição contará com chapa única. O pleito acontece entre 5 e 9 de maio.
Em janeiro, a direção do Sindipetro-Ceará foi eleita em chapa única. No ano passado, mesmo com a oposição tentando impor a divisão, os petroleiros de Pernambuco/Paraíba, do Amazonas e de Duque de Caxias disseram sim à unidade, elegendo direções sindicais comprometidas em fortalecer a organização nacional da categoria.

sábado, 19 de abril de 2008

O estranho mundo da publicidade


Circula pela TV uma inserção publicitária que contra-argumenta a proposta de se proibir propaganda de cerveja, afirmando não ser a dita linfa responsável por acidentes de trânsito, crimes, brigas de casais e que tais. A responsabilidade seria, vejam só, de quem bebe.
Saindo de um óbvio para outro, a função da publicidade é vender um produto, aumentar sua venda, transformar uma marca em um conceito e por aí vai. Sob essa lógica do lucro como senhor absoluto, ela precisa gerar novos consumidores, criar mecanismos factuais (sorteio de algum bem material, por exemplo) ou psíquico-culturais (patrocinar a seleção de futebol, ainda exemplo). Em outras palavras, a publicidade é a mãe dos consumidores. Quem pariu Mateus...
Dr. Frankstein foi condenado por criar o monstro à semelhança do homem. A publicidade de cerveja tem, sim, parcela importante de responsabilidade em diversas mazelas brasileiras e a exemplo da de cigarro, deve ser banida: a sociedade tem o direito e o dever de decidir sobre o que quer ver.
O debate a respeito da proibição de propaganda de cerveja encontra-se na Câmara Federal, que analisa a Medida Provisória 415/08, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas margens de rodovias federais.

O que a Igreja Católica acha?
A igreja trava uma nova cruzada em defesa da vida do que sequer nascido é, no caso das pesquisas com células-tronco, mas cala-se diante de um fato que pode ter passado despercebido para alguns. No jingle de uma certa marca de cerveja, Zeca Pagodinho canta “logo cedo me levanto, me benzo e vou trabahar!”. Oops, “me benzo”? O ato de se benzer faz parte da liturgia católica, assim, a dita publicidade é voltada para esse público, que por acaso se constitui na maioria do povo brasileiro.
Vamos lá: uma empresa de cerveja contrata um cantor popular para dizer aos católicos: bebam cerveja! E aí, CNBB? Fazer lobby, protestar, usar a influência da Igreja contra as pesquisas com embriões, que podem salvar muitas vidas, pode... mas e contra a sanha publicitária sobre os católicos? Alguém quer levar o rebanho do Senhor a consumir esse líquido que induz a pecados e crimes, que provavelmente é fermentado na baba do diabo e a Igreja Católica não solta sequer uma nota a respeito?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Isto É maninupla imagem em favor de Serra

Isto era assim...
Ficou assim...
A revista Isto É (mais conhecida como "Quanto é") manipulou na edição de 9 de abril (nº 2005) a foto de Cristiano Machado, fotógrafo da Folha Imagem. Na manipulação bem chula, com claras intenções políticas, limparam o protesto contra SERRA na foto. Até para fazer uma rudimentar operação de photoshop essa publicação é ruim.
Manipular, adulterar ou cortar uma foto sem a autorização expressa do autor, fere a Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 (Lei do Direito Autoral).
Quando vi a imagem na revista achei que havia algo errado, a pintura em cima do nome do Serra é bem mal feita. Pesquisei e encontrei a resposta no blog do Jesus Carlos. Vamos divulgar essas imagens para que mais pessoas saibam como atua a nossa "mídia independente".

terça-feira, 15 de abril de 2008

2/3 da Comissão de Minas e Energia recebeu doação do setor

Por Erich Decat
A maioria dos novos integrantes da Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara, que assumiu como o colegiado em março, teve parte da campanha eleitoral paga por empresas do setor. Dos 30 titulares que compõem a CME, 20 deputados receberam cerca de R$ 3,5 milhões em doações nas últimas eleições. Entre os beneficiados, estão o presidente da comissão, Luiz Fernando Faria (PP-MG), e a vice-presidente, Rose de Freitas (PMDB-ES).
Cada um recebeu, respectivamente, R$ 355 mil e R$ 130 mil. Para o cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), a ligação entre empresas e parlamentares que atuam nas comissões da Casa é um fato “corriqueiro”, que iguala as votações a um "jogo de cartas marcadas".
Entre as doadoras, estão 49 empresas que atuam no setor de distribuição de derivados de petróleo, de instalação de gás, de fundição, de administração de usinas elétricas, de siderurgia, de destilação de combustíveis e de criação de linhas de energia.
A CME atua na realização de políticas e modelos para o setor mineral e energético brasileiro. Trata da busca de fontes convencionais e alternativas de energia, de pesquisa e exploração de recursos energéticos, da política e estrutura de preços, da comercialização e industrialização de minérios, e do regime jurídico do setor.
As empresas ligadas à mineração são as maiores financiadoras das campanhas dos parlamentares da comissão, tendo desembolsado cerca de R$ 2,9 milhões nas eleições passadas, ou cerca de 80% do total. As empresas de energia doaram os outros 20%.
Do montante doado pela mineração, os governistas receberam R$ 1,8 milhão; já os parlamentares da oposição ficaram com R$ 1,1 milhão.

CUT divulga preparativos do 1º de maio

Os presidentes da CUT/SP, Edílson de Paula, e da CUT Nacional, Artur Henrique, concedem na quinta-feira, dia 17 de abril, às 11h, coletiva à imprensa sobre os preparativos do Dia Internacional dos Trabalhadores. A coletiva será concedida no auditório da Central, situado na Rua Caetano Pinto, 575 – 1º andar – Brás.
Nos últimos quatro anos, a Central realizou o mega-evento na Av. Paulista e no ano passado na esquina da Av. São João com a Ipiranga, que reuniu cerca de 800 mil pessoas. Neste ano, a CUT promoverá quatro megaeventos - um deles acontecerá no autódromo de Interlagos, localizado na zona sul de São Paulo, onde a Central espera reunir 1 milhão de trabalhadores.
As principais bandeiras de luta do 1º de Maio da CUT 2008 são a: “Redução da Jornada de Trabalho, de 44 horas para 40 horas semanais, sem redução nos Salários”, e a celebração dos seus 25 anos de fundação.

Coletiva
Data: 17 de abril (quinta-feira)
Horário: 11h
Local: Auditório da CUT (Rua Caetano Pinto, 575 – 1º andar)

sábado, 12 de abril de 2008

Você já morreu hoje?

Bacia de Campos da Petrobrás registra sexta morte no ano


Ia começar este texto com uma frase que já utilizei em outras matérias, avisando ao leitor que antes que terminasse de lê-la, teria ocorrido uma morte ou mutilação por acidente de trabalho. Mal terminei a frase recebi a notícia de que na madrugada do dia 12, o auxiliar da plataforma P-17, da Petrobrás na Bacia de Campos (RJ), Evandro Pereira Dias, de 34 anos, participava da movimentação de um raiser (cesta metálica) quando foi atingido pelo cabo de içamento e foi esmagado. Trabalhador há 9 anos da Perbras, empresa terceirizada da Petrobrás Evandro, morreu a bordo da plataforma. Uma Comissão de Investigação está sendo formada e contará com a participação de um diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.
Não coincidentemente, os trabalhadores da Pebras na Bahia e em Pernambuco se encontravam em greve por melhores condições de trabalho, como se antevissem o anúncio de um acidente. “Se não mudarmos a política de segurança da Petrobrás, infelizmente novos acidentes irão ocorrer, isso não é fatalidade, é assassinato”, previne o diretor do Sindicato dos Petroleiros de São e da FUP-CUT (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio Moraes.
No Brasil ocorre anualmente meio milhão de acidentes de trabalho ou no trajeto, o que corresponde a um acidente por minuto.
O sistema Petrobrás contribui assiduamente para essas estatísticas. Ao longo dos oito anos de governo FHC ocorreram 179 mortes nas unidades da empresa, sendo 138 de trabalhadores terceirizados. Nos seis anos de governo Lula, já foram contabilizadas 87 vítimas de acidentes fatais, 77 desses terceirizados.

Mobilização nacional
Para dar um basta a essa situação,a FUP e seus sindicatos estão convocando os petroleiros para discutir o calendário de lutas para o próximo 28 de abril, Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho. A FUP indicou mobilizações em suas bases, em memória dos petroleiros que pagaram com a vida o descaso da Petrobrás com a segurança no ambiente de trabalho.

Você chegou ao final do texto. Em algum lugar deste país um trabalhador(a) morreu ou foi acidentado. Torça para que não tenha sido um conhecido seu.

Por que o dia 28

Em 28 de abril de 1969 a explosão de uma mina no estado da Virgínia (EUA) matou 78 trabalhadores. A tragédia marcou a data como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho. Em 2003 a OIT adotou o 28 de abril como o dia oficial da segurança e saúde nos locais de trabalho. Em maio de 2005, no Brasil, a data foi instituída nacionalmente pela Lei nº 11.121/2005.






quarta-feira, 9 de abril de 2008

Privatização do BRB

O Sindicato dos Bancários de Brasília divulga, nesta quinta-feira 10 de abril, pesquisa de sondagem de opinião pública a respeito da privatização do BRB, feita por empresa especializada a pedido da entidade. O evento será realizado no Teatro dosBancários (EQS 314/315 Sul), às 19h30. Haverá a exposição técnica detalhada da pesquisa, seguida de debate sobre o assunto,com a participação dos bancários.
Sindicato dos Bancários de Brasília
www.bancariosdf.com.br (61) 3346-9090 / (61) 3346-2210