quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fórum Social Mundial: UNE e FUP debatem pré-sal e recursos para a educação





O mau tempo sobre a capital gaúcha atrapalhou as atividades da quarta-feira, 27, terceiro dia do Fórum Social Mundial 2010. Os principais debates foram transferidos para o período da tarde, o que gerou um pequeno corre-corre para colocar avisos na Usina do Gasômetro informando sobre alterações de locais e horários de palestras e oficinas.
Um desses debates, promovido pela UNE e UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) discutiu a bandeira de 50% das receitas do pré-sal para a Educação. Previsto para iniciar às 14h, o evento atrasou cerca de duas horas, mas contou com um bom público, que lotou a tenda da UJS (União da Juventude Socialista), instalada na parte de fora da Usina do Gasômetro.
Por mais de duas horas, a mesa composta pela deputada federal Maria do Rosário (PT), por Augusto Chagas (presidente da UNE), João Moraes (FUP), Igor (MST), Cristina (CNTE) e Raul Berkman, da Aepet, debateu os diversos aspectos da complexidade do tema pré-sal e recursos para a educação. A deputada petista salientou que a luta que se trava pelos destinos do pré-sal é a disputa de distintos projetos para a sociedade e que o “pré-sal só existe porque existe um Estado brasileiro que se posicionou contra a privatização”.
Segundo Maria do Rosário, a educação deve ser um dos temas centrais a ser tratado quando se fala em recursos do pré-sal, mas, segunda a parlamentar, não se deve restringir essa questão a aspectos financeiros. “Temos de debater o conteúdo da educação, porque educação não é mercadoria”, afirmou.
O segundo debatedor, Raul Beckman, fez uma palestra técnica ao feitio de sua formação em engenharia e surpreendeu a plateia ao enumerar as dificuldades operacionais de se retirar óleo e gás a uma profundidade de mais de 2 mil metros e que os recursos do pré-sal, calculando-se o barril de petróleo a 100 dólares (atualmente encontra-se na faixa de US$ 70), pode gerar recursos na ordem de 10 trilhões de dólares, uma montanha inimaginável de dinheiro suficiente para garantir a gestação de um novo país, ou para tornar as nações ricas ainda mais ricas à custa das riquezas brasileiras.
A questão da politização do debate sobre o pré-sal foi o centro da intervenção do coordenador da FUP, João Moraes, que iniciou afirmando que o petróleo é um produto finito e poluidor, e que o mundo deve buscar matrizes energéticas alternativas. Após explicar rapidamente o projeto de lei defendido pela Federação e por movimentos sociais, Moraes insistiu na necessidade de a luta pelo pré-sal não se limitar ao Congresso. “Esse debate não pode se reduzir ao parlamento, é necessário que mais pessoas tenham conhecimento desse tema e que os estudantes, os trabalhadores e os movimentos sociais saiam às ruas para realizar um grande movimento de massa em defesa da soberania nacional”. “A direita”, continuou, “tenta nos dividir, jogar estudantes contra trabalhadores, petroleiros contra companheiros sem terra, mas eles não vão conseguir, porque esse é um movimento do povo brasileiro, um povo que amadureceu na compreensão do papel do Estado no desenvolvimento do país”.
Sobre a destinação dos recursos para Educação, Moraes concordou com a necessidade de haver investimentos pesados e de longo prazo na área, mas alertou às entidades e líderes estudantis para o cuidado de não isolar essa justa reivindicação do rol de bandeiras do movimento social.
O representante do MST, Igor, seguiu a mesma linha de raciocínio de João Moraes, alertando para o potencial que o tema do pré-sal tem para unir a esquerda e discutir com a sociedade projetos de país. Para ele, o pré-sal gera a possibilidade de discutir a erradicação da pobreza, o controle social sobre as empresas públicas, a reforma agrária e tantos outros projetos de país que colocam em campos opostos a maioria da população e suas organizações e o discurso prepotente do pensamento único neoliberal.
Augusto Chagas, da UNE, encerrou os debates reforçando a necessidade de união das organizações populares. “Nesta sexta-feira teremos aqui no Fórum uma grande assembléia dos movimentos sociais e em maio, em São Paulo, a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) realiza uma assembleia nacional para tirarmos uma pauta ampla de reivindicações que servirão de base para as lutas populares e para a disputa eleitoral do segundo semestre”.
Todos os debatedores - à exceção da deputa petista que não ficou até o final por conta de outros compromissos no Fórum – concordaram que os quatro projetos que o governo enviou para o Congresso representam um avanço em relação à atual legislação, mas que são insuficientes para responder à necessidade de controle social sobre as riquezas e destinos do pré-sal e que é necessário combinar o embate no parlamento com mobilização social.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Fórum Social Mundial: Mudamos a relação do Estado com os movimentos sociais, afirma Lula


Lula faz balanço de seu mandato, pede solidariedade ao Haiti e diz que Davos não tem o glamour que o sistema financeiro achava ter

(Norian Segatto, desde Porto Alegre) O segundo dia do 10 Fórum Social Mundial foi marcado pela presença do presidente Lula, que discursou por 56 minutos para uma plateia de aproximadamente 3 mil pessoas, que lotava o Gigantinho, estádio do Internacional.
Representando o movimento sindical, o presidente da CUT Nacional, Artur Henrique, iniciou sua fala lembrando que em seus 10 anos, o Fórum conseguiu unir a diversidade de pensamento em torno de bandeiras comuns, como a luta contra a Alca e o FMI. Artur destacou, também, a importância da eleição de Lula no cenário da América Latina, afirmando que ela “evitou o golpe na Venezuela e abriu caminho para outros governos democráticos na América Latina”. Referindo-se à crise, o presidente da Central alertou que ela não terminou e que é necessário aprofundar as mudanças no Brasil, citando como exemplo a luta das centrais pela redução da jornada de trabalho. “Temos o desafio de construir um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável e mudar o modo de produção e consumo, para isso temos de impedir o retrocesso e avançar na construção da unidade dos movimentos sociais rumo ao socialismo”, finalizou Artur Henrique.
A segunda oradora da noite, a ativista uruguaia e ex-presa política, Lilian Celiberti, afirmou ter uma relação intensa com Porto Alegre, cidade em que ocorreu seu sequestro, em 1978, pelas forças de repressão da ditadura, na chamada Operação Condor, cidade, também, que hospedou a primeira edição do Fórum Social Mundial. Lilian fez um apelo para a importância da luta contra a criminalização dos movimentos sociais, em referência ao atual debate sobre direitos humanos e instalação da Comissão da Verdade. “Um torturador não pode ser visto da mesma forma de quem lutou pela liberdade e democracia”, afirmou, arrancando aplausos do público.
Sob gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, o presidente da República afirmou que o Fórum Social está “mais maduro” do que em 2003, quando participou pela primeira vez como presidente do Brasil. “Naquela ocasião, como agora, vim para Fórum Social e vou para Davos (no Fórum Econômico Mundial), mas lá, não existe o glamour que o sistema financeiro internacional achava que tinha, porque foi esse sistema o responsável pela maior crise mundial dos últimos tempos”, afirmou.
Ao fazer um balanço de seus dois mandatos, Lula disse “haver uma diferença fundamental entre o que se sonha a vida inteira em fazer e o que consegue realizar quando está no governo”, mesmo assim, considerou que o grande mérito de seus governos foi mudar a forma como o estado se relaciona com os movimentos sociais. Para provar, citou a realização de 60 conferências dos mais diversos ramos, a abertura do Palácio da Alvorada para receber líderes sem terra, deficientes visuais, portadores de hanseníase, entre outros. “Pela primeira vez esses segmentos sociais tiveram acesso às dependências do Palácio e puderam levar suas reivindicações a um presidente da República”.
Sem perder a chance de cutucar seus antecessores, Lula afirmou que quando participou de Davos pela primeira vez, em 2003, o mundo olhava para ele com desconfiança e descrença de que alguém sem instrução formal pudesse governar um país como o Brasil. “Mas foi um torneiro mecânico quem mais fez universidades neste país”, e completou: “de 1909 a 2003 foram feitas 109 escolas técnicas, em oito anos de mandato vamos entregar 214 escolas”.
Lula ainda citou as dificuldades do encontro de Copenhague (ocorrido no final de 2009) de se chegar a um acordo sobre as emissões de CO2. “Os Estados Unidos e a Europa queriam jogar a responsabilidade sobre a China, ora um país que polui o planeta a 200 anos tem que ter uma responsabilidade maior do que quem poluiu a dois, a dez anos”, afirmou o presidente, destacando que “cada país que trate de limpar a sua sujeira, o Brasil está fazendo a sua parte”.
Ao se referir ao Haiti, o presidente defendeu a presença das tropas brasileiras naquele país, mas não polemizou sobre a ostensiva presença de militares dos Estados Unidos, destacando, apenas a tese da soberania de cada povo. Lula conclamou os participantes do Fórum Social a se engajarem na luta pela recuperação do país devastado pelo terremoto. “O Haiti foi o primeiro país negro a se tornar independente, depois sofreu ataques de norte-americanos, franceses e ingleses, o Brasil ensinou ao mundo como manter uma força de paz sem ferir a soberania do povo haitiano e eu acho que de todas as resoluções que este Fórum tomar, a mais importante é que cada um de nós saiamos daqui com o compromisso de ajudar a reconstruir o Haiti, de ajudar aquele povo e é isso que o governo brasileiro está fazendo”, finalizou o presidente.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

UM ANO DA INVASÃO DE ISRAEL A GAZA

Charge de Carlos Latuf


O mês de janeiro registra o triste aniversário de um ano da invasão de Israel a Gaza. No dia 3 de janeiro de 2009, tropas israelenses concretizaram as ameaças belicistas que já ocorriam desde o final do ano anterior: o resultado do primeiro dia de invasão foi a morte de 35 palestinos e mais de 140 feridos. Nenhuma baixa foi registrada do lado israelense.
A região vivia um tênue momento de paz desde metade de 2008, quando ocorreu um cessar-fogo entre as tropas de Israel e do Hamas, agrupamento político palestino. Acusações de lado a lado fizeram a trégua ser rompida no começo de dezembro de 2008. No dia 27 daquele mês começaram os ataques aéreos israelenses, que deixaram em duas semanas 480 mortos e mais de 2.500 feridos e desabrigados.
A superioridade bélica de Israel promoveu um verdadeiro massacre ao povo palestino, que continua lutando pelo reconhecimento de seu Estado.

Um povo sem pátria
O atual Estado de Israel é o resultado de um longo processo de ocupação da região onde antes predominava o povo palestino. O direito dos israelenses a terem um país não se sobrepõe ao direito palestino de se constituir como Estado independente.
Esse conflito foi sacramentado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 27 de novembro de 1947, quando o organismo decidiu a partilha da região entre os dois povos. Sucessivos conflitos e guerras reduziram o espaço destinado aos palestinos (que perderam, inclusive, Jerusalém, cidade sagrada que havia sido dividida entre os dois povos pela ONU) até serem encurralados na Faixa de Gaza, um território de 41 quilômetros de comprimento e 360km2 de área, que abriga mais de 1,4 milhão de pessoas (uma das regiões mais densamente povoadas do planeta).
Rodeada por muros e cercas de arame farpado, vigiada constantemente pelo exército israelense, é impossível não comparar Gaza a um campo de concentração – terror que os israelenses conhecem muito bem.
Todos os analistas políticos concordam que é impossível a Palestina ter novamente todo o território ocupado por Israel, mas os setores progressistas e democráticos continuam lutando para que o povo palestino tenha direito a constituir um país livre e soberano e tentar viver em paz ao lado de seus invasores.
Os horrores dos ataques que completaram um ano ainda são visíveis na Faixa de Gaza, nas construções destruídas, na falta de estrutura, na precariedade de vida do povo, que vive o medo constante dos ataques dos mísseis israelenses – sob os auspícios dos EUA.
A busca da paz passa pelo reconhecimento do Estado Palestino, pela desmilitarização da região e pelo esforço do povo israelense para eleger políticos comprometidos com a democracia. Enquanto isso não ocorrer, o massacre ao povo palestino irá continuar.

FSM realiza balanço de 10 anos e aponta desafios e propostas

Em janeiro de 2001, centenas de organizações populares de todo o mundo faziam em Porto Alegre o contraponto ao Fórum Econômico Mundial, meca do neoliberalismo. Sob o slogan "outro mundo é possível", milhares de militantes sociais e sindicais trocavam experiências e apontavam a necessidade de ações práticas para deter o avanço da concepção individualista e predadora de quem vê o lucro com amo e senhor supremo.
Agora, em 2010, o Fórum realiza o balanço de uma década, tendo como pano de fundo o colapso do neoliberalismo, a crise mundial e a ascensão da esquerda nos governos da América Latina e em importantes países europeus.
A partir de 2007, quando o Fórum Social foi realizado em Nairobi (Quênia), a organização do evento decidiu realizá-lo a cada dois anos de maneira centralizada, e anualmente em diversos países. Em 2009, o FSM aconteceu em Belém (PA) e este ano a programação é descentralizada; no Brasil ocorre no Rio Grande do Sul (nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga) e em Salvador (BA)
Um dos mais importantes temas que estará na pauta é a crise energética mundial e as perspectivas do Brasil após a descoberta do pré-sal, temas que estarei cobrindo e que pretendo postar neste espaço.
Além dos paineis de mesas de debate geral, centenas de oficinas e manifestações estarão ocorrendo simultaneamente, como o Acampamento Internacional da Juventude e a Feira de Economia Solidária.
Para saber mais sobre a programação e acompanhar os debates, acesse a página do Fórum (www.forumsocialmundial.org.br).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

BACANAS E BASTARDOS

ENQUANTO A BURGUESIA SE DIVERTE.....


.... AS VÍTIMAS DO DESCASO SE VIRAM...
















Centrais sindicais doam R$ 200 mil às vítimas do Haiti

Fonte: Reporter Sindical (www.agenciasindical.com.br)
As seis Centrais Sindicais brasileiras (CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central, CGTB e UGT) decidiram em reunião realizada na capital paulista, na sexta-feira (15), fazer uma doação de R$ 200 mil às vítimas do terremoto no Haiti. A quantia será enviada por meio da Cruz Vermelha e deve chegar o mais rápido possível ao país caribenho.
Segundo o presidente da CTB, Wagner Gomes, a solidariedade internacional é o mais urgente neste momento. “Não podemos nos abster frente a tanto sofrimento e destruição. Lamentamos muito o fato ocorrido e somos solidários a este povo tão sofrido”, afirma.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

BORIS MOSTRA O QUE É SER UM LIXO HUMANO


Fonte: Comunique-se
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco), José Moacyr Malvino Pereira, afirmou que irá entrar com uma ação civil pública contra o jornalista Boris Casoy, por sua declaração sobre o trabalho dos garis no Jornal da Band. “Vamos entrar com uma ação civil pública para que ele se retrate na Justiça. Já assinei a procuração”, declarou o presidente da entidade.
O apresentador do Jornal da Band tem sido criticado desde o dia 31/12, quando saiu no ar o áudio de uma declaração sobre os garis que desejavam feliz ano novo. Ainda na vinheta do jornal, sem saber que seu microfone estava aberto, Casoy declarou: "Que m... dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros... O mais baixo da escala de trabalho".
No dia seguinte, no mesmo jornal, o apresentador pediu desculpas pela atitude. “Ontem durante o intervalo do Jornal da Band, num vazamento de áudio, eu disse uma frase infeliz, por isso quero pedir profundas desculpas aos garis e aos telespectadores do Jornal da Band”, disse.
Nesta segunda-feira (04/12), o Siemaco entregou na TV Bandeirantes uma carta de repúdio a Boris Casoy. “Não aceitamos as desculpas do apresentador, que foram meramente formais ao ser pego ao manifestar o que pensa e que, infelizmente, reforça o preconceito de vários setores da sociedade contra os trabalhadores garis e varredores..."
Em uma nota oficial no site do sindicato, a entidade também criticou o desmerecimento dado ao trabalho dos garis. “Lamentavelmente Casoy demonstrou não dar valor ao importante serviço prestado por nossos trabalhadores, humilhando-os publicamente. Ele esqueceu-se que limpeza significa saúde pública e, se nossos 'lixeiros no alto de suas vassouras' não cuidassem da nossa cidade, certamente viveríamos no caos. Com certeza, podemos viver sem notícias, mas não sem limpeza", diz a nota.
A assessoria de imprensa da Band informou que o apresentador já pediu desculpas em público. A direção de jornalismo da emissora ainda não se manifestou sobre o caso.