Coletiva de imprensa no Sindicato dos Jornalistas de SP, 5.set.2016 - foto Roberto Parizotti |
Um dos bordões mais ouvidos na manifestação da tarde/noite
de domingo, que ocupou a Avenida Paulista e prosseguiu até o Largo da Batata
(trajeto de cerca de cinco quilômetros) era “que coincidência, não tem polícia,
não tem violência”.
De fato, o policiamento mínimo durante todo o trajeto
parecia supor que as 100 mil pessoas que saíram às ruas para protestar contra o
governo Temer retornariam às suas casas seguras e ilesas. No entanto, no ponto
final da concentração, dois caminhões de choque e ostensivo batalhão da PM
aguardavam os manifestantes. A manifestação já estava oficialmente encerrada,
por volta das 21h, quando a PM passou a atacar bombas de gás e disparar tiros
de borracha contra os grupos de manifestantes que já estavam naturalmente se
dispersando.
Em poucos minutos, o Largo da Batata virou um palco de
guerra e exibição de truculência da Polícia Militar do governador Geraldo
Alckmin.
Antes, por volta das 15h, um grupo de jovens manifestantes
foi preso, sem que houvessem feito rigorosamente nada. Vinte e seis jovens
foram detidos, e nem a ação de advogados e parlamentares conseguiram liberar os
rapazes e moças. O deputado federal,
Paulo Teixeira (PT) foi até a DP, acompanhado do ex-senador Eduardo Suplicy e
do ex-secretário de Cultura do Município, Nabil Bounduki, e comprovou a
arbitrariedade da ação policial.
Nesta segunda-feira, parlamentares e representantes das
frentes Brasil Popular e Povo sem Medo concederam entrevista coletiva na sede
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo para denunciar a escalada da
violência policial.
O senador carioca, Lindbergh Farias (PT), que participou do
ato em São Paulo, relatou que após o encerramento do ato, a PM bloqueou a
entrada do metrô e passou a jogar bombas nas pessoas que estavam ali querendo
entrar para seguir seus caminhos. “A ação da polícia se compara à ditadura
militar, foi uma ação orientada para causar tumulto e tentar criminalizar os
movimentos”, avaliou.
Lindbergh Farias e Índio - foto Michaella Pivetti |
Lindbergh informou, ainda, que parlamentares estarão
entrando com uma representação à Corte Interamericana de Direitos Humanos, da
OEA (Organização dos Estados Americanos) contra o que chamou de escalada de
autoritarismo.
Em sua intervenção, o deputado Paulo Teixeira detalhou como
foi a ida a Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) onde estavam
presos os 26 jovens. Segundo o parlamentar, nenhum deles tinha antecedente
criminal, não pertenciam a nenhum grupo (como o Black Blocs) e não haviam feito
nenhum ato de vandalismo. Segundo depoimento, o grupo se organizou
espontaneamente pelas redes sociais para participar, inicialmente haviam 27
pessoas detidas, mas uma “sumiu”, levando à suspeita de tratar-se de um agente
infiltrado.
Paulo Teixeira informou, ainda, que parlamentares irão fazer
uma representação no Ministério Público para que haja controle externo sobre os
atos da PM.
Os representantes das frentes Brasil Popular (Raimundo
Nonato) e Povo sem Medo (Edson Cordeiro, o Índio), também destacaram a
violência policial, o perigo de o país mergulhar definitivamente em um estado
de exceção e a necessidade de a população continuar a participar das
manifestações para exigir democracia. “A PM de São Paulo se comporta como a
polícia de um partido”, afirmou Nonato. “Foi uma ação premeditada, que revela
todo o desprezo de Geraldo Alckmin pela democracia”, enfatizou Índio.
A próxima manifestação está marcada para ocorrer nesta
quinta-feira, dia 8, com concentração no Largo da Batata, às 18h.
Confira o vídeo da fala de Lindbergh Farias
Confira o vídeo da fala de Lindbergh Farias
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