De
tempos em tempos intensificam-se na sociedade campanhas pela diminuição da
maioridade penal, pela instauração da pena de morte no país, manifestações de
apoio a grupos de extermínio e outras formas de barbárie. Em tempos de
julgamento dos assassinos do Carandiru, temas sobre a violência do Estado voltam
à pauta.
Circula pelas redes sociais uma charge em que a mãe lê
no boletim escolar do filho que ele fala muito palavrão em sala de aula; a mãe
se aproxima do garoto e pergunta: “Mas que porra é essa?”. A mesma lógica parece
ser defendida por muitos: Um Estado que mata para ensinar que não se pode
matar.
O massacre no presídio do Carandiru,
em outubro de 1992, que culminou com a morte de pelo menos 111 detentos, não fez
com que a violência diminuísse. Pelo contrário: o massacre foi um dos estopins
para a reorganização dos presos nas penitenciárias e o surgimento do Primeiro
Comando da Capital – PCC. O massacre no Carandiru não deixou a sociedade melhor,
pelo contrário: os índices de criminalidade subiram, assim como a violência não
diminuí em locais onde há pena de morte.
O detento/escritor Luiz Mendes, preso à
época da rebelião, comentou para a revista Carta Capital em 16 de abril:
“Nós não
acreditávamos que eles (PM) pudessem nos matar como ratos. Ainda os víamos
humanos como nós. Dali para frente, tudo se radicalizou. Apoiamos em peso a
organização de nossas lideranças que nos prometiam união, justiça e proteção.
Até quem era contra acabou por se tornar a favor e a facção proliferou. E, para
todas as rebeliões que aconteceram dali por diante, tornou-se imprescindível ter
reféns sob a ameaça de morte. E muitos deles foram mortos realmente” (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-massacre-visto-de-dentro-e-seus-frutos/).
Essa mesma prática de repressão se volta contra os movimentos sociais.
Não
se mata para ensinar que não se deve matar. A melhor forma de combater a
barbárie é com civilização e não com mais barbárie.