sexta-feira, 24 de setembro de 2010

NEM PRECISA DE TESTE DE DNA




O mensalão da Editora Abril




Por Altamiro Borges
20 de setembro

Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico “mensalão” pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras. Veja algumas das mamatas:

- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ‘inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola’.

- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.

Negócios de R$ 34,7 milhões

Somente com as aquisições de quatro publicações “pedagógicas” e mais as assinaturas da Veja, o governo tucano de José Serra transferiu, dos cofres públicos para as contas do Grupo Civita, R$ 34.704.472,52 (34 milhões, 704 mil, 472 reais e 52 centavos). A maracutaia é tão descarada que o Ministério Público Estadual já acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

Esta “comprinha” representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do ‘barão da mídia’ Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao Grupo Abril. O tucano Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do ‘Guia do Estudante’, outra publicação do grupo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

COISAS DA POLÍTICA OU O CANDIDATO QUE NÃO PARA EM PÉ

Indo de carro para o Centro de São Paulo, ouço pela CBN uma apoteótica matéria sobre como a ficha limpa mudou a cara da eleição. Na sequência, no horário gratuito, surge a inconfudível voz de Paulo Maluf pedindo voto.



Pela TV, candidato Maguila bate com uma luva de boxe em um boneco representando o candidato Tiririca e adverte que política é coisa séria.



Na avenida Brasil, uma cabo eleitoral contratada segura, sob o sol do meio dia, uma placa de tamanho natural de um tal candidato mellão, que insistia em não parar em pé, obra de algum gênio do marketing. A cabo grita para a amiga ao lado: "Esse candidato é tão ruim, que nem para em pé, devia chamar a mãe dele pra ficar segurando".



Ela tem razão, quem pariu mateus...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Gabrielli, você escovaria os dentes aqui?



Esta vai para a galeria das ideias mais estúpidas que já tiveram na Petrobrás. Como o vestiário dos supervisores da Mecânica da Refinaria de Paulínia (Replan) está em reforma, algum gênio resolveu tirar a cuba urinária e instalá-la como pia para o pessoal lavar as mãos e escovar os dentes. O professor Pardal ainda teve o capricho de instalar uma das torneiras bem acima de uma vistosa marca de urina.
"Não sabemos de que cabeça de jerico partiu a ordem para esta obra de engenharia, mas isso demonstra como os trabalhadores da Replan são tratados", afirma o diretor do Sindipetro Unificado, Jefferson de Paula.
Se o sujeito acha que cuba urinária é pia, imagine o que ele usa para escovar os dentes?

Veja publicou a própria prova do (seu) crime

Reproduzo texto do jornalista Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/veja-publicou-a-propria-prova-do-seu-crime) que demonstra como se constrói uma reportagem falsa (quesito que a Veja é especialista). Nassif trabalhou muitos anos na Veja e conhece os bastidores da pior revista do Brasil. Confira.


Vamos conferir direitinho o método de reportagem do Diego Escosteguy e da Veja.

Como expliquei no Twitcam, o jogo da manipulação consiste em pegar um conjunto de informações soltas, depois compor um roteiro à vontade do freguês, uma peça de ficção mas que contenha alguns ingredientes reais.

Como fez o Diego?

1.Levantou um contrato da Via Net Express com a Capital (do filho da Erenice) em que se fala em taxa de sucesso de 6%.
2.Diz que, pela Via Net, quem assina é o seu dono Fábio Baracat. Na verdade, Baracat nada tem a ver com a empresa, a não ser oferecer serviços eventuais.
3.Levanta matérias recentes da imprensa, sobre as ligações da MTA com a ANAC e os Correios.
4.Ponto: tem os contratos da MTA junto aos Correios e a comissão de 6%. Cruza uma com outra e tem-se o valor da propina.
5.Para fechar o elo, diz que Erenice «indicou» o tal coronel Quá-Quá para a ANAC. A prova: a assinatura dela na indicação. Não informa que todas as indicações para cargos públicos passam pela Casa Civil.
6.A partir dessa soma admirável, a revista faz toda sorte de elucubrações. Fala em financiamento do esquema, em reuniões fechadas, sem celular nem caneta e o escambau.
Infelizmente a revista não disponibiliza mais o conteúdo na Internet e meu scan aqui em casa dá incompatibilidade com o Mac. Peço que um de vocês escaneie trechos do tal contrato que a revista publica na página 81.

Lá se lê:

Cláusula 2.1 – São obrigações da Contratada:

a) Prestar serviços de consultoria e (...)

b) Representar a Contratante junto a instituições públicas e privadas, com zelo e probidade (...)

A revista sublinha esse trecho como se fosse incriminatório. Trata-se de texto padrão de qualquer contrato de consultoria. Deveria fazer parte da formação dos chamados repórteres invesgativos conhecimento básico sobre contratos.

Agora, ao que interessa: as formas de pagamento:

Cláusula Terceira – Do Pagamento

3.1 Pela prestação dos serviços, a Contratante pagará mensalmente à Contratada o valor de R$ 24.738,00 a título de remuneração (,,,)

E o que efetivamente interessa, a tal taxa de sucesso de 6%:

3.3 Na hipótese de êxito na prestação de serviços de assessoria relacionados à obtenção de empréstimos e/ou financiamentos junto à instituições nacionais ou internacionais, públicas ou privadas, a Contratada fará jus a 6% sobre o montante auferido ao final da transação.

Não tem nem ANAC nem Correios na tal taxa de sucesso.

A revista precisava mostrar a «prova» do pagamento de 6% de propina. Mas esse percentual não vinha separado: estava em um parágrafo inteiro que não podia ser suprimido. Precisou, então, publicar o parágrafo inteiro para expor o número mágico dos 6%. Publicando, matou ela própria sua matéria.

E aí fica-se sabendo que a taxa de sucesso nada tinha a ver com a ANAC, com contratos com os Correios, com renovação de concessão. Mas apenas no caso de obter financiamentos – que, pelas declarações do Baracat, nunca foram obtidos.

Check-up de todos os erros da matéria:

1. Apresentou um pequeno lobista de Brasilia, amigo do filho da Erenice, como dono da empresa que prestava consultoria à MTA.

2. Imputou à Erenice a indicação do coronel da ANAC, apenas devido ao fato de ela ter assinado sua nomeação - sem informar que todas as nomeações em órgãos públicos passam pela Casa Civil.

3. Colocou a taxa de sucesso de 6% no caso de obtenção de financiamentos, como se fosse referente aos contratos obtidos junto aos Correios.

4. Montou toda a encenação (das reuniões sigilosas, das conversas com Erenice sobre a propina) em cima de uma informação falsa: a de que os 6% se referiam aos contratos dos Correios e ao trabalho junto à ANAC.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Desesperada, mídia tucana tenta sua última cartada

Ainda no primeiro semestre, as redações dos maiores jornais do país ( Folha, Estadão, O Globo) receberam a determinação de sempre ter uma manchete contra o governo. O objetivo, claro, era alavancar a candidatura tucana. O PIG (Partido da Imprensa Golpista) cumpria, outra vez, seu papel de sabujo dos interesses econômicos e políticos da elite.
Pouco adiantou, a candidata Dilma Rousseff disparou nas pesquisas deixando os arautos da imprensa tupiniquim atônitos. Em editoriais e programas de TV, os chamados "articulistas" da imprensa buscavam os motivos para a derrocada tucana.
A poucas semanas do primeiro turno, no entanto, surge uma suspeitíssima tábua de salvação: a quebra dos sigilos de vários integrantes da turma do Serra, inclusive o de sua filha, Verônica. Imediatamente, a imprensa comercial viu aí um último respiro para seu candidato e tratou de julgar e culpar a candidata petista sobre a quebra dos sigilos.
Vamos a algumas reflexões importantes neste momento:
1) Quebra de sigilo fiscal é grave e deve ser investigada a fundo e rapidamente;
2) As violações na Receita Federal foram feitas entre setembro e novembro do ano passado, quando ainda não havia um comando de campanha de Dilma Rousseff, mas havia uma guerra intestina entre aliados Aécio Neves contra Serra para ver quem seria o candidato tucano;
3) A imprensa insiste em dizer que a quebra de sigilo fiscal serviu para a confecção de um dossiê contra Serra, mas tal dossiê nunca veio a público. O que existe é um material coletado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., que serviria para uma matéria no jornal O Estado de Minas. A matéria nunca foi publicada e o material (escândalo das privatizações no governo FHC e compra superfaturada de ambulâncias quando Serra era ministro) servirá para um livro que o jornalista está a escrever. Parte desse material se encontra fartamente divulgado na internet.
4) Se existe o tal dossiê, e ele contém suspeitas de atos ilícitos de Serra e sua equipe, isso é tão ou mais grave do que a quebra do sigilo fiscal.
5) Assim como nas eleições de 2006, a imprensa prepara um último trunfo surpresa para lançar às vésperas do primeiro turno e tentar reverter a inevitável avalanche de votos em Dilma Rousseff.

Em vez de buscar provas e tentar chegar aos fatos, a imprensa neoliberal deixa de fazer jornalismo e parte para fazer política, pura e simplesmente. Em vez de investigar e buscar a verdade, corre em espalhar a versão que lhe convém na ânsia de mudar o quadro eleitoral. São sintomas do desespero de quem nunca aceitou que os trabalhadores pudessem governar o país muito melhor do que doutores formados em Sorbone. É o preconceito de classe estampado da forma mais crua, impressa em letras garrafais diariamente.
Se os ataques ao governo e o baixo nível já era notório há vários meses nos jornais, revistas e TV, vai se intensificar nesta reta final de campanha. Convidamos o leitor a procurar nos grandes jornais dos últimos meses uma única notícia desfavorável a Serra, a Alckmin ou à vergonhosa administração tucana em São Paulo. Nada! Nem uma linha sobre os sérios problemas de educação, de violência, sobre as dúzias de pedidos de CPI que estão barradas na Assembleia Legislativa para evitar que se investigue o governo de São Paulo. O que se vê na mídia são articulistas "aconselhando" como Serra deve se portar: e quase em uníssono gritam: Serra, baixe ainda mais o nível!