sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dilma na Plenária dos petroleiros













A pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Roussef, esteve na tarde desta sexta-feira, 4, na segunda Plenária da Federação Única dos Petroleiros, a Plenafup. Antes de ir ao encontro dos petroleiros, Dilma atendeu a imprensa comercial, que ansiava especular sobre um suposto dossiê. Ao ser anunciada sua presença na Plenária dos petroleiros, foi saudada aos gritos de “presidente”.

Apoio e cobrança de compromisso
O coordenador da Federação, João Antonio de Moraes, deu as boas vindas à candidata relembrando a histórica greve de 1995, “que evitou a privatização da Petrobrás”, enfatizou, e apresentou as reivindicações da sociedade em relação à área de energia. Moraes destacou a importância de se promover uma Conferência Nacional de Energia, aos moldes do que já ocorreu nos últimos oito anos com diversos outros segmentos como saúde, educação e comunicação, reafirmou o projeto dos movimentos sociais, encabeçado pela FUP, que tramita no Congresso, em contraposição ao apresentado pelo governo e alertou à ex-ministra sobre a preocupação dos petroleiros em relação à Refinaria do Amazonas, a Relam.
Na sequência, foi apresentado um cordel, intitulado “Dilma para presidente”, de autoria do petroleiro Tarcisio Moraes. Ele próprio declamou para a pré-candidata. Literatura típica do Nordeste, o cordel é uma das mais belas manifestações culturais do país. As mulheres petroleiras também prestaram uma homenagem à ex-ministra, com um vídeo produzido pela Secretaria de Formação da FUP. Difícil era conter a vontade de tirar fotos ao lado da candidata.
Aldemir Caetano, dirigente da FUP e da Central Sindical CTB, também apresentou as preocupações dos trabalhadores, entre elas os chamados campos maduros de petróleo, e respondeu à imprensa, nominalmente ao jornal O Estado de São Paulo, que noticiou que os petroleiros estariam dando palanque para a pré-candidata. “Não estamos dando nem emprestando este palanque, a companheira Dilma conquistou o direito de estar aqui”, disse, levando os cerca de 300 presentes gritarem “Dilma presidente” outra vez.

Comer pelas bordas
O atual presidente do PT, ex-senador José Eduardo Dutra, relembrou sua gestão na presidência da Petrobrás, apresentando dados da estratégia do governo Fernando Henrique para privatizar a empresa. “Eles queriam comer pelas bordas, privatizando aqui e ali”, disse Dutra, citando o caso da Reduc, refinaria para a qual foi contratada uma consultoria para avaliar sua venda; a tentativa de mudança de nome da Petrobrás para PetrobraX entre outros casos. “São fatos e dados”, reafirmou várias vezes. Sobre acusações de que a Petrobrás teria se tornado um ninho de sindicalistas, Dutra rebateu: “De 3.500 gerentes no sistema Petrobrás, apenas 29 são oriundos do movimento sindical” e passou a citar vários casos que haviam antes de sua gestão de ex-deputados do PSDB ocuparem cargos estratégicos na empresa.
Pátria de capacete
Dilma vestiu um jaleco da FUP antes de seu discurso. Interrompida várias vezes por aplausos, reafirmou os compromissos do governo Lula com o fortalecimento da Petrobrás, disse que os petroleiros são a pátria de capacete e macacão – em uma alusão ao termo “pátria de chuteiras”, cunhado por Nelson Rodrigues e exaltou os valores nacionalistas e de auto-estima brasileira ao incentivar a indústria nacional e produzir empregos. “Com os minérios que temos, com a siderurgia que temos, diziam que o Brasil não teria capacidade de construir sequer o casco de uma plataforma”, disse, se referindo explicitamente ao entreguismo tucano.
Em relação ao pré-sal, Dilma reafirmou o projeto do governo e reforçou a tese de agregar valor à extração, de petróleo. “Em vez de vender óleo bruto, vamos agregar valor, e para isso precisamos ter mais refinarias. Queremos transformar o petróleo em riqueza, e são vocês que fazem esta riqueza”, afirmou, tirando novos aplausos do público.

Enquanto isso...
Na saída, um repórter da Band pediu para eu chamar o ex-senador Eduardo Dutra. A imprensa PIG ficou restrita a um cercadinho. Avisei Dutra, que tirava fotos com petroleiros. Reproduzo a rápida conversa que tive com o repórter.
- Pô, ele fica tirando foto em vez de falar com a gente – reclamou o dito.
- Lá ele ganha votos, aqui ele perde – repliquei.
- É, mas aqui ele vai falar com o Brasil inteiro – interferiu outra repórter.
- Dependendo de como vocês editarem, é melhor ele nem falar – cutuquei.
- Ele vai falar mal do Serra, se falar bem rápido nem dá para editar como queremos – esclareceu sem meias palavras o repórter da Band.

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