segunda-feira, 7 de agosto de 2017

UM ANO DE GESTÃO PEDRO PARENTE NA PETROBRÁS. TRABALHADORES E SOCIEDADE NÃO TÊM NADA PARA COMEMORAR


No dia 21 de julho, ao fazer um balanço de seu primeiro ano à frente da Petrobrás, Pedro Parente afirmou que o que mais o surpreendeu nesse período foi a paralisia da gerência da empresa. "A média gerência está amedrontada, paralisada", disse, em referência à Operação Lava Jato.
Os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobrás, no entanto, estão surpreendidos com outra situação: a voracidade do desmonte arquitetado pela equipe de Parente para entregar patrimônio e áreas estratégicas ao capital estrangeiro. 

Galgado à presidência da companhia como fruto de acordo entre golpistas (a Petrobrás foi entregue ao grupo do psdb de José Serra, reconhecido lobista de petrolíferas estrangeiras), desde seu discurso de posse, Parente não escondeu que sua missão era entregar a maior fatia possível do mercado para a iniciativa privada. Em sua posse, enfatizou a necessidade de o Congresso aprovar o projeto de Serra, que tirou da Petrobrás o controle da produção. "Mantida essa obrigação (do monopólio da Petrobrás na exploração), a empresa pode se ver forçada a participar de empreendimentos que, segundo a sua própria avaliação, não seriam prioritários naquele momento ou mesmo que não teriam viabilidade econômica, o que será imperdoável em uma empresa listada em Bolsa e com milhares de acionistas”, disse o presidente do Conselho de Administração da Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo. Sim, Pedro Parente acumula a presidência da Petrobrás com a da Bovespa, mas isso não configura conflito de interesses aos olhos cegos do Conselho da Petrobrás.

Estrangeiras, a casa é sua
O que se viu neste ano de gestão foi o desmonte sistemático da Petrobrás como companhia integrada de energia. Ao ser apresentado em setembro de 2016, o Plano Estratégico foi explícito: " O Plano mantém o ritmo intenso de parcerias e desinvestimentos que nos próximos dois anos deverão somar US$ 19,5 bilhões. Esse resultado deve ser atingido por meio de crescentes parcerias estratégicas na área de Exploração e Produção, além de Refino, Transporte, Logística, Distribuição e Comercialização. A Petrobras também sairá das atividades de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP, produção de fertilizantes e das participações em petroquímica. No segmento de gás, a estratégia é adequar a participação da companhia e, no setor de energia, reorganizar as participações societárias".
Uma das primeiras mostras dessa ânsia entreguista ocorreu ao descredenciar empresas nacionais para participar de importantes licitações como a do Comperj e da Unidade de Processamento de Gás Natural, na Bacia de Santos, e convidar empresas estrangeiras, como a CBI e a Amec, que sofrem investigação em seus países por conta de denúncias de corrupção.
 
Para justificar a entrega de patrimônio e áreas estratégicas para empresas estrangeiras, Parente saiu com mais uma de suas pérolas: “A empresa que está instalada no Brasil, está produzindo no Brasil, está empregando e empregando brasileiros num grande número, gerando renda no nosso país, essas empresas não são consideradas estrangeiras”, disse. Para complementar, afirmou que o destino dos lucros tratava-se de “uma questão de política interna de cada empresa”.

Impairments
Para acelerar o desmonte, a atual direção da empresa lançou mão de baixas contábeis (impairments). Apesar de registrar lucro operacional de R$ 17,1 bilhões em 2016, com aumento da produção de petróleo (2,94 milhões de barris diários, em dezembro), amargou o resultado negativo de R$ 14,8 bi, em decorrência dessa política de depreciação de ativos. 
Nenhuma outra petrolífera no mundo utilizou baixas contábeis de forma tão recorrente como faz a Petrobrás de Parente, que já reduziu em US$ 39,48 bilhões o valor de seus ativos, desde 2014. No mesmo período, a Exxon e a Chevron realizaram “impairments” em torno de US$ 2 bilhões.
"Coincidentemente", os principais bens depreciados foram os que estão para serem privatizados, como Complexo Petroquímico de Suape, Araucária Fertilizantes, Usina de Biodiesel de Quixadá, Comperj, campos de petróleo, termelétricas, entre outros.

Redução do número de funcionários
Do ponto de vista interno, o resultado mais nefasto deste ano de gestão foi o expressivo corte de pessoal.
Conforme dados de abril deste ano, apenas com o PIDV saíram da empresa 14.211 trabalhadores. Em dezembro de 2013 um total de 360.180 trabalhadores terceirizados, Hoje são pouco mais de 110 mil.
Parente, assim, tenta concluir em 2017, o que não conseguiu em sua primeira passagem pela empresa, no governo FHC: promover um grande desmonte da companhia, desvalorizar áreas, sair de fatias importantes do mercado, como distribuição e refino, diminuir o custo da folha de pagamento e tornar a empresa um player menor no cenário internacional do petróleo, abrindo as portas para o avanço do capital estrangeiro sobre as riquezas nacionais. 
A respeito dessa política, o diretor de refino, Jorge Celestino, foi explícito, durante a feira Rio Oil & Gas, ocorrida em outubro de 2016. “Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras, não pode um país ter uma empresa com 100% do mercado”, afirmou. Nem precisa de tradução, o país que se dane, o importante é garantir a fatia (e o lucro) para o capital estrangeiro.
Não há nada para comemorar neste ano de Parente Serpente.  


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