sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A SUPREMACIA BRANCA E O KLAN DOS TRUMP



Manifestação da KKK em 1927 onde, segundo registros, participava o pai de Donald, Fred Trump

Circula pelas redes uma foto do jovem Donald Trump abraçado com seus pais devidamente paramentados com as vestimentas da Ku Klux Klan, sociedade segregacionista de extrema direita dos Estados Unidos. Antes de correr para compartilhar a foto aviso que ela é fake. A montagem, no entanto, remete a uma dúvida - para dizer o mínimo - bastante corrente nos dias atuais nos Estados Unidos: teria sido o pai de Donald Trump um membro da KKK?

O hoje presidente do império nega. 

Em março de 2016, nos calor da campanha eleitoral estadunidense, o site Vice publicou matéria de Mike Pearl apresentando registros históricos da trajetória da clã Trump e suas ligações com a KKK.

Transcrevo algumas passagens (o texto original está em inglês e pode ser acessado aqui)



"Mês passado (fevereiro de 2016), em uma entrevista com o candidato republicano Donald Trump, o âncora da CNN Jake Tapper perguntou se ele poderia desautorizar o apoio do antigo líder da KKK, David Duke. Trump declinou e respondeu "não sei nada sobre David Duke”. Momentos depois, acrescentou: 'Não sei nada sobre supremacia branca'.""
"...Trump tem hesitado condenar o Klan como um mau conselheiro (ainda sobre o apoio de David Duke). A questão agora são as voláteis declarações de Trump a respeito de raça e etnia durante a corrida presidencial – a lista inclui chamar mexicanos de estupradores, clamar pela total e completa saída de muçulmanos dos Estados Unidos e comentar que talvez um ativista da Black Live pode ser roubado em seus protestos" (por outro negro).
Jornal de 1927 anuncia a prisão do pai de Donald Trump
"...Mas o episódio com David Duke chama a atenção para outra história, uma que sugere que o pai de Donald Trump, o milionário nova-iorquino Fred Trump, já usou o manto e o capuz da KKK. Versão desta história emergiu em setembro quando Boingboing (site de notícias) levantou um artigo de maio de 1927 do New York Times, que lista Fred Trump entre os presos durante uma manifestação da Klan, no Queens, quando cerca de 1.000 racistas e 100 policiais entraram em confronto nas ruas do bairro novaiorquino."
"...Semanas depois quando foi perguntado sobre o episódio, Donald Trump negou em entrevista a Jason Horowitz que isso tivesse ocorrido. Quando perguntado se seu pai morou no endereço apresentado na reportagem como sendo de sua família em 1927, Donald afirmou que a informação era totalmente falsa. (registros levantados pela matéria apontam que o endereço era de uma propriedade de sua família).
"Outros três jornais da época contêm a notícia da prisão de Fred em maio de 1927, durante a evento da KKK, todos confirmando a versão veiculada pelo Times. Os sete presos usavam vestimentas típicas da KKK."
"Os artigos não provam que Fred Trump foi membro da Klan, mas como sugere o artigo da Boingboing ele pode ter apenas participado daquele movimento. Mas as afirmações de Donald Trump que seu pai nunca foi preso nos eventos de 1927, que nunca morou no endereço fornecido para a polícia e que o envolvimento com a Klan nunca existiu não parecem ser verdadeiras.
"Nos anos que se seguiram Fred Trump se consolidou como grande proprietário de imóveis em Nova Iorque,que abrigavam milhares de pessoas. Novamente voltou  a enfrentar acusações de racismo. ...Nos anos 1950, um de seus inquilinos, o ídolo folk Woody Guthrie, escreveu uma música que dizia que Fred Trump desenhou uma linha colorida na vizinhança do Brooklin. De acordo com a biógrafa Gwenda Blair, Fred Trump provavelmente lucrou com as práticas racistas que o governo tacitamente endossava naquela época.
"Acusações formais de viés racista contra os Trump, materializaram-se em 1973, quando o filho Donald começava a assumir o controle da companhia. Em uma ação judicial naquele ano, o Departamento de Justiça dos EUA alegou que a companhia de Trump havia violado a legislação de 1968 por sistematicamente se negar a alugar casas para pessoas por conta de raça ou cor."
"Em 1975, os Trump fizeram um acordo com o governo para resolver a questão sem admissão de culpa. De acordo com o NYT de 11 de junho de 1975, as corporações de Trump “se comprometeram a não discriminar negros, porto riquenhos e outras minorias”. Mas, em 1978, o Departamento de Justiça abriu outra denúncia por discriminação, alegando que a empresa não estava cumprindo os termos do acordo firmando em 1975."
"Em 1979, The Village Voice publicou nova notícia com alegações de discriminação racial por parte de Trump filho. De acordo com o noticioso, quando alguma residência ficava vaga para alugar na vizinhança, os pedidos de locação eram secretamente marcados com a informação sobre a “raça” do pretendente e os porteiros dos prédios eram coagidos a desencorajar negros a alugar o local. Em 1983, a New York State Division of Housing and Community Renewal analisou duas vilas de condomínios de Trump e constatou que 95% estavam alugadas para brancos."       
Anúncio nos jornais assinado por Donald
pede pena de morte para jovens negros
Nos anos subsequentes, Donald Trump se transformava na celebridade dos tabloides sensacionalistas ao desenvolver a reputação de agitar o público racialmente. Em 1989, ele enfrentou críticas por anúncios de página inteira em jornais de Nova Iorque pedindo pena de morte contra “bandos de selvagens criminosos” em velada referência ao caso que ficou conhecido como Central Park Five (quando negros e latinos foram acusados de estuprar uma mulher branca - anos depois foi provada a inocência dos acusados). 
A acensão da direita racista nos Estados Unidos não é um fato isolado. Não adianta Donald Trump fingir que condena os atos, o racismo branco sabe que conta com um histórico aliado na Casa (cada vez mais) Branca. 

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