Para a disputa pela Presidência da Câmara - cargo
que já abrigou nomes como Ulisses Guimarães e despencou até eleger Severino
Cavalcanti e Eduardo Cunha – tem hoje como um dos postulantes o deputado Jovair
Arantes (PTB-GO), que foi figura de destaque na armação do processo contra a
presidente Dilma Rousseff como relator do impeachment na Câmara.
Membro do chamado baixo clero da Câmara (deputados com pouca expressão
política), Jovair se tornou líder do PTB sob as bênçãos de Roberto Jefferson
(ex-presidente da sigla preso por corrupção), foi aliado incondicional de
Eduardo Cunha e tem um passado político que mais pode ser considerado uma ficha
corrida do que um currículo de serviços prestados à nação.
Improbidade, tráfico de influência e
corrupção eleitoral
Em 2011, o deputado
foi acusado pelo Ministério Público Federal de Goiás de improbidade
administrativa, tráfico de influência e corrupção eleitoral. De acordo com
denúncia da “Operação Guia”, interceptações telefônicas revelaram a
participação ativa do deputado em esquema de trocas de favores envolvendo desde
a indicação de cargos dentro do INSS a concessão de benefícios a
correligionários.
O ex-gerente do INSS em Goiás,
José Aparecido, afirmou no inquérito ter recebido pedido de Jovair Arantes para
intervir na nomeação de Antônio Donizete para o cargo de chefe do INSS no
município de São Luis dos Montes Belos (GO), dizendo tratar-se de uma vontade
manifestada pela Maçonaria. (Confira aqui)
Sanguessugas
Jovair também foi apontado como sócio
de um consórcio montado em parceria com o PMDB para desviar dinheiro da Conab,
então chefiada por Evangevaldo Moreira, homem de sua confiança. O escândalo
acabou derrubando o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, mas não chegou
a atingir o deputado goiano.
O herói da Veja durante o impeachment recebeu da
revista, em 2012, o seguinte comentário. “Jovair também já foi investigado por
envolvimento com a chamada máfia dos sanguessugas, que desviava dinheiro
destinado à compra de ambulâncias, e, mais recentemente, teve seu nome relacionado
às fraudes com dinheiro de emendas do Ministério do Turismo. Isso sem falar nas
denúncias que envolvem os órgãos controlados por seus apadrinhados no governo
estadual de Goiás, que costuma apoiar sempre, qualquer que seja o governador.
Trata-se, portanto, de um personagem recorrente da crônica político-policial.”
(clique aqui para
ler a reportagem)
Máfia das ambulâncias
Jovair também é citado na "Operação Monte
Carlo" como um dos principais interlocutores do bicheiro Carlinhos
Cachoeira e teve seu nome envolvido no escândalo da Máfia das
Ambulâncias.
Em outra denúncia, Osmar Pires
Martins Júnior, ex-secretário de Meio Ambiente de Goiânia e presidente da
Agência Goiana de Meio Ambiente até 2006 acusa Jovair Arantes de pedir dinheiro
para reconduzi-lo ao cargo. Em um documento de 24 páginas entregue ao Ministério
Público em 2011, Pires declara. "O deputado [Jovair Arantes] queria R$ 4
milhões para que o infraescrito fosse indicado para continuar na titularidade
do órgão público".
Em agosto de 2014, a segunda turma do Supremo
Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia apresentada por MPF de Goiás. O
relator do processo INQ 3752 era Gilmar Mendes (para quem não o
conhece, confira aqui).
Para o relator, a conduta dos parlamentares não teve ligação com o fim especial
de obter voto dos eleitores com que se comunicavam.
Mais recentemente, em fevereiro deste ano, Jovair,
já líder do PTB, forcou a troca do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) pelo
deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) na Comissão de Ética da Câmara que investiga
o presidente da casa, Eduardo Cunha. O motivo era a tendência de Faria de Sá
votar contra Cunha. Capixaba ficou na comissão menos de uma semana, o
suficiente para registrar seu voto a favor das manobras de Cunha.
É essa cria mal ajambrada do que de pior a política
brasileira produz que postula se tornar presidente da Câmara e estar na linha
sucessória direta da presidência da República.
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