As declarações e a postura do ministro da Justiça, Alexandre
de Moraes, após a rebelião no presídio de Manaus, não são apenas mais uma das “trapalhadas”
do ministro e ex-advogado de empresas ligadas ao PCC; são o uso consciente de
seu posto para diminuir o impacto (e, por consequência, a ação a ser tomada) do
massacre que resultou em 56 mortes, decapitação e exposição nacional e
internacional de quem comanda os presídios no Brasil são as facções criminosas.
É cada vez mais evidente que Alexandre de Moraes não tem
condições de continuar à frente do Ministério da Justiça.
Em 21 de outubro, dois meses antes da chacina em Manaus, a
jornalista Cecília Olliveira escreveu um artigo para o site The InterceptBrasil, mostrando como a conivência (ou omissão) do ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes, com o crime organizado, facilitou a ação de facções como o
PCC e o Comando Vermelho (CV).
Uma guerra de territórios entre as duas organizações pode
ajudar a explicar os trágicos acontecimentos ocorridos no presídio de Manaus.
Moraes, imediatamente, correu à imprensa para dizer que o massacre nada tinha a
ver com a guerra entre facções. Imediatamente foi desmentido pelo secretário de
Segurança de Manaus.
A matéria do
Intercept deixa claro que há uma guerra em andamento.
“O ministro [Alexandre de Moraes] persiste no erro
comum de onde vem — e onde ganhou
experiência — e ignora, por exemplo, que o Ministério Público
de SP apurou que o conflito entre CV e PCC começou em 2015, quando presos do CV
em Roraima, Rondônia e Acre se aliaram à Família do Norte (FDN) e a outros
grupos rivais ao Comando da Capital. Segundo o MPE,
há cerca de 200 a 300 integrantes do CV espalhados em penitenciárias paulistas
dominadas pelo PCC.”.
Em outro trecho, divulga nota
do próprio PCC justificando a guerra.
...“O ‘salve’
encaminhado pelo PCC aos membros espalhados em presídios diz que o CV o
desrespeitou, matando pessoas ligadas ao grupo e se aliando à facções inimigas
no norte do país:
“A cerca de três (3) anos
buscamos um dialogo com a liderança do c.v nos estados, sempre visando a Paz e
a União do Crime no Brasil e o que recebemos em troca, foi irmão nosso
esfaqueado e Rondonia e nada ocorreu, ato de talaricagem por parte de um
integrante do cvrr e nenhum retorno, pai de um irmão nosso morto no Maranhão e
nem uma manifestação da liderança do cv em prol a resolver tais fatos.
Como se não bastasse, se
aliaram a inimigos nossos que agiram de tal covardia como o PGC que matou uma
cunhada e sua prima por ser parentes de PCC, matarão 1 menina de 14 anos só por
que fecahava com nós.”
O Ministério da Justiça sabia
da existência desse conflito, de suas ramificações com o grupo Família do
Norte, e de um plano para a ocorrência de uma rebelião no presídio – como afirmou
o próprio Moraes.
Há cada vez mais indícios de
que o massacre ocorrido em Manaus foi mais um episódio da guerra pelo comando
do crime em todo o país. Uma guerra que começa com as facções e ameaça toda a
sociedade, enquanto o ministro da Justiça continua a agir como advogado de
defesa de criminosos.
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