quarta-feira, 22 de julho de 2015

Petrobrás da Av Paulista atrasa entrada em três horas

Mais de mil pessoas participaram do ato
Tradicionalmente mais arredio às mobilizações sindicais, o Edifício sede da Petrobrás (Edisp), na Avenida Paulista, amanheceu com um cenário diferente na quarta, 22 de julho. O ato de atraso foi compreendido pela grande maioria dos trabalhadores, que tranquilamente aderiram ao movimento e aguardaram no saguão do edifício pelo recado dos diretores do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Unificado). "Sabemos que não é campanha salarial, mas é um movimento importante", afirmou A.F.L, que conversava com um grupo de amigos e se protegia da fria manhã paulistana. Mais de 1000 pessoas participaram do ato
Movimentos sociais, como o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), e sindicais, como a CUT e Apeoesp (sindicato dos professores de SP), entre outros, se juntaram à luta dos petroleiros e participaram da mobilização. A mobilização faz parte das manifestações que culminam na sexta-feira, 24, com a greve de 24 horas em todo o Sistema Petrobrás.

Gestão contra o Brasil
Cibele Vieira, coordenadora do Sindicato
Por volta das 9h30, diretores do Unificado deram início às falações. A coordenadora do Sindicato e trabalhadora do Edisp, Cibele Vieira, foi explícita ao afirmar que não se tratava de uma atividade da campanha reivindicatória. "Compreendemos que a luta mais importante neste momento é a da defesa da empresa como patrimônio público", disse, e alertou sobre os riscos do plano de negócios que está sendo edificado por esta nova gestão da empresa. Segundo Cibele, o corte previsto de investimentos e "otimização de recursos" chegam a mais 80 bilhões para os próximos anos, o que vai afetar profundamente a empresa e provocar milhares de demissões. "Apenas entre os terceirizados, são mais de 100 mil demissões, inclusive por isso pedimos hoje para os terceirizados ficarem aqui conosco neste ato".
Além dos empregos, a coordenadora do Unificado denunciou que os cortes atingem diretamente áreas de segurança, o que coloca em risco a integridade, a saúde e a vida dos trabalhadores e cobrou, da empresa e do governo alternativas. "Se o governo deu isenção de impostos para montadoras de automóveis, por que não pode fortalecer a Petrobrás, que é o braço do estado nas políticas econômicas e sociais?".
Por fim, Cibele alertou sobre os riscos de aprovação de leis que visam a prejudicar a Petrobrás e a exploração do pré-sal, como o PLS 131 (Projeto de Lei do Senado), de autoria de José Serra, que tira da Petrobrás a garantia de ser exploradora única do pré-sal. "Essa lei, se passar, significa que não será mais o Brasil que vai explorar seu petróleo e sim alguma empresa estrangeira, que irá retirar óleo bruto e depois revender para nós manufaturado. Se o Congresso derrubar a lei de partilha, a Educação e a Saúde irão perder bilhões em recursos" afirmou, e completou: "A gestão da Petrobrás hoje é contra o Brasil"!

Solidariedade   
Jacy Afosnso, da CUT
 O diretor da CUT e dirigente bancário, Jacy Afonso, denunciou que Aldemir Bendine aplicou a mesma visão de mercado quando estava à frente do Banco Brasil. "O Dida [Bendine] mudou até a missão do BB, quem entrar no site pode ler que o Banco do Brasil tem a missão de ser um banco de mercado com espírito público, é isso que ele quer fazer com a Petrobrás também", afirmou.
Jacy citou, ainda, interesses estrangeiros na exploração do petróleo brasileiro, principalmente dos EUA, e afirmou que a CUT é contra o ajuste fiscal proposto pelo governo, do qual a venda de ativos da Petrobrás faz parte, e cobrou que o governo oriente seus conselheiros do CA da Petrobrás sobre qual é a efetiva posição do governo em relação à empresa.
Dirigentes do Sindicato e de movimentos sociais
Dirigentes de outras entidades, como MAB, Apeoesp e Coletivo Juventude e Revolução, expressaram publicamente sua solidariedade à luta dos petroleiros. O diretor da Regional Mauá do Sindicato, Auzélio Alves, exortou a todos a participar da paralisação do dia 24, pois, segundo ele, "o desinvestimento será o caos para os trabalhadores e para o Brasil". O ato terminou com a fala do coordenador do Daesp (Departamento de Aposentados do Sindicato), Jairzinho, que reforçou a necessidade de união de todos os trabalhadores nesse árduo tempo que a classe enfrenta.  

Exposição e teatro

A exposição itinerante "A greve do fim do mundo", que conta a história da greve dos petroleiros de 32 dias em 1995, foi instalada no saguão do Edisp e está aberta a visitação de quem desejar. A exposição fica até a próxima semana. Nesta sexta, 24, como parte das mobilizações no Edisp ocorre a apresentação teatral baseada nos fatos da greve de 1995.  

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Maioriadade penal é rejeitada, mas...

Foto: Luiz Macedo / Câmara dos Deputados

Na madrugada da quarta-feira, 30 de junho, a Câmara dos Deputados rejeitou a proposta de maioridade penal. O PEC 171/93 (Proposta de emenda Constitucional) obteve 303 votos, quando o mínimo necessário eram 308. Foram 184 votos contra e 3 abstenções.
Setores progressistas comemoraram a derrota dos conservadores, mas essa batalha ainda não acabou. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quer retomar a votação. “A votação ainda está muito longe de acabar, foi uma etapa dela”, disse Cunha.
O resultado deve ser comemorado, mas sem festa, pelo contrário. Mais de 300 votos a favor de um frontal ataque à civilidade demonstra que as ideias progressistas caminham em um campo minado em Brasília.
Esse atual Congresso é reacionário e vai tentar acabar com as poucas conquistadas obtidas arduamente pela sociedade. Não há deputados democratas e de esquerda suficientes para barrar esse processo, quem tem que tomar a história nas mãos e mudar esse curso são os movimentos sociais organizados.