sexta-feira, 17 de abril de 2015

E se fosse com a Petrobrás?

Foto Paulo Whitaker/Reuters


O incêndio na Ultracargo, no Terminal de Alemoa, iniciado no dia 2 de abril, foi notícia em toda a imprensa mundial. Foram 197 horas ininterruptas de trabalho para conter as chamas que atingiam 80 metros de altura e que podiam ser vistas a 15 km de distância.
Entre as várias equipes de combate ao incêndio encontravam-se brigadistas  da Petrobrás e da Transpetro. A ajuda da estatal foi o resultado da necessidade do momento com grande articulação nacional.

O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), entrou em contato com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que ligou para o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine. Além dos brigadistas, a Petrobrás forneceu equipamentos e Líquido Gerador de Espuma (LGE).

A conduta corajosa de bombeiros e brigadistas foi praticamente ignorada pela grande mídia. O colunista do portal UOL, Josias de Souza, publicou no dia 5 de abril uma notícia sobre o tema. E pouco mais se falou.

Mas, cabe pensar. E se o acidente fosse com a Petrobrás? Quantos “josésserras” da vida ergueriam a voz para pedir a privatização da companhia? Quanto o fato seria explorado pela imprensa e associado a denúncias de corrupção? Quanto o Congresso usaria politicamente em CPI.

A Ultracargo foi protagonista do maior incêndio industrial do país, contido graças a uma grande operação que envolveu as esferas federal, estadual e municial; causou um desastre ambiental incalculável, prejuízos para vários setores da economia e a imprensa trata o caso com a mesma seriedade que o último desfile de Gisele Bündchen.

O jornal Primeira Mão, da FUP (Federação Única dos Petroleiros), relembra outros casos, como a explosão na plataforma da BW Offshore e o vazamento no Campo de Frade promovido pela Chevron. Nos três casos, nenhuma voz na mídia comercial se indignou pelo estrago que faz o lucro, as mazelas da terceirização e pediu que essas empresas fossem estatizadas em nome do bem da população.

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