segunda-feira, 29 de julho de 2013

MOUZAR BENEDITO LANÇA AS NOVAS AVENTURAS DE BILL FERRER DIA 6 DE AGOSTO


Os leilões de petróleo e a miséria do planeta



No dia 9 de maio a Terra atingiu a preocupante marca de 400 ppm (partícula por milhão) de CO2 atmosférico. A principal causa para essas emissões é a queima de combustíveis fósseis, como petróleo e gás. A cada 2 bilhões de toneladas de carbono fóssil queimados, acrescenta-se cerca de 1 ppm de CO2 na atmosfera, o equivalente a pouco mais de 15 bilhões de barris de petróleo. Parece muito, mas vamos avaliar esses números.
Apenas cinco dias após esse evento, em 14 de maio, o governo federal entregou para a iniciativa privada, por meio do famigerado 11º leilão das áreas de exploração, 289 blocos, que equivalem a 155,8 mil quilômetros quadrados de área distribuídos por 11 bacias, 166 delas no mar. Estima-se que a privataria abocanhou cerca de 30 bilhões de barris em um único dia. Isso significa, ao ser explorado de forma predatória, acrescentar 2 ppm de CO2 na atmosfera. Ao se chegar a 450 ppm, o planeta pode ter seu clima aumentado em até 2 graus centígrados, com risco de degelo da calota polar, extinção de espécies marinhas e terrestres, drásticas mudanças climáticas e desastres ambientais naturais.
Além dos aspectos da soberania energética do país, essencial para se pensar o Brasil do século 21, os leilões sinalizam que está se deixando para empresas com vasta folha corrida de crimes ambientais, como Chevron, BP, Exxon e Shell, e empresários íntegros como Eike Batista a responsabilidade de cuidar da saúde ambiental do planeta.
A Chevron é a causadora recente de dois grandes acidentes, no Brasil e no Equador (este comparado ao de Chernobyl). A Shell levou a morte e a destruição ao Delta do Niger, na África, e British Petroleum tem o nada honroso troféu de ter cometido o maior crime ambiental da história no Golfo do México.
O compromisso dessas empresas pode ser medido pela frase do Rex Tillerson, CEO da Exxon Mobil Corporation: “minha filosofia é ganhar dinheiro. E se for possível perfurar e ganhar dinheiro é isso que vou fazer”.
Os leilões de petróleo são uma agressão ao meio ambiente, representam a perda da capacidade do país administrar suas riquezas e estabelecer políticas macro, atacam os direitos trabalhistas, precarizam as condições de trabalho com terceirização sem qualquer controle e afetam a vida de populações e comunidades tradicionais, como as indígenas e as de pescadores.
O governo Dilma anuncia nova rodada de licitação para novembro. Barrar os leilões e lutar pela Petrobrás 100% pública e estatal não são compromissos apenas do movimento sindical ou dos trabalhadores da Petrobrás, é um dever de todo cidadão que não quer deixar para seus netos e gerações futuras um mundo devastado para que alguns milhares de bilionários se tornem ainda mais bilionários à custa da miséria do planeta.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Os arquivos da Petrobrás



Em fevereiro, a Petrobrás entregou à Comissão Nacional da Verdade mais de 400 rolos de microfilmes, além de microfichas e documentos textuais produzidos por uma divisão do Serviço Nacional de Informações (SNI), que funcionava dentro da empresa durante o regime militar. 
Mais do que esse período, a extinta Divin (Divisão de Investigação) atuou na empresa de 1962 a 1992, coletando informações sobre funcionários.
De acordo com edital publicado no dia 5 de julho no Diário Oficial da União, o acesso a essa documentação será liberado em 30 dias. A lista de documentos abrange pareceres e relatórios de investigação sobre empregados da empresa, relação de funcionários demitidos, prontuários, relatórios de comissão de sindicância e fichas de controle de investigação político-social, incluindo dados sobre vinculação partidária e situação econômica.
A coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso, confirmou, no dia 17, que a Comissão pretende exigir da Petrobrás e de outras empresas que apoiaram o regime militar o pagamento de indenização aos trabalhadores que foram perseguidos. 
As empresas criavam listas sujas de empregados “subversivos” e entregavam militantes políticos para os militares. Calcula-se que mais de cinco mil trabalhadores foram mortos pela ditadura, 350 sindicatos foram invadidos e mais de 6 mil sofreram intervenção militar. 
A ditadura foi uma operação arquitetada e financiada pelo governo dos Estados Unidos em conjunto com a elite conservadora brasileira e os militares. À imprensa (principalmente Globo, Estadão, Manchete e Folha) coube o papel sujo de enaltecer o golpe contra os “comunistas” que queriam dominar o país.  
Há casos famosos de colaboração fervorosa de empresários com o regime militar. Um deles era o então presidente da Ultragás, Henning Albert Boilesen, que além de financiar a Operação Bandeiras (Oban) trouxe dos Estados Unidos uma máquina de eletrochoque acionada por um teclado para a tortura de militantes políticos. 
É preciso conhecer a fundo qual foi a extensão da colaboração da Petrobrás e de seus ex-dirigentes com a ditadura dos generais, quais trabalhadores sofreram perseguição ou deixaram de ser promovidos por suas convicções políticas.
Recuperar essa história não é revanchismo como afirmam alguns setores militares, é buscar conhecer os porões de um dos piores períodos do país e exigir justiça para as vítimas, muitas que não sobreviveram para clamar por justiça e reparação.