quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O PIG não cansa de dar aula a Zé Serrote

A poucas horas do primeiro debate presidencial televisivo de 2010, pesquisa da CNT/Sensus aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff com 41,6% das intenções de voto contra 31,6% de seu oponente Serra. Sinal amarelo na campanha tucana, que sempre favorece aqueles desejosos de baixar o nível da campanha. O ex-governador paulista tem larga experiência em maniqueísmos eleitorais das mais variadas espécies.
O PIG, como não podia deixar de ser, se mostra atônito e põe mãos à obra para ajudar o companheiro tucano. Basta folhear a Folha de S.Paulo de hoje, 5 de agosto de 2010. No alto da segunda página, Clóvis Rossi vai direto ao ponto. Diz o articulista logo em seu lead (primeiro parágrafo): “A série de debates que começa hoje é, talvez, a única chance de José Serra reverter um quadro eleitoral que é claramente favorável a Dilma Rousseff”... e continua explicando professoralmente como deve agir o candidato da tucanalha e como utilizar o candidato do PSOL, Plínio Arruda, como franco atirador contra Dilma.
Logo abaixo, Eliane Cantanhedê, aquela da massa cheirosinha, não perde tempo com meias palavras em seu artigo “debater é preciso, mas...”: “Consta que José Serra pelo passado de prefeito, governador, deputado e senador, tem mais cancha e conteúdo...”. Na página A14 do mesmo caderno, outra colunista, Renata Lo Prete, sugere, sem disfarces, que Serra parta para a baixaria (seu artigo, não por acaso, se intitula “Em defesa do bate boca”). A mídia não cansa de tentar ensinar seu candidato.
Outras duas manchetes chamam a atenção do leitor. Na página 4, o destaque “Caos aéreo e segurança em SP são armas para debate”. Parece um título isento, certo? Errado. E se o mesmo editor escrevesse “Problema aéreo e caos na segurança de SP são armas para debate”? A insegurança crônica em São Paulo virou uma mera pasteurização, enquanto os transtornos da viação viram “caos”. Quatro páginas adiante, o jornal dos Frias apresenta uma manchete que poderia indicar a sua “isenção” jornalística. Diz o título: “Aliados de Dilma lideram pesquisas em 16 Estados, e os de Serra, em 11”. Entretanto, acima da manchete, com direito a foto, há destaque para uma frase do FHC criticando, óbvio, Dilma. Esse mesmo noticioso mostra FHC na Flip (Feira Literária de Paraty), mas omite fotos de manifestantes contra sua presença.
Sutilezas de uma imprensa sem qualquer sutileza.

Amarelaram Aldo
Gabeira, ícone da esquerda nos anos 1970, caiu, há muito, nos braços da Globo. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do projeto do novo Código Florestal, caiu nas boas graças do setor ruralista e, por tabela, na da revista Veja, a pior revista do Brasil.
A revista, notória inimiga do MST, da CUT e de tudo que é progressista e democrático no país, não economiza elogios à “serenidade” do comunista, que não colocou em risco os privilégios do agronegócio, pelo contrário, o projeto de Aldo perdoa dívidas de ruralistas e crimes ambientais de desmatamento que chegam a R$ 11 bilhões. Valor suficiente para construir e reformar todos os estádios da Copa do Mundo de 2014. Presentão para os ruralistas, hein “seo” Aldo, ou seria melhor tratar vossa excelência de coronézinho Aldo?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Música e política - o erudito russo


Para quem gosta de música erudita, vai uma boa dica da programação da Cultura FM (http://www2.tvcultura.com.br/radiofm/). Assim como as artes e a literatura, a música também sofreu influências do realismo socialista e do sonho de construção de uma pátria socialista. Segue o texto de abertura da página da TV Cultura na rede.

A música na União Soviética - Da revolução bolchevique ao fim do comunismo
Série escrita e apresentada por Marco Aurélio Scarpinella Bueno

Estreia dia 4 de agosto, quarta-feira, às 20 horas

Estréia em agosto a série semanal A música na União Soviética, que traz ao ouvinte da Cultura FM o resultado de uma longa pesquisa feita pelo médico Marco Aurélio Scarpinella Bueno, autor do livro Círculos de Influências - Da Revolução Bolchevique às gerações pós-Shostakovitch.

Composta de 22 episódios, a série apresenta um amplo painel da música russa do século 20, com gravações do acervo do autor, muitas delas pouco conhecidas do público.

No programa de estreia, Quando a experimentação foi permitida. O futurismo e o construtivismo. O primeiro episódio apresenta obras de Nikolái Rosláviets (“Sonata para violino e piano n. 1” e “Quarteto de cordas n. 3”) e Aleksandr Mossolóv (“Noites turcomenas”, “Assim foi temperado o aço” e as canções “Três esboços infantis” e “Quatro anúncios de jornal” ).

Ainda neste mês, o autor apresenta programas sobre o terror stalinista, o fim da sociedade para a música judaica e o realismo socialista – o otimista à toda prova, com peçcas de Shotstakóvitch, Svíridov e Khatchaturían.

Marco Aurélio Scarpinella Bueno é pneumologista e pesquisador musical. Autor dos livros Shnittke – Música para todos os tempos e Círculos de Influências - Da Revolução Bolchevique às gerações pós-Shostakovitch. É também co-autor de Condutas em emergências – volumes 1 e 2.