segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Fora Sarney!


Em 1986, José Sarney assumiu a presidência da República após a morte de Tancredo Neves, em um grande acordo das elites brasileiras para o país retornar a um governo civil sem rupturas com a ditadura imposta desde 1964. Sarney havia iniciado a vida política na UDN, passou para a Arena (partido da ditadura militar), que em 1979 se tornaria o PDS, e em 1984 entrou para o PMDB. Seu governo, de crises constantes, registrou os maiores índices de inflação do país.
Boa parte de seu governo foi de subserviência aos militares, que não queriam largar o osso. Sarney sentava na cadeira presidencial, mas a última palavra sobre os assuntos mais delicados cabia ao general Leônidas Pires, então ministro do Exército. Na capa da Veja de 1987 ele aparece com a missão de "conter o avanço das greves"; em uma foto montagem com tanques em frente de uma refinaria da Petrobrás. A revista portavoz do que de mais reacionário existe no país transmitia o recado dos militares.
Mais de vinte anos após sua desastrosa passagem pela presidência, se mantém no centro do poder e das decisões políticas do Brasil. Se aproximou de Lula após José Serra ter patrocinado dossiês contra sua filha, Roseana Sarney, tirando-a da disputa presidencial em 2002.
A vida do clã Sarney se confunde com a história de miséria e corrupção do Brasil. Do Maranhão, onde a família fez fortuna e influência política nacional, jorram denúncias contra Sarney pai, Sarney filha, seu marido Jorge Murad e todos os negócios obscuros que envolvem a família desde sempre.
As mais recentes denúncias que envolvem José Sarney, presidente do Senado, são apenas mais um capítulo da biografia desta triste e emblemática figura da política tupiniquim, que usa de influência política e decisões secretas até para empregar namorados de parentes.
Este não é um caso isolado, como arrogam alguns políticos, é a continuidade de uma mesma lógica que considera lícito meter a mão no que é público em benefício próprio.
Lula erra ao patrocinar uma operação de abava das denúncias contra Sarney em troca de apoio do PMDB. O apoio que o presidente precisa é do povo, que tem orgulho do passado operário e combativo de seu presidente, mas não vai dizer amém a todos seus atos.
As denúncias contra Sarney foram arquivadas momentaneamente, até o aparecimento de novas falcatruas. Investigá-las não é fazer o jogo tucano/dem, partidos que cerram em suas fileiras as mais deprimentes figuras da política nacional, também envolvidas até o bico em denúncias de corrupção e atos ilícitos.
A história cobra seu preço pelas decisões que tomamos. Fomos às ruas contra Sarney no passado e continuaremos até remover da política nacional esse tipo de figura que representa o que há de mais atrasado no Brasil. Fora Sarney!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Os números do livro no Brasil

Fonte: Câmara Brasileira do Livro

Elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP), por solicitação da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, o levantamento traz informações importantes para o mercado.
Veja a seguir os principais aspectos da Pesquisa:

O preço dos livros caiu: O preço médio constante do livro (todos os gêneros), por unidade vendida, variou de R$ 8,58 em 2004 para R$ 8 em 2008. Se levarmos em consideração que a inflação acumulada no período 2004/2008 foi de 14% (IPCA) ou de 21% (IGP-M), a queda do preço do produto editorial fica ainda mais evidente.

A produção total caiu em 3,17%. Foram 340,2 milhões de exemplares produzidos em 2008 contra 351,4 milhões em 2007.

Títulos em 1ª edição cresceram 4,46%: em 2007, foram 18.356; em 208, 19.174. Houve incremento de exemplares de 15,91%.

A tiragem média dos novos títulos cresceu 10,96% e foi de 6.785 exemplares em 2008 (em 2007, foram 6.115).

Cresceu o número de títulos reeditados: obras reeditadas (19,52%), 26.736 (2007) contra 31.955 (2008), o volume produzido dos títulos reeditados diminuiu 12,12%, variando de 239,1 milhões em 2007 contra 210,1 milhões em 2008.

A tiragem média de obras reeditadas caiu para 6.655 (2008) exemplares, contra 8.944 em 2007. A redução foi de 25,6%.

O subsegmento que apresentou maior crescimento em número de títulos editados foi o CTP (científicos, técnicos, profissionais). O aumento foi de 34,5%.

Exemplares Produzidos: Religiosos foi o subsegmento que mais cresceu em exemplares produzidos (21,8%). Os Didáticos tiveram a maior redução (17,82%).

O Mercado cresceu 6,56% em faturamento e 5,64% em exemplares vendidos, totalizando R$ 2,43 Bi pelas vendas de 211,5 milhões de exemplares.

Religiosos foi o subsegmento que mais cresceu em faturamento (13,54%) e em número de exemplares (15,75%). Isso significa R$ 321,2 milhões nas vendas de 50,2 milhões de exemplares, com preço médio de R$ 6,39 por exemplar.

Obras Gerais foi a categoria que menos cresceu em faturamento: apenas 2,56% perfazendo R$ 642,2 milhões.

Didáticos permanece com a maior fatia do faturamento (41,09%) e vendas (34,76%). No entanto em 2008, este foi o único subsegmento que teve redução na venda de exemplares, num total de 2,36%. Foram 73,5 milhões de exemplares vendidos em 2008 contra 75,3 milhões em 2007.

Governo: O faturamento junto ao Governo e seus diversos programas cresceu 19,61% em faturamento no período, a despeito da redução no número de exemplares adquiridos, da ordem de (-5,6%), na comparação com 2007. Foram R$ 869,3 milhões faturados pelas vendas de 121,7 milhões de exemplares.

Por programas governamentais: a) O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) continua a responder pela maior parcela nas compras governamentais (35% do faturamento e 49,4% dos exemplares) no total. Mesmo assim, teve uma redução de 45% no faturamento e número de exemplares adquiridos. O valor médio dos exemplares chegou a R$ 5,11 neste programa, contra R$ 5,08 em 2007; b) O crescimento mais expressivo ocorreu no Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), cujo faturamento teve incremento de expressivos 223,31% e o volume de 242,07%. E o preço médio dos exemplares de R$ 10,23 em 2007 caiu para R$ 9,67 por exemplar em 2008; c) O Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA) adquiriu 1,7 milhões de exemplares, totalizando R$ 11,8 milhões de faturamento. As vendas para outros órgãos do governo foram de 7,3 milhões de exemplares, ou R$ 76,5 milhões.

Faturamento Total: O faturamento total cresceu 9,71%, ao mesmo tempo em que o volume de exemplares vendidos cresceu apenas 1,24%. O Mercado continua sendo responsável pela maior fatia do bolo, embora tenha reduzido sua participação de 76% (2007) para 74% (2008). Ao Governo coube o maior incremento no faturamento (19,61%) e a maior redução em número de exemplares adquiridos (-5,6%).

Em faturamento, o maior crescimento ocorreu no subsegmento Religiosos, com incremento de 18,42% sobre 2007, chegando a R$ 323,4 milhões em 2008.

As Obras Gerais apresentaram o maior crescimento em volume de exemplares vendidos, 19,76%, saltando para 77,3 milhões de exemplares contra 64,6 milhões em 2007.

Os Didáticos representam 53,41% do faturamento total em 2008, num incremento de 6% em relação a 2007, porém com -8,98% menos exemplares.

Os CTPs cresceram 13,65%, faturando R$ 472,4 milhões em 2008.

Traduções: O número de títulos editados e exemplares traduzidos para o português cresceu 18,61%, enquanto o volume de exemplares teve incremento de 24,89%. Foram 3.981 títulos e 20,69 Milhões de exemplares.

O maior incremento vem do idioma Francês (42,96%), certamente em virtude das comemorações do ano da França no Brasil. Mas as publicações de idioma Inglês continuam sendo responsáveis pela maior fatia no bolo de obras traduzidas: 60% dos títulos e 52,89% dos exemplares vendidos.

Classificação Temática: Educação Básica continua sendo o tema de maior participação no bolo editorial e cresceu 29% no período. Ainda assim, o volume de exemplares decresceu em 2,52%.

Temas que se destacaram em crescimento de títulos: Literatura Juvenil (41,91%); Artes, lazer e desportos (31,98%); Ciências Sociais (31,69%); Tecnologia e Ciências Aplicadas (21,39%).

Canais de Comercialização: Em 2008, a pesquisa identifica o que pode ser o surgimento de um novo canal – as igrejas. Essas instituições venderam mais de 3 milhões de exemplares, 1,43% do mercado. Feiras de Livro, bibliotecas, bancas de jornais e porta a porta foram os canais que percentualmente mais evoluíram em vendas no período. As livrarias e distribuidores permanecem responsáveis por mais de 70% dos exemplares vendidos. O porta a porta já responde por mais de 13% desta venda.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ato contra bases estadunidenses na América do Sul mobiliza movimentos sociais no RJ

A manifestação que acontece nessa quinta, 6 de agosto, tem concentração marcada para às 16h, na Cinelândia

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)

A proposta de instalação de bases militares estadunidenses na Colômbia gerou revolta nos movimentos sociais do Rio de Janeiro. Como resposta a esse ataque à soberania dos povos organizou-se, para a tarde dessa quinta (6 de agosto), um ato contra o acordo Washington-Bogotá, que exige uma posição firme do governo brasileiro de contrariedade à proposta.O ato hoje vem com o mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir nesta quinta-feira, em Brasília, com o colega colombiano Álvaro Uribe para debater, entre outros temas, a negociação entre Colômbia e Estados Unidos para instalação de bases militares norte-americanas em solo colombiano. A previsão do Palácio do Planalto é que a reunião, marcada para as 15h, dure cerca de duas horas. Antes disso, Lula reunirá ministros e auxiliares para fazer uma reunião preparatória e deve discutir os aspectos de segurança e política internacional envolvidas no acordo no país vizinho.- Desde terça (4) chegaram representantes do Departamento de Estado dos EUA para amansar a posição brasileira. Além disso, quem atravessa a Baía de Guanabara viu, há navios de guerra americanos ancorados no porto. São navios da 4ª Frota, recentemente reativada para monitorar a costa atlântica. Isso acontece justamente quando já é sabida a participação do embaixador americano na articulação do golpe em Honduras em nome de grandes empresas estadunidenses – problematiza Carlos Bittencourt, um dos organizadores do movimento e integrante da direção estadual do PSOL.A concentração está prevista para às 16h, na Cinelândia. Às cinco da tarde, pontualmente, segundo a organização, o ato parte em direção ao Consulado dos EUA. Diversos movimentos sociais, entidades e partidos políticos assinam a convocatória do ato, como o MST, MTD, Sindipetro-RJ, Intersindical, Conlutas, UJC, Comitê de Solidariedade à Palestina, CMP, MTL, PSOL, PSTU e PCB.Entenda a questãoApós o governo de Rafael Correia do Equador iniciar o processo de fechamento da base militar americana de Manta em seu país, o governo dos EUA iniciou conversações com Uribe para instalar bases na Colômbia. Desde então, os países negociam um acordo pelo qual 800 militares e 600 civis estadunidenses serão deslocados para três bases aéreas no país sul-americano - Malambo, Palanquero e Apiay -, a justificativa é de essa atitude representaria um reforço nas operações contra o terrorismo e o tráfico de drogas. As negociações em curso entre Washington e Bogotá podem permitir que os Estados Unidos utilizem mais quatro bases militares na Colômbia, informou nesta terça-feira (4) o comandante das Forças Militares colombianas, o general Freddy Padilla."Seriam três bases aéreas às quais eles teriam acesso, mais duas do Exército e duas navais", disse o general a jornalistas durante conferência em Cartagena. Até agora, o governo do presidente Álvaro Uribe havia indicado que o acordo contemplava apenas o uso por parte das tropas americanas de três bases aéreas e que as demais estavam em estudo.Padilla, que está como ministro da Defesa interino, enumerou as sete bases. São as de Malambo, na província de Atlántico (norte); Palanquero, em Cundinamarca (centro) e Apiay, em Meta (centro). Das bases do Exército são as de Tolemaida, em Cundinamarca, e de Larandia, em Caquetá (sul). E das navais são as de Cartagena, em Bolívar (norte), e Bahía Málaga, no Valle del Cauca (centro-oeste).O general Douglas Fraser, chefe do comando sul do exército americano, que estava presente na renião de Cartagena, disse que "é importante esclarecer que ainda não existe nenhum tipo de acordo firmado". Ele recordou ainda que "já existem militares americanos que estão trabalhando em colaboração com a Colômbia. Isso tem sido feito de forma muito transparente e em coordenação com o Congresso dos Estados Unidos, e vai continuar assim", explicou.Reações distintas na América do SulO presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou na última segunda um giro pelos países da América do Sul. O objetivo do líder colombiano é explicar pessoalmente o alcance do acordo com os Estados Unidos. Os líderes do continente apresentam reações distintas. Uribe recebeu apoio do presidente peruano Alan García, mas críticas ao seu plano por parte do presidente boliviano, Evo Morales, no primeiro dia do giro, nessa terça. Na quarta, Enquanto Chile e Paraguai sinalizaram que o acordo é um assunto interno da Colômbia, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse, através de assessores, que os planos não contribuem "para a redução dos conflitos na América do Sul". Cristina afirmou ainda que o acordo entre Colômbia e Estados Unidos é "um elemento de perturbação" para a região.Nesta quinta-feira, o presidente colombiano reúne-se com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, antes de embarcar para o Brasil, para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.“Não me agrada mais uma base americana na Colômbia” diz LulaO governante brasileiro se posicionou contrário a tal ação, mas com ponderações: “Posso dizer que, para mim, não me agrada mais uma base americana na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o Uribe [Álvaro Uribe, presidente da Colômbia] desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu prefiro não dar palpites nas coisas dele”.Hugo Chávez anunciou várias medidas econômicas para protestar contra a instalação de sete bases norte-americanas na Colômbia e advertiu o Presidente norte-americano Barack Obama de que a presença militar dos Estados Unidos “pode causar uma guerra na América do Sul".Conflito entre Venezuela e Colômbia Como resposta ao acordo militar entre os EUA e a Côlombia, Chávez disse ainda que está prestes e estabelecer, no próximo mês, “um acordo importante de fornecimento de armamento” com a Rússia. “Será um conjunto de acordos, não só de armas, para aumentar a nossa capacidade operacional, os nossos sistemas defensivos e a nossa defesa antiaérea.”As relações entre a Venezuela e a Colômbia tornaram-se particularmente tensas no mês passado, depois de a Colômbia ter acusado a Venezuela de vender às FARC armas de fabrico sueco que foram encontradas em acampamentos dos guerrilheiros. Chávez mandou então regressar o embaixador em Bogotá, Gustavo Márquez, e substituiu importações da Colômbia por outras da Argentina e do Brasil, para além de qualificar como “irresponsáveis” as acusações do Governo colombiano.O facto de vários lança-rockets de fabrico sueco terem sido encontrados nas mãos das FARC foi justificado pela Venezuela com um roubo ocorrido em 1995. Chávez mostrou um relatório em que é referido que “cinco lança-rrockets AT4” foram roubados da base militar de Cararabo, adiantou a AFP, junto à fronteira com a Colômbia e num incidente que terá custado a vida 14 militares venezuelanos.O presidente Lula propôs na semana passada que os recentes conflitos entre Venezuela e Colômbia fossem discutidos na cúpula presidencial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que será realizada a partir do dia 10 de agosto em Quito, no Equador.