sexta-feira, 24 de julho de 2009

26 ANOS DA GREVE GERAL DE 1983


Quando petroleiros, metalúrgicos, bancários e metroviários, entre outras categorias, cruzaram os braços contra a tentativa do general de plantão, João Figueiredo, de impor um pacote econômico que cortava direitos trabalhistas, a resposta da ditadura foi intervir nos sindicatos. Em Paulínia e Mataripe (BA) 349 petroleiros (as) foram demitidos sumariamente e enfrentaram anos de luta para reaver seus direitos e empregos. A data era 5 de julho de 1983.
Duas semanas depois, a Comissão Nacional pró-CUT (a Central seria fundada em agosto daquele ano) convocava uma greve geral de 24 horas que exigia o fim dos pacotes econômicos do governo (nome que se dava para arrocho de salários e direitos), fim das intervenções nos sindicatos de petroleiros de Campinas, Bahia e dos metalúrgicos de São Bernardo entre outras diversas bandeiras de lutas, algumas ainda atuais como a redução da jornada de trabalho.
Naquele 21 de julho cerca de 3 milhões de trabalhadores de diversas categorias atenderam ao chamado e transformaram deram à quinta-feira a cara de domingo.
A ditadura militar não poupou borrachadas e repressão. Principalmente em São Paulo, maior foco da greve, ocorreram cerca de 800 prisões. A praça da matriz de São Bernardo virou um grande palco de combate com manifestantes respondendo com paus e pedras às bombas e cassetetes da Polícia Militar. Do alto das janelas muitas pessoas jogavam objetos nos policiais, enquanto o comércio fechava as portas tentando abrigar em suas portas estudantes e trabalhadores que fugiam dos cavalos e dos animais que neles montavam.
À noite, o Jornal Nacional tentava descaracterizar o movimento, dando a impressão de que a greve fora um fracasso, mas não havia como negar: a classe operária começava a deixar as páginas da sociologia e das estatísticas de morte para reivindicar seu papel de protagonista da história. Aquele 21 de julho foi mais um empurrão escada abaixo na ditadura militar.
Menos de um mês depois, nos antigos estúdios da companhia cinematográfica Vera Cruz, cerca de cinco mil trabalhadores de todo o país fundavam a Central Única dos Trabalhadores, impunham mais uma derrota ao regime militar e reafirmavam a condição de agentes vivos da história e das mudanças do país.

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