terça-feira, 30 de outubro de 2007

"Se os meios voltarem a ser de comunicação e não de oposição será ótimo", diz presidente eleita da Argentina


Reportagem do jornal argentino Página 12, desta terça-feira estampa matéria com a presidente eleita do país, Cristina Fernández, esposa do atual presidente Nestor Kirchner. Cristina diz que sua prioridade o “combate a pobreza e desocupação, educação, saúde, e todas as questões que tem a ver com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”. Leia os principais trechos da entrevista concedida a Joaquín Morales Sola. Tradução de Norian Segatto.

Relação com a oposição. Cristina criticou o fato de nenhum dos candidatos derrotados tenha telefonado para ela para felicitar-lhe. Disse ter recebido ligação apenas de Gabriela Michetti, vice chefe de governo e do ex-presidente Raul Alfonsín. “Os contatos e diálogos não podem vir somente do governo, devem ser iniciativas de ambos os lados, governo e oposição”.


Inflação. Considerou errado falar em “um fenômeno hiperiflacionário”, atribuindo a especulações pré-eleitorais. Assegurou que a inflação está na margem prevista, com uma estimativa de 12,6% para o próximo ano. Não mencionou o que pensa fazer para evitar a aceleração de preços, mas reiterou que irá adotar a metodologia estado-unidense para realizar as medições de preços [a oposição denuncia que os índices de inflação na Argentina estão sendo manipulados para mostrar uma inflação menor do que a que realmente ocorre].


Seguridade. “Não concebo a seguridade como um plano diferente do modelo econômico vigente”, afirmou, completando que “temos de sustentar um modelo de desenvolvimento social que permita que uma maior quantidade de pessoas tenha trabalho, melhor remunerado e não informal”.


Eleições. “Houve um reconhecimento, não a mim, mas à gestão do presidente Kirchner”, analisou, afirmando, no entanto, que também se sente parte do gestão de seu marido e relativizou o fato de sua votação ter sido menor nos grandes centros urbanos. “Não se pode tomar unicamente como centro urbano lugares como Córdoba, onde ficamos em segundo lugar. Mendoza é um centro urbano de classe média e lá ganhamos com grande margem de vantagem. Há classe média também na Grande Tucumán e ganhamos com folga lá.”

Relação com a imprensa. “Se os meios voltarem a ser de comunicação e não de oposição, será perfeito”, protestou contra os editoriais que não tem “o mesmo tratamento” com os opositores. “Nós somos interrogados enquanto os opositores são ouvidos”. Aconselhou os meios de comunicação a “revisar o que fazem, não por nós, mas porque dão ao leitor ou telespectador uma leitura diferente da realidade”.

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