“Fake News” (notícias falsas) é uma expressão nova, que
ganhou popularidade a partir da campanha presidencial estadunidense, que elegeu
Fake Trump. Contra essa corrente, que dissemina nas redes sociais qualquer
informação sem comprovação existe a tendência de se procurar a “mídia séria”
para se saber a verdade. Será?
De fato, a chamada mídia tradicional tem, ou deveria ter, o
compromisso de checar informações antes de publicá-la e procurar dar a versão
mais isenta possível. Coitado de quem acredita que isso ocorre no dia a dia das
redações.
Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, império de
comunicação que reinou por quase 60 anos no Brasil, descaradamente inventava
notícias para atacar seus oponentes. Com os Marinho, da Rede Globo, não é
diferente. É notório o caso de um famoso jornal paulistano, que já não existe,
cujo diretor de redação telefonava – geralmente em estado já alterado - a altas
horas para a redação para ditar a manchete do dia seguinte, pouco interessando
se ela condizia com a verdade da matéria. Nas eleições de 1982, circulavam
fotos de uma mansão no Morumbi atribuída a Lula, então candidato a governador
de São Paulo. Em 1989, na eleição presidencial, diversos veículos noticiaram
que o PT havia sequestrado o empresário Abílio Diniz. Não faltam exemplos de
quão “criteriosa” e “ética” é nossa mídia.
Com a possibilidade de qualquer pessoa ou grupo se tornar um
emissor de notícias e a rede fazer o papel de ventilador a espalhar por quatro
cantos do planeta, a primazia da mentira saiu dos grandes veículos de
comunicação e passou a ser prática cotidiana.
General de araque,
perigo verdadeiro
Uma das mais recentes é um áudio que circula por grupo de
whatsapp, em que um general Aureliano defende a intervenção militar, diz que
todo o Congresso é corrupto e que altas patentes do exército já se mobilizam para
concretizar o golpe militar. Mesmo tendo quase certeza de se tratar de mais um
fake, consultei a assessoria de imprensa do Exército, que informou não haver
nenhum general Aureliano em seus quadros. Se ele é um oficial reformado não
cabe à corporação ajuizar suas opiniões, mas nem nos quadros de aposentados
consta o tal general, informou a assessoria ao blog.
Em política existe o chamado “balão de ensaio” (outro termo
para o atual “fake”), ou seja, lança-se uma notícia para detectar a reação do
público ou de setores interessados. Por exemplo: o animador de plateia Luciano
Huck é um forte candidato a presidência... vamos ver se cola e qual é a reação
dos empresários, dos políticos tradicionais etc. Se não decolar, volta-se atrás
e vida que segue...
O mesmo raciocínio vale para o áudio do dito
general. Após a divulgação várias manifestações de apoio ao golpe surgiram como
forma “espontânea” da população. É uma maneira singular de ir criando um perigoso
caldo de cultura, mas é assim que o ovo da serpente se choca, bem embaixo de
nossos incautos narizes.
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