sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

SERRA SAI DO GOVERNO ALEGANDO PROBLEMAS DE SAÚDE. SERÁ?



O senador José Serra (PSDB-SP) comunicou por carta na quinta-feira (22.fev), sua saída do Ministério das Relações Exteriores. O motivo alegado foi problemas de saúde (ele passou no final do ano por uma cirurgia de coluna e queixava-se de dores e da dificuldade de fazer viagens constantes - que o cargo exige).

Argumento compreensível, principalmente de uma figura que raramente termina seus mandatos.

Conspirador de primeira linha, um dos artífices do golpe que levou Temer à cadeira da presidência, à primeira vista parece estranho que Serra simplesmente largasse a rapadura de ser governo para voltar à condição de senador, um entre 81.

À boca pequena, especulou-se em Brasília, logo após sua carta, quais seriam as verdadeiras motivações de Serra.


Vamos a algumas hipóteses:

1) Golpista juramentado, Serra se sentia alijado do núcleo central do poder, protagonizado pelo PMDB e grupos fisiológicos de várias representações da direita nacional. Ninguém duvida de que Serra sonhou em ser uma espécie de primeiro ministro deste governo e, se a conjuntura fosse favorável, dar um golpe dentro do golpe para se tornar ele, presidente. Mas como o diabo às vezes é surdo e não ouve as preces de seus pares, o plano não funcionou, Serra tem um papel secundário na formulação política pós golpe e, em caso de afastamento do núcleo de Temer, o PSDB já fechou questão em torno de FHC, botando novamente Serra pra escanteio.
Tolhido de suas pretensões, não há sentido em trabalhar para o governo que ajudou a colocar no poder.

2) O nome de Serra aparece nas delações da Lava Jato e, como ministro, as acusações podem ter mais visibilidade do que ele sendo senador – e nos dois casos mantêm o foro privilegiado, ou seja, não será incomodado por juízes menores e, sempre que precisar, pode contar com Gilmar Mendes e, agora, Alexandre de Moraes.

Com a saída de Serra, o governo golpista tem a histórica marca de perder um ministro a praticamente cada mês, mas, tudo bem, o PIG diz que não há crise.  

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