A demarcação das terras indígenas
enseja uma luta de décadas dos povos da floresta. Para eles, a terra é sinônimo
de sobrevivência no mais literal sentido da palavra.
Contra a posse de terras pelos
indígenas, os ruralistas contam com apoio de peso: muito dinheiro, influência
política no Congresso, com expre$$iva bancada ruralista, apoio midiático da
Veja, Globo e outros pigs, da atriz cafajeste Regina Duarte, que se tornou a
vaca sagrada dos ruralistas contra a demarcação das terras e de Gilmar Mendes,
sempre ele, ministro do STF pronto para conceder liminares e proferir sentenças
em favor dos proprietários de terra.
É essa combinação de ganância, poder
econômico e impunidade que se forma o caldo de violência no campo, como a que ocorreu
dia 14.jun.2016 em Caaparó (MS). Na manhã daquela terça-feira, índios Guarani e
Kaiowá, da reserva Dourados-Amambai Peguá, foram atacados por centenas de
jagunços. O agente de saúde, índio Kaiowá, Clodiodi Aquileu Rodrigues, de 23
anos, foi assassinado a tiros, nove indígenas foram encaminhados a hospitais
locais, entre eles uma criança de 12 anos atingida com um tiro no abdômen.
Relato
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) publicou em seu site o relato de um líder indígena sobre o conflito. Segundo o site, "o ataque foi uma resposta à retomada realizada pelos indígenas de Tey'i Kue na Fazenda Yvu, vizinha à reserva. Segundo ST (liderança indígena que teve medo de se identificar), no domingo, 12, um grupo de 100 famílias reocupou o território chamado de Tekiha Toropaso, onde incide a Fazenda Yvu. 'Quando chegamos lá não tinha ninguém na fazendo, só um funcionário que era indígena. Explicamos nossa luta e ele propôs ficar com nós", relata ST.
No dia seguinte, os indígenas receberam a Polícia Federal no local, acompanhada da Força Nacional, POlícia MIlitar e Polícia Civil, além de duas caminhonetes em que estavam, segundo a liderança, alguns fazendeiros da região.
Após a saída da polícia, um grupo de carros se aglomerou num ponto a cerca de três quilômetros do acampamento indígena, e os observou por cerca de quatro horas. Na terça-feira (14), por volta das sete da manhã, cerca de 200 carros se concentraram no local do dia anterior.
'Às sete da manhã começamos a avistar carro chegando...vinha mais de 200 carros. Fizeram uma divisão de dois grupos...do outro lado veio uma pá cavadeira e arrebentou a cerca e começaram a entrar no campo. Vieram atirando, atirando tiroteio feio mesmo, arma pesada. ..No meio do ataque o filho de nossa liderança caiu morto'."
No dia
seguinte ao massacre uma equipe de 53 homens da Força Nacional e 30 agentes da
Polícia Federal se dirigiram ao local.
No Congresso,
o senador João Capiberibe (PSB-AP) usou a tribuna para condenar o
massacre e acusar os produtores rurais da região pelo conflito. Na defesa dos
assassinos, o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), que compõe a bancada ruralista,
contra argumentou dizendo que um caminhão tentou romper uma barreira erguida
pelos índios e acabou atropelando um grupo. Só não explicou como esse “movimento
pacífico” resultou em morte a bala de um indígena e ferimentos em diversos
outros.
Veja no vídeo o início do conflito. É possível se ouvir diversos disparos de armas de fogo.
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