Clique aqui para conhecer o Observatório de Saúde Ambiental do Estado de São Paulo
O Brasil é o segundo
maior produtor de alimentos do mundo, atrás dos Estados Unidos, mas é o
primeiro em consumo de agrotóxicos. Na safra de 2013/2014 foram utilizados
cerca de 1 bilhão de litros, o que gera uma média de 5 litros de agrotóxicos
por habitante, de acordo com especialistas. Em 2014, o setor de agrotóxicos no movimentou
cerca de R$ 39 bilhões.
É uma indústria
forte, com poder de pressão nos legislativos e no Ministério da Agricultura.
Segundo o dr. em
saúde pública, Wanderlei Pignatti, da Universidade Federal do Mato Grosso, o
Brasil é o destino de diversos agrotóxicos que já estão há muito proibidos na
Europa e nos EUA. “Eles
(Europa e EUA) limitam o uso de agrotóxicos mais tóxicos. Aqui usamos
agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Europeia (UE), Estados Unidos
e Canadá. No Brasil, estamos tentando revisar o uso de 14 tipos há dois
anos e não conseguimos, porque dependemos do parecer do Ministério da
Agricultura, do Ministério do Meio Ambiente e o parecer do próprio sindicato
dos produtores”, afirmou à revista Galileu
Portal de saúde de São Paulo
No final de 2015, a
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, juntamente com o Cealag (Centro de
Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão) e outras entidades e parcerias (entre
elas a Editora Limiar) desenvolveu o Observatório de Saúde Ambiental,
um portal com informações detalhadas sobre consumo e agrotóxicos por cultura e
área plantada no Estado e suas consequências, como intoxicações, mortes e
tentativas de suicídio.
Segundo o portal, de 2000 a 2012
ocorreram no Estado de São Paulo mil mortes ocasionadas diretamente por
intoxicação por agrotóxicos. Deste total, 404 apenas na capital. Em sua
apresentação, o Portal avisa: “O impacto
ocasionado pelo uso e consumo de agrotóxicos diretamente na saúde são importantes,
mas muitas vezes não identificados, envolvendo principalmente grupos
específicos de pessoas. mas também todos os consumidores.
"Dados sobre o consumo são conhecidos desde o ano de 2008,
porém não disponibilizados de maneira sistemática sejam dados sobre uso e
consumo, sejam dados sobre impactos diretos na saúde pública. Não sabemos
quantas pessoas apresentam quadros agudos gerados pela exposição, nem quais
principais problemas crônicos afetam a população do estado e SP."
"Variados são os estudos e os dados, e é importante a
análise e disponibilização destas informações que se referem aos 'saberes
científicos', 'saberes populares', 'saberes oficiais e legais' dentre outros
para que toda população, em especial os serviços de vigilância em saúde, adotem
uma efetiva prática preventiva em saúde."
"Este Observatório, voltado principalmente para os
serviços de vigilância em saúde, foi construído com o intuito de aglutinar
informações referente ao uso, consumo de agrotóxicos no estado de São Paulo, ao
mesmo tempo em que são apresentadas principais análises epidemiológicas sobre
notificações no estado de SP nos bancos de dados sobre Internações
hospitalares, nascidos vivos, mortalidade, adoecimentos que possam estar
relacionados aos agrotóxicos conhecidos. Todas as informações podem ser
analisadas por municípios e/ou regiões do Estado de São Paulo. São
disponibilizadas ainda levantamentos bibliográficos sobre impactos na saúde e
agrotóxicos, visando uma reflexão dos envolvidos na área e fundamentação de
práticas em saúde coletiva”.
Pouca visibilidade
O Portal contém extensas tabelas, algumas de difícil
compreensão para quem não é da área, mas é um instrumento de fundamental
importância para que se avance na pesquisa e no detalhamento de como os
agrotóxicos influenciam na saúde das pessoas.
De maneira indireta, o Portal questiona diversas políticas
do governo do Estado, talvez por isso não tenha a divulgação e visibilidade que
faz jus a sua importância.
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