(editorial do jornal Petroleir@s 753)
Tanto o Brasil como a Argentina, os dois maiores países do continente sul, são alvos prediletos de predadores euro-estadunidenses. Nas décadas 1940/50, a população brasileira se mobilizou, foi às ruas, garantiu a criação da Petrobrás e o monopólio das reservas petrolíferas. Por este ideal de nação, muitos – como o trabalhador portuário Deoclécio Santana – deram sua vida.
Tanto o Brasil como a Argentina, os dois maiores países do continente sul, são alvos prediletos de predadores euro-estadunidenses. Nas décadas 1940/50, a população brasileira se mobilizou, foi às ruas, garantiu a criação da Petrobrás e o monopólio das reservas petrolíferas. Por este ideal de nação, muitos – como o trabalhador portuário Deoclécio Santana – deram sua vida.
Nos
desastrosos anos neoliberais, a trupe de FHC tentou privatizar o Brasil,
Petrobrás no pacote. Foram necessários 32 dias de ferrenha greve dos
petroleiros para amainar ímpetos tucanos; mesmo assim, o estrago de FHC sobre a
estatal brasileira foi enorme e, com muito custo, a FUP, sindicatos e
trabalhadores retomam ano após ano, direitos usurpados.
A
Argentina, no mesmo período, viu sua soberania se transformar em pó pelo
caricato e perigoso governo de Carlos Menen, que entregou tudo o que foi
possível, inclusive as reservas e empresas estratégicas de energia.
Em um ato
corajoso, a atual presidente Cristina Kirchner reestatizou a petrolífera YPF,
que se encontrava sob controle acionário da espanhola Repsol. A União Europeia
estuda retaliações.
É
equivocado discutir o conflito dentro dos limites das relações econômicas. A
economia é um meio para assegurar a soberania nacional e não moeda de troca no
mercado internacional de interesses e pressões.
Não é de
hoje que governos espanhóis arrotam arrogância contra suas colônias. Em 2002, o presidente espanhol José Maria
Aznar telefonou para o Eduardo Duhalde (que sucedeu Menen) e o pressionou a aceitar
as imposições do FMI, sob risco de represálias. Anos depois, o rei Juan Carlos
Zapatero mandou o presidente venezuelano, Hugo Chavez, se calar. As recentes
imagens de Zapatero caçando elefantes em Botsuana é a mais perversa parábola da
arrogância que tomou conta dos dirigentes europeus.
A expropriação de 51% das ações da Repsol na YPF
representa um ato de retomada de soberania do povo argentino e não deve
significar nenhum temor para a Petrobrás, que tem reduzido, ano a ano, seus
investimentos no país vizinho. Nos últimos três anos, a estatal brasileira
vendeu sua área de fertilizantes para a Bunge e se desfez da refinaria San
Lorenzo, e de 363 postos de serviços para o grupo Oil M&S A produção de
óleo e gás caiu de 140 mil barris por dia, em 2006, para 98 mil, em 2011.
Independentemente
da posição comercial da Petrobrás, o Brasil deve respeitar a decisão argentina
e os trabalhadores se solidarizarem com a luta do povo portenho por sua
soberania, seja nas Malvinas, seja na YPF.
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