Os grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo revelaram não apenas as ligações umbilicais entre o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e outros parlamentares com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, como a ativa cumplicidade da revista de maior circulação nacional, a Veja.
Os grampos mostraram as ligações incestuosas
do diretor da sucursal de Brasília da revista, Policarpo Jr., com o esquema de
corrupção, chantagem e negociatas de Carlinhos Cachoeira. A PF interceptou mais
de 200 ligações entre o chefe da Veja em Brasília e o bicheiro, que
despejava uma cachoeira de informações para a Veja fazer o jogo sujo.
O jornalista Luis Nassif explica como se
procede esse ménage do crime entre o senador, o bicheiro e a pior revista do
país:
“1. Havia um modus operandi claro. Cachoeira
elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder político. E
Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em
favor dos dois grupos.
2. Para Cachoeira [Demóstenes] fazia trabalho
de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.
3. Para a Veja fazia o trabalho de
avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.
Havia um ganho objetivo para todos os lados:
1. Cachoeira conseguia
afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público,
graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja.
2. A revista ganhava tiragem, impunha temor e
montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas
ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia
nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos,
anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha”.
Não é por acaso a capa da revista de 4 de
julho de 2007 estampa Demóstenes como um dos “mosqueteiros da ética”.
Panfleto de interesses
espúrios
Há menos de um ano, a
centenária publicação inglesa, The News of World, do empresário Ruppert
Murdoch, teve de fechar após escândalos que desvendaram sobre o trabalho de
apuração que incluía escutas ilegais e aquisição de informações com policiais
mediante pagamentos em dinheiro.
Ao longo dos anos, a Veja deixou de
lado qualquer missão de fazer jornalismo para se tornar um panfleto de
interesses espúrios, negociatas e lobbies. Todos que defendem a liberdade de
imprensa devem exigir uma profunda investigação entre as relações promíscuas da
revista com setores do poder político e do crime organizado – em muitos casos
difícil de detectar onde acaba um e começa outro.
Cachoeira,
Demóstenes e Veja armaram o mensalão, denuncia ex-prefeito
fonte:
http://brasil247.com/pt/247/poder/50208/%E2%80%9CCachoeira-e-Dem%C3%B3stenes-armaram-o-mensal%C3%A3o%E2%80%9D.htm
O mensalão, maior escândalo
político dos últimos anos, que pode ser julgado ainda este ano pelo Supremo
Tribunal Federal, acaba de receber novas luzes. Elas partem do empresário
Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, cidade natal do contraventor
Carlinhos Cachoeira e base eleitoral do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Estou convicto que Cachoeira e
Demóstenes fabricaram a primeira denúncia do mensalão”, disse o ex-prefeito em
entrevista ao blog 247.
Para quem não se lembra, trata-se
da fita em que um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, aparece recebendo
uma propina de R$ 5 mil dentro da estatal. A fita foi gravada pelo araponga
Jairo Martins e divulgada numa reportagem assinada pelo jornalista Policarpo
Júnior. Hoje, sabe-se que Jairo, além de fonte habitual da revista Veja, era
remunerado por Cachoeira – ambos estão presos pela Operação Monte Carlo. “O
Policarpo vivia lá na Vitapan”, disse Ernani de Paula.
O ingrediente novo na história é
a trama que unia três personagens: Cachoeira, Demóstenes e o próprio Ernani. No
início do governo Lula, em 2003, o senador Demóstenes era cotado para se tornar
Secretário Nacional de Segurança Pública. Teria apenas que mudar de partido,
ingressando no PMDB. “Eu era o maior interessado, porque minha ex-mulher se
tornaria senadora da República”, diz Ernani de Paula. Cachoeira também era um
entusiasta da ideia, porque pretendia nacionalizar o jogo no país – atividade
que já explorava livremente em Goiás.
Segundo o ex-prefeito, houve um
veto à indicação de Demóstenes. “Acho que partiu do Zé Dirceu”, diz o
ex-prefeito. A partir daí, segundo ele, o senador goiano e seu amigo Carlos
Cachoeira começaram a articular o troco.
O primeiro disparo foi a fita que
derrubou Waldomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu, da Casa Civil. A fita também
foi gravada por Cachoeira. O segundo, muito mais forte, foi a fita dos
Correios, na reportagem de Policarpo Júnior, que desencadeou todo o enredo do
mensalão, em 2005.
A Veja adotou um dos lados
da briga, e, em conluio com a rede Globo e com José Serra estampou em rede
nacional o que seria a arma final para desestabilizar o governo Lula.
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