terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Isso você não lê na Veja nem vê na Globo: ANVISA APREENDE 1 MILHÃO DE QUILOS DE AGROTÓXICOS NA SYNGENTA. E A EMPRESA RECEBE PRÊMIO DA MÍDIA

Syngenta é homenageada pela Época uma semana antes de ter 1 milhão de quilos de agrotóxico adulterado apreendido pela Anvisa




Durante o 10º Fórum Social Mundial, ocorrido em Porto Alegre, de 24 a 29 de janeiro, o MST realizou um ato na Assembleia Legislativa em repúdio à criminalização dos movimentos sociais. O mote concreto desta vez foi a prisão de nove pessoas em Iaras (interior de São Paulo) acusadas de participar da ocupação da fazenda da Cutrale – aquela que a Globo não cansou de mostrar um trator passando por cima de pés de laranja.
No evento, que lotou o plenarinho da Alers, o líder sem terra João Pedro Stédile comentou sobre a apreensão feita pela Anvisa (Agência de Vilância Sanitária) e Polícia Federal na fábrica da Syngenta, em Paulínia (SP), dois meses antes: em 21 de outubro de 2009, a agência governamental, motivada pela denúncia de um funcionário da Syngena, apreendeu 150 mil litros do agrotóxico Priori Xtra adulterado.
A maior produtora de agrotóxicos do mundo já havia sido autuada no início desse mesmo outubro, quando a Anvisa interditou cerca de 1 milhão de quilos de agrotóxicos com irregularidades e adulterações . “Após três dias nas instalações da maior empresa em vendas de agrotóxicos no Brasil e no mundo no ano de 2008, a equipe da Anvisa encontrou várias irregularidades na importação, produção e comércio de produtos agrotóxicos. A ação contou com apoio da Polícia Federal. Do total de produtos interditados, 600 mil kg correspondiam a agrotóxicos e componentes com datas de fabricação e de validade adulteradas. A empresa também foi autuada por destruição total das etiquetas de identificação de lote, data de fabricação e de validade do agrotóxico Flumetralin Técnico Syngenta, igualmente interditado. Vários lotes do mesmo produto também foram interditados por apresentarem certificado de controle de impurezas sem assinatura, data da sua realização ou com data de realização anterior à produção do lote analisado. O controle de impurezas toxicologicamente relevante no Flumetralin Técnico é obrigatório uma vez que tais impurezas são reconhecidamente carcinogênicas e capazes de provocar desregulação hormonal”, diz a nota emitida pela Agência Sanitária (http://www.anvisa.gov.br/DIVULGA/noticias/2009/051009.htm).

Omissão e desvario
Caro leitor, leitora: seiscentos mil quilos de um produto cancerígeno e que provoca desregulação hormonal são apreendidos pela Polícia Federal e a maior revista do país e a maior rede de televisão do país não publicam uma linha? É, no mínimo, para coçar os piolhos da cabeça e imaginar que tem algo errado, muito errado com a mídia.
Resolvi fazer uma breve pesquisa e entrei no sítio da Veja, a pior revista do Brasil. Na barra de busca pesquisei a palavra “Syngenta” (que Stédile se refere como nojenta, rima boa). Surgiram 55 referências, a maioria assinada pelo escroto Reinaldo Azevedo, aquele pseudo jornalista que chama Chê Guevara de “porco fedorento”. E o que diziam, em resumo, os posts desta besta: defendiam a fábrica da Syngenta do Paraná, cujas milícias participaram do assassinato do militante sem terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno, em 21 de outubro de 2007. Nada mais natural para um representante da direita carcomida como Azevedo.
Próxima pesquisa: a palavra “MST”. Surgiram nas páginas de Veja 32.064 citações e 24 capas – não precisei perder o tempo lendo para saber que em nenhuma matéria se encontraria jornalismo e sim pregação ideológica a favor do latifúndio.


Prêmio para quem mata
A multinacional suíça contrata capangas armados, adultera milhões de litros de agrotóxico, que irão ser utilizados nas plantações de frutas e legumes que você e seus filhos consumirão (e anos depois em algum velório alguém vai comentar “nem fumava e morreu de câncer”), nenhum diretor da empresa é preso ou processado, e qual é a atitude da mídia comercial? Dar um prêmio a esta empresa, claro!
Foi exatamente isso que as Organizações Globo, por meio da revista Época fez no dia 28/09/2009, uma semana antes da enorme apreensão de agrotóxicos. A Syngenta foi homenageada pelo Prêmio Época de Mudanças Climáticas 2009. Lindo, né? E, com certeza, a empresa sabe recompensar seus diletos amigos da mídia.

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