quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Sobre livros didáticos e as verdades da imprensa


Nos últimos dias a mídia descobriu um novo vilão que perturba a excelente formação de nossos jovens estudantes: livros didáticos que contêm “pregação ideológica” socialista, tendo a Rede Globo como ponta de lança dessa nova campanha, muito através de artigos do jornalista Ali Kamel nas páginas do jornal o Globo. Outros, como Carlos Alberto Sardenberg, apresentador da rádio CBN e comentarista do Jornal da Globo, fazem eco para prevenir a sociedade sobre a “ideologização” dos livros didáticos e exigem mudanças nos critérios de seleção e retirada de tais “propagandistas do demônio” das salas de aula.
Ou seja, em nome da liberdade de mercado querem que o Estado cumpra o papel de inquisitor e censure os livros.
A gênese dessa polêmica é o livro “Nova história crítica”. É a velha e conhecida história: as elites até aceitam um operário bonzinho no governo, mas ficam vermelhos de raiva (ops, “vermelho” não pode) quando se disputa ideologicamente o poder.
O atual processo de seleção dos livros didáticos, criado, aliás, no governo Fernando Henrique, rompeu com poderosos lobbies e esquemas de corrupção que editoras faziam pelos corredores do Ministério da Educação. A impessoalidade e pulverização no processo de escolha romperam com essa prática, para desgosto de vários editores e políticos.
É claro que esse sistema de escolha de livros contém falhas, que devem ser solucionadas, mas não é disso que se trata a grita da imprensa burguesa. Cabe perguntar por que esses arautos da educação “sem ideologia” não esbravejam quando livros apresentam os assassinos bandeirantes como heróis, ou os jesuítas como catequizadores dos índios, ou tratam o golpe militar como “revolução”. Não, para absurdos e ideologia dominante travestida de história, nem uma palavra dos moralistas de plantão.

Proposta
Faço aqui, publicamente, uma proposta ao senhor Ali Kamel, às organizações Globo e demais veículos da mídia: vamos retirar o livro “Nova história crítica” de circulação, até queimá-lo em praça pública se ajudar ao orgasmo dos senhores, mas vamos, também, retirar de circulação toda edição de qualquer jornal que contenha mentiras, manipulação de informações, defesa de grupos financeiros contra os interesses da maioria da população, defesa da propriedade privada como conceito moral, erros históricos e todo tipo de orientação capitalista, visto ser a “orientação socialista” o alvo dos ataques desses setores da mídia. Vocês topam?


(charge de Bira Dantas)

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