quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Gestão tucana em São Paulo reduz poder de órgão que investiga corrupção



Doria e Covas, dupla tucana que enfraqueceu órgão de
investigação municipal criado na gestão Fernando Haddad



Criada na gestão Fernando Haddad, em 2013, a Controladoria Geral do Município já ajudou a recuperar mais de R$ 300 milhões em casos de corrupção e economizar R$ 58 milhões em processos licitatórios. Foi a partir da investigação da CGM que foi descoberta a Máfia do ISS, um dos maiores escândalos recentes da administração municipal paulistana.


No entanto, apesar de números positivos no combate à corrupção, o órgão vem sofrendo constantes ataques da gestão tucana. Em 2016, na administração Doria, a CGM perdeu o status de secretaria e se tornou subordinada à pasta de Negócios Jurídicos. Na época, argumentos pouco convincentes, como tornar o órgão “mais ágil”, e “corte de gastos” foram utilizados para justificar o que foi considerado por especialistas cerceamento das atividades de investigação e combate à corrupção.

Gustavo Ungaro, tucano
para investigar o tucanato
O sucessor de Doria, Bruno Covas, foi mais longe no cerco tucano ao órgão. Em abril, exonerou o então controlador geral Paulo Guilherme Mendes e colocou em seu lugar Gustavo Ungaro, filiado ao PSDB.

Agora, em nova investida, em ago.2018, o líder do governo municipal, vereador João Jorge (PSDB), incluiu no projeto de reforma administrativa um artigo que estabelece que os relatórios, recomendações e encaminhamentos da CGM devem ser convalidados pelo secretário da pasta que estiver sendo investigada. Para o promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Roberto Bodini, “isso denota um controle por parte do executivo em relação ao órgão que serve para controlar; ou o órgão de controle tem independência e liberdade para agir nas apurações das irregularidades ou está fadado ao insucesso”, declarou à rádio CBN.

O prefeito Bruno Covas acenou que poderá vetar o artigo, mas, para aliados, afirmou ser favorável à mudança que enfraquece o órgão de investigação. Cabe perguntar que interesse tem o tucanato em deixar a Controladoria Geral do Município sob suas plumas e limitar seu poder de investigação?

ATUALIZAÇÃO:
Dias após essas denúncias virem a público neste e em outros locais, o prefeito Bruno Covas vetou os artigos que enfraquecia a Controladoria. 

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