sexta-feira, 13 de maio de 2016

TEMER /ITAMAR FRANCO : HÁ COMPARAÇÃO?

Temer, Quércia e Itamar: dois falecidos e um defunto político



Vamos começar pelo óbvio: ambos eram do PMDB, vice-presidentes alçados à condição de governantes máximos da nação após o impedimento dos titulares. Itamar, vice de Fernando Collor; Temer, de Dilma Rousseff.


Itamar

Em ambos os momentos o país vivia uma crise política e econômica, mas de características bastante diferentes. Collor foi eleito - com os auspícios da Rede Globo - como o salvador de um país falido, a inflação em 1989 atingiu o acumulado anual de 1.764,83%. Isso mesmo, mil e setecentos por cento! Eleito, decretou o confisco da poupança e uma série de iniciativas antipopulares que, ao cabo de alguns meses, levaram o país à recessão. A inflação ao final de 1991 acumulou o índice de 480,2% (uso a inflação como um símbolo, pois há outros indicadores econômicos/conjunturais para se comparar os dois períodos).  

Em meio às extravagâncias do político playboy de Alagoas acumularam-se denúncias de corrupção envolvendo o núcleo mais próximo de seu governo, entre eles seu tesoureiro, PC Farias, misteriosamente assassinado tempos depois.

Collor sofreu impeachment praticamente sem qualquer manifestação popular a seu favor. Quando de sua saída houve festa em todo o país, sem discurso, sem apoio, pegou um helicóptero e saiu da cena política por oito anos.

Durante todo o período de sua queda, o vice, Itamar Franco, manteve-se à sombra, sem qualquer indício de conspiração. Seu governo foi marcado pela início da estabilidade econômica, mas, mesmo assim, a inflação não deu trégua e terminou 1993 com o estratosférico índice anual de 2.780,6%.

Itamar acumulou casos folclóricos, como o de tentar ressuscitar o fusquinha e de uma hilária passagem pelo carnaval carioca, quando chamou para lhe acompanhar a candidata a vedete Lilian Cabral, que estava sem calcinha e sem qualquer pudor.

O homem forte do governo Itamar Franco atendia pelo nome de Fernando Henrique Cardoso, pessoa a quem Itamar guardou mágoa até o final de seus dias pela traição que diz ter sofrido do companheiro, que lhe roubou a paternidade do Plano Real.

Michel "Sinistro" Temer

Vice de Dilma, com trajetória política bem menos brilhante que Itamar (que foi governador de Minas e senador), Temer assumiu um país com inflação de 10,67% (alta), programas sociais ativos, que tiraram mais de 40 milhões de pessoas da miséria absoluta e com um estoque de petróleo na camada do pré-sal de fazer o mundo se coçar de inveja.

Desde a primeira oportunidade conspirou contra a presidente eleita, maquinou nas sombras, choramingou em público com cartinhas adolescentes. Assumiu com o povo na rua gritando o nome de Dilma, enquanto os apoiadores do golpe timidamente comemoravam, à exceção, talvez, dos altos andares da Fiesp e de algum adolescente nipo descendente maquete de fascista.  

Um governo que começa com cara de velho, com cheiro de mofo e com ameaça de retirar o que o povo conquistou para reverter ao lucro dos que sempre lucraram.

Não há semelhança de situação, o Brasil de 2016 não é o mesmo de 1992. Há um partido que sempre se ancorou no poder, e há coincidências entre ambos os vices, como gostar de novinhas. Resta saber quem será o Brutus de Temer, assim como FHC foi de Itamar Franco. 



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