terça-feira, 30 de março de 2010

Pior do que os gringos que querem nos comprar, são os brasileiros entreguistas, que querem nos vender


Ato na Assembleia Legislativa de São Paulo reúne dezenas de entidades e destaca a importância de unidade da luta para barrar os leilões de petróleo e aprovar uma nova lei energética no país.


São Paulo, cidade com mais de 5 milhões de automóveis, deficiente estrutura viária e chuva torrencial no começo da noite de segunda-feira de 29 de março. Esta combinação fez com que um trajeto de dois quilômetros levasse 50 minutos para ser percorrido. A lógica seria que o ato marcado para ocorrer naquele começo de noite fosse adiado, cancelado, ou, simplesmente, um fiasco. Nada disso! Mais de 400 pessoas lotaram o auditório Franco Montoro, da Assembleia Legislativa de São Paulo aos gritos de “o petróleo tem que ser nosso”, “Petrobrás 100% pública e estatal” e outras palavras de ordem e cânticos nacionalistas.
O ato, convocado pelo Comitê Estadual de Defesa do Petróleo pela Soberania Nacional, contou com a participação de do movimento sindical (CUT, CGTB e sindicato dos petroleiros entre outros), partidos políticos (PT, PPL), movimentos sociais, como o MST e o movimento de moradia, e estudantes da UNE e do movimento secundarista. A coordenação da mesa coube ao petroleiro e ex-dirigente da CUT Nacional, Antonio Carlos Spis.


Uníssono pela soberania


O coordenador da FUP, João Antonio de Moraes, explicou o projeto de lei dos movimentos populares que se encontra no Congresso e se contrapõe em aspectos fundamentais com o apresentado pelo governo. O projeto dos trabalhadores estabelece o fim dos leilões de petróleo, Petrobrás 100% pública e estatal e criação do Fundo Soberano com controle social entre outros pontos. “A caligrafia é da FUP, mas o projeto é do conjunto dos movimentos sociais”, afirmou Moraes, ressaltando o caráter unitário da luta.
Coube ao petroleiro aposentado Alberto Souza fazer uma homenagem aos heróis do passado, que foram presos, torturados e deram suas vidas pela luta da criação da Petrobrás nos anos 1950. “Merece menção, também, o General Leônidas Cardoso, nacionalista, e pai do grande traidor da pátria, que é esse Fernando Henrique Cardoso”, destacou Alberto.
Em nome dos estudantes, Gabriel Cruz, da UNE, e Ana Letícia, da União Estadual dos Estudantes, relembraram que os estudantes estiveram na frente da batalha nos anos 1940 e 50 e que estão nesta luta atual. “Nossa bandeira é que 50% do pré-sal seja investido em Educação”, afirmou Cruz, destacando a bandeira que a UNE defende.
Danieli, jovem militante do Movimento Sem Teto, chamou a atenção para a necessidade de conscientizar melhor a população sobre a importância do pré-sal. “não podemos abaixar a cabeça, é nóis na luta”, finalizou.
Em nome do Partido Pátria Livre, agremiação que busca seu registro legal, Miguel Maruso destacou que o pré-sal significa um novo modelo de desenvolvimento para São Paulo. Só na Bacia de Tupi, no litoral paulista, a Petrobrás irá criar mais de 40 mil empregos diretos, serão utilizadas centenas de pequenas embarcações de apoio, que podem ser construídas em nosso Estado, o pré-sal é um novo marco econômico para São Paulo”, disse, alertando sobre a tentativa dos conservadores e da mídia de mirar o foco do pré-sal apenas no debate sobre os royalties. “Estão querendo jogar brasileiros contra brasileiros, não podemos aceitar esse jogo”, afirmou.
Tanto o representante da CGTB como da CUT, enfatizaram a necessidade da luta pelo fim dos leilões e da necessária unidade do movimento popular e sindical. “Não podemos esquecer que 30% do pré-sal já estão leiloados”, disse Joaozinho, da direção estadual da CUT.
O representante do MST afirmou que o país é um “imã de bomba”. “Invadiram o Iraque por conta do petróleo, aqui no Brasil temos as maiores reservas de água do planeta, terra da melhor qualidade para produzir alimentos, riquezas naturais abundantes como o petróleo, o Brasil é um imã de bombas”. Destacou, ainda, que a luta principal não será travada no Congresso, mas nas ruas. “É importante pressionarmos no Congresso, mas nosso campo de batalha é nas ruas”.
A cada nova falação, estudantes puxavam palavras de ordem e bordões pela soberania nacional.
Falando em nome do Partido dos Trabalhadores, o deputado José Américo reconheceu a timidez do PT nesta luta. “Meu partido ainda deixa a desejar neste debate”, confessou.
Às 22h, horário determinado para o encerramento das atividades, o auditório permanecia com bom público ouvindo os oradores. O coordenador do Sindipetro Unificado, Itamar Sanches, um dos últimos oradores, enfatizou a necessidade de maior mobilização e atos para pressionar os parlamentares e envolver mais camadas da população.
“Queremos organiza em conjunto com as várias entidades do movimento popular, social, estudantil e sindical um grande ato em Brasília, de preferência em maio, para pressionarmos os congressistas e continuarmos com nossa campanha na rua”, explicou ao final do evento, Antonio Carlos Spis.

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